Lupas (799)

Jackson parece dobrar a aposta em tudo que deu errado no primeiro longa: o vazio da trama causado pela divisão do livro em três partes, o ritmo tropego e a falta de densidade narrativa - algo inimaginável na primeira trilogia. Nem divertido consegue ser.

É divertidíssimo acompanhar as idas e vindas do roteiro minucioso de McDonagh, cheio de boas sacadas e metalinguagem afiada, ainda que por vezes peque pela irregularidade e algumas "barrigas". Ainda assim, genial à sua própria maneira.

Boa parte de seu sucesso está na competência do elenco, especialmente Dira Paes e Cássia Kiss, que conseguem segurar um roteiro que pouco aprofunda em todos os sentimentos e digressões que tenta propor. Razoável.

Devastador em sua essência e realização. Talvez seja o trabalho que melhor resuma o trabalho de Bergman, o grande construtor de enigmas psicológicos e desconstrutor da personalidade humana. E o melhor de seus roteiros.

O elenco sustenta bem, ainda que em alguns momentos esse grande fluxo emocional que constrói "Closer" não se traduza em grandes momentos. No final, é um roteiro circular sobre o amor moderno que nem sempre funciona, mas tem seu charme.

McQueen, desde a origem, é um mestre na abordagem da visceralidade da dor, da violência e daquilo que nos faz humanos. Sua capacidade na utilização de silêncios, longos diálogos e concepções visuais assustam, assim como a força do trabalho de Fassbender.

Além de todo o alvoroço em cima de seus bastidores, "Todo o Dinheiro do Mundo" se revela um eficiente thriller de Scott, mesmo que ainda não se possa dizer que o diretor tenha voltado à forma. Williams está sensacional e Plummer faz muito com pouco.

O olhar especial de Baker sobre a população marginalizada agora alcança um novo panorama da simbólica cidade de Orlando em mais uma pancada em cima do sonho americano. Mesmo que não seja propriamente um grande filme, cumpre bem seu propósito.

Ainda que levante certas discussões morais interessantes, se perde dentro de seu estilo modernoso opaco, que na maior parte do tempo não se traduz em tensão ou reflexão. No fim, é só mais uma tentativa falha de traduzir a geração atual para as telas.

Já vale muito pelo embate De Niro x Pacino, mas é muito mais do que isso. Michael Mann conduz as sequências de ação com o brilhantismo que lhe é peculiar sem deixar de lado o desenvolvimento de um pungente retrato de violência.

A jornada e a personalidade de sua protagonista são suficientemente interessantes para sustentar seus episódios 97 minutos, mas é aquele tipo de filme que uma semana depois da sessão já sumiu totalmente da memória.

Coloca no liquidificador algumas referências do suspense/terror para construir um todo razoavelmente individual e certamente divertido. E divertido por não maneirar nas doses crescentemente cavalares de loucura e profundidade psicológica.