Lupas (71)
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Boa análise do que o colonialismo europeu fez com a cultura e o sujeito africanos, bem numa direção do que Fanon estava fazendo na mesma época. "O sujeito é esse homem negro mutilado de sua cultura. Seu trabalho não tem mais prolongamentos espirituais ou sociais, ele não trabalha sobre nada, ele não leva a nada, a não ser um salário irrisório. Compramos o seu trabalho e degradamos o seu trabalho, compramos sua arte e degradamos sua arte. A dança religiosa se torna espetáculo". Fundamental!
Vander Vieira | Em 22 de Abril de 2025.
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Caos cinematográfico, retrato do absurdo, ritmo alucinante, trilha sonora ímpar. Tem uns momentos nonsenses até o talo, mas é um filme genial em diversas passagens. TRIMMM TRIMMMM TRIMMMM!!!
Vander Vieira | Em 09 de Março de 2025.
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Poderoso e desolador, que achado! O conflito entre a mentalidade colonial e indígenas que sangram mas não abaixam a cabeça, que se sublevam pra defender sua autodeterminação e sua sobrevivência. Toda a coragem del pueblo. Filmaço!
Vander Vieira | Em 25 de Fevereiro de 2025.
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Se Mortu Nega já tinha pegado forte, aqui o Flora foi ainda além. Filme maravilhoso! Sensível, sério, apesar de leve, trazendo à tona as dicotomias de uma nação recém liberta mas que ainda sangrava (sangra) com as marcas do seu passado colonial, que aliena uns, inspira outros e enlouquece alguns. Yonta é linda demais, não surpreende que seja musa do bonito poema que nomeia o filme.
Vander Vieira | Em 11 de Fevereiro de 2025.
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Um Bergman à brasileira, sem dever nada pros filmes do mestre sueco.
Vander Vieira | Em 07 de Fevereiro de 2025.
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Últimos respiros de uma forma de vida comunitária e coletiva que é cada vez mais rara, salvo excessões de alguns territórios quilombolas, indígenas e de certos povos africanos e asiáticos. De resto, o ocidente e o capitalismo não conseguem enxergar um "nós", apenas o "eu".
Vander Vieira | Em 07 de Fevereiro de 2025.
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"Eu sou Diminga, da geração do sofrimento". Filme poderoso, do tamanho da importância do momento histórico que narra. Cabia ter abordado mais a figura de Amilcar Cabral, fundamental para toda a revolução guineense, apesar de lembra-lo em momento emocionante.
Vander Vieira | Em 07 de Fevereiro de 2025.
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Khouri consegue a proeza de um filme sobre 3 prostitutas que se sustenta sem apelar pra seus corpos e pra cenas de sexo, mas sim pelo protagonismo das personagens com sua coragem, ambição e fragilidades. Os closes, repetidos e fragmentados, nos rostos das atrizes é um ponto forte. Podia ter dado um espaço maior para a personagem de Norma Bengell, essa joia maior do nosso cinema.
Vander Vieira | Em 06 de Fevereiro de 2025.
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Bonito e difícil de assistir. Crueldade humana exposta em cada pedaço da história, com ecos de "Vá e veja" e "O pássaro pintado" (ainda que de forma menos poderosa e menos pesada), e reverberando em toda a sociedade no discurso de Dagmar.
Vander Vieira | Em 28 de Janeiro de 2025.
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Assim, tá bem que isso é cinema e não literatura, mas o que o Arraes faz aqui é criminoso. Mudar o sertão pra cidade não é apenas "escolha criativa", o sertão é "O" personagem do livro, é o que faz tudo ter sentido, não apenas fundo pra história. A escolha do elenco é péssima (diadorim não podia ser uma atriz/ator conhecido) e as atuações duvidosas, as cenas de ação são risíveis e só se salva alguns trechos falados porque são fragmentos lindos do livro. Já esperava algo ruim, não me enganei.
Vander Vieira | Em 09 de Dezembro de 2024.
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"Boca calada é coisa de gente que não topa o risco". Ana Carolina topava o risco, e esse filme surreal demonstra isso em cada tomada.
Vander Vieira | Em 09 de Dezembro de 2024.
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Isso aqui é a anarquia em sua verve mais provocante e fantástica! Subversão pura (bom lembrar que 82 ainda era ditadura) pra deixar qualquer Sganzerla ou Reichenbach mortos de ciúmes. "Eu precisava dizer que existe o esforço, existe a religião, existe a esperança, mas o melhor mesmo é tomar um balde de soda cáustica"! O feminino contra a hipocrisia, a mulher como ser de desejo que sempre foi! Genial!
Vander Vieira | Em 03 de Dezembro de 2024.