Um conto sobre a solidão e o tédio que já nasceu clássico. A obra de Sofia Coppola tem muita personalidade e, mesmo nos silêncios, diz muito.
A beleza e a personalidade do filme já se iniciam com o cenário escolhido: Tóquio é o lugar perfeito para que sua câmera explore de forma contemplativa a modernidade e o tradicionalismo, a agitação e o vazio, as ruas iluminadas e os prédios adormecidos; e, criativamente, explora os ambientes, as relações, a falta de compreensão entre os falantes e as sensações inerentes a todos esses elementos.
Nas veias dessa metrópole, são inseridos dois personagens igualmente solitários, melancólicos, mas com grande disposição para a vida - deslocados naquele mundo tão parecido, mas tão diferente, perdidos na transposição de sua cultura para a outra, perdidos na tradução. Aliás, o retrato escandaloso da cultura japonesa, que pode incomodar alguns, se realiza nessa chave, dentro da ótica de personagens, que desde o início, demonstram relações conturbadas com a comunicação com seus próprios pares. A faísca que nasce do encontro entre esses dois indivíduos dá início a uma narrativa simples, de escape da própria imobilidade, intercalada por situações divertidas, momentos íntimos e diálogos honestos.
Tudo isso é regado com uma trilha sonora habilmente selecionada e com a adição de elementos cenográficos e espaciais que, visualmente, marcam, tornando a lembrança desse filme algo permanente, durativo.
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