Lupas (823)

Um thriller de ação envolvente, tenso e divertido, que oferece uma repaginação eficiente do clássico Encurralado (1971), de Steven Spielberg. A direção de Jonathan Mostow consegue driblar o baixo orçamento com ousadia e criatividade e a atuação de Kurt Russell transmite todo o desespero e angústia de seu personagem com bastante eficiência, com o qual o espectador torce e se identifica. Certamente um dos melhores filmes do gênero dos anos 90.

Após desapontar com Tenet (2020), Christopher Nolan volta a boa forma ao apresentar sua obra mais madura, elegante e intimista, utilizando-se de forma magistral tudo o que a tecnologia IMAX tem a oferecer, seja na encenação com close-ups fechados nas expressões dos atores ou na sonoplastia mais sensorial. Além disso, vale destacar também as composições irretocáveis de Cillian Murphy e Robert Downey Jr (nos melhores papéis de suas vidas) e a trilha sonora impactante de Ludwig Goranssom. Filmaço.

Um verdadeiro fenômeno muito bem arquitetado por Greta Gerwig, Margot Robbie e os responsáveis pelo marketing magistral do filme. O legado inegável da personagem contribui bastante nesse cenário também, embora os fãs de longa data possam não encontrar exatamente o que procuram, pois a cineasta está mais preocupada em apresentar uma abordagem satírica e existencialista, refletindo sobre o patriarcado, relações de gênero e a finitude humana. Mas é visualmente estonteante, enérgico e divertido.

O perturbado e criativo Ari Aster continua sendo um dos cineastas mais provocativos e originais em atividade, e aqui entrega uma obra absurdista, assustadora e caótica, que oferece uma experiência propositalmente desconfortável e visceral, com uma atuação impecável de Joaquin Phoenix, que transmiti toda a sensibilidade e estranhamento de seu personagem ao espectador com sucesso. A alegoria perfeita sobre o complexo de Édipo, a fobia social e o narcisismo generalizado das pessoas na atualidade.

Florian Zeller é um grande cineasta que consegue apresentar uma narrativa elegante e cadenciada aliada a atuações intensas (Hugh Jackman é o grande destaque, numa atuação dilacerante e em sintonia com Laura Dern, sempre ótima em cena. A única ressalva nesse sentido refere-se a atuação irregular de Zen MacGrath, num papel dificílimo pra qualquer jovem ator). Não está no mesmo nível de excelência de The Father (2020), mas consegue emocionar sem decair no sentimentalismo barato.

Tem ótima construção atmosférica, com uma ambientação claustrofóbica e uma atuação convincente da protagonista, conseguindo assustar genuinamente em vários momentos, apesar de alguns excessos e de não fazer muito sentido. Ainda assim, é perturbador, tenso e grotesco, ou seja, acima da média.

Uma bela homenagem ao legado de Evil Dead e ao cinema marginal de Sam Raimi, com todas as características que os fãs tanto esperam de uma produção como essa. Lee Cronin (do bom The Hole in the Ground) entrega uma direção que mescla elementos do original de 1981 (humor negro surreal) e do remake de 2013 (horror extremo), com um trabalho de maquiagem, fotografia e mixagem de som exemplares. A atuação performática de Alyssa Sutherland e o gore visceral merecem destaque também.

Continua bastante atual, onde a mulher vítima de estupro, segue sendo violentada constantemente pelas instituições, que tendem a culpar a vítima para justificar o ato. A cena do estupro é forte e serviu de inspiração para outros filmes, como Perfect Blue. Kelly MacGillis está bem como a dedicada advogada de acusação, mas é de Jodie Foster a grande atuação do filme, demonstrando um grau notável de maturidade, força e fragilidade.

Já foi considerado o pior filme de todos os tempos (com mérito). Troll 2 é uma daquelas produções com direção amadora, atuações caricatas, diálogos expositivos, situações bizarras e com todo aquele charme brega herdado dos anos 80. Virou um clássico cult do trash marginal, o que já é um feito e tanto para um filme como esse, como aconteceria anos depois com The Room (2003), que roubou seu posto.

Considerando que as minhas expectativas eram nulas, "65" conseguiu apresentar uma aventura sci-fi básica e direta (apesar de genérica e repleta de clichês), sem complicações desnecessárias (lembrando as produções escapistas dos anos 90 - Sam Raimi deve ter contribuído nesse sentido). Adam Driver e a fotografia de Salvatore Totino ajudam também. Curioso que o filme é cientificamente mais preciso que Jurassic Park em relação aos velociraptors, aqui no tamanho correto.

A trama não faz muito sentido, não respeita as regras pré-estabelecidas na mitologia das vilãs em seus respectivos filmes e acaba recaindo inevitavelmente na comédia involuntária lá pelas tantas. Porém, "Sadako vs Kayako" ainda consegue oferecer um entretenimento razoável com alguns sustos eficazes, pois o cinema de terror oriental, mesmo em seus filmes menos expressivos, consegue apresentar uma atmosfera incômoda e habitada por seres horripilantes e onipresentes.

Os sinais de desgaste são evidentes, ainda que os cineastas promovam uma "desconstrução" de alguns elementos característicos da franquia para atenuar o problema (abertura, modos operandi do Ghostface, ambientação, etc). Mas é pouco, embora o filme tenha alguns momentos inspirados e bem conduzidos, conseguindo proporcionar um entretenimento razoável. A ausência de Sidney e Dewey é sentida também, apesar das "novas" protagonistas darem conta do recado.