Lupas (823)

Hollywood precisa de mais produções como essa, sensíveis e que valorizam a imaginação e a criatividade da criança interior de todos nós. Além de ser tecnicamente impecável e contar com uma trilha sonora inspirada de Michael Giacchino. Uma pena o grande público não estar acostumado a não ser subestimado, não correspondendo as expectativas nas bilheterias.

Apesar de contar com um bom diretor (o mesmo do ótimo Pig) e a talentosa Lupita Nyongo como protagonista, "Dia Um" fica um passo atrás dos dois anteriores, talvez pela inexperiência do cineasta no comando de uma grande produção. Krasinski emprega mais fascínio e tensão nas cenas de ação e horror, sem falar no carisma de seus personagens bem construídos. Aqui esse papel acaba sobrando para o gatinho (único "alívio cômico" do longa), que tem um tom bem mais melancólico e sombrio.

Com a excelência de "Estrada da Fúria" (a obra prima definitiva de George Miller), era esperado que o spin off de "Furiosa" não o superasse, então é gratificante constatar que o cineasta conseguiu entregar uma obra poderosa, muito bem filmada, com cenas de ação grandiosas e boas atuações da dupla principal. O único ponto a ressalvar, é a ausência de Dean Seamler na fotografia, que aqui ganharam um aspecto menos naturalista, afetando inclusive a percepção do público sobre os efeitos visuais.

Embora não seja um dos trabalhos mais inspirados do estúdio, faz uma bela homenagem ao seu legado secular, reunindo todos os elementos que encantaram gerações ao redor do mundo. O visual inusitado que mescla o clássico ao moderno é a síntese desse desejo (perdão pelo trocadilho), contando ainda com personagens carismáticos e um vilão ameaçador. Mesmo não tendo a genialidade de outrora, "Wish" diverte, encanta e passa uma importante mensagem sobre união e o poder dos sonhos.

30.01.2024

Apesar de visualmente bonito e moderno, além de respeitar o final do filme original com certa coesão, essa sequência perdeu boa parte do charme, coração, ousadia e tensão do anterior, soando bem mais genérico e esquecível. Não é ruim, mas certamente é decepcionante considerando o tempo de espera e o potencial desperdiçado.

O filme do Godzilla que melhor conseguiu capturar a essência e mensagem do clássico original seminal de 1954, modernizando e aprofundando seus personagens e relações. Destaque para os efeitos visuais criativos e muito bem executados (considerando o baixo investimento), a trilha sonora nostálgica e evocativa e as cenas de ação bem dirigidas. Hollywood tem muito a aprender com esse filme.

Enquanto fã da franquia, é muito bom ver uma sequência dedicada inteiramente ao personagem do John Kramer/Jigsaw (vilão, mas que nunca foi sádico ou assassino), se aprofundando em suas motivações e valores, nos fazendo até mesmo torcer por ele dada as circunstâncias apresentadas. Kevin Greutert, que comandou um dos melhores episódios desse universo (Jogos Mortais VI), retorna entregando um filme envolvente, mais coeso e com armadilhas menos complexas, mas bastante sangrentas.

Ciente da idolatria do público/crítica pelo material original, David Gordon Green (um cineasta ousado e ambicioso) propôs uma abordagem mais moderna para essa sequência direta, promovendo uma ruptura no tom e na proposta, onde o mal não vem de algo primitivo e distante, mas de dentro do subúrbio, onde as instituições religiosas arcaicas não detém mais o poder para combater, com a solução vindo da união entre culturas/religiões distintas. Pena que o horror foi atenuado com essa decisão polêmica.

Shin Godzilla é uma espécie de reboot do clássico seminal de 1954, resgatando seu clima mais sério e assustador, assim como questões políticas, éticas e ambientais (atualizadas, onde o maior vilão é a burocracia estatal). Com efeitos visuais eficientes e criativos, seja no rastro de destruição ou no visual propositalmente exagerado do novo Godzilla, o filme impressiona considerando o baixo investimento de US$ 15 milhões. Um dos filmes de monstro mais divertidos e significativos dos últimos anos.

Apesar de todo sensacionalismo e propaganda com base em teorias conspiratórias, "Som da Liberdade" é um eficiente thriller de ação com um tema pesado e importante, onde é impossível não se sensibilizar com as vítimas de um crime tão hediondo. Jim Caviezel apresenta uma atuação correta, sem recair no melodrama barato, apesar da fragilidade do texto (com diálogos expositivos e pragmáticos). A direção elegante, que evita fetichizar a exploração das vítimas, é uma surpresa positiva também.

Um thriller atmosférico, tenso e envolvente, que consegue surpreender com suas mirabolantes reviravoltas até os espectadores mais experientes no gênero. O bom elenco e a direção efetiva contribuem bastante também, nesse que certamente é um dos filmes mais interessantes do ano.