Quando assisti ao trailer fiquei ansioso por ver este filme, pois adoro mitologias, adoro adaptações delas e adoro filmes de “época”. Mas algumas coisas me incomodavam no trailer: a história era visivelmente diferente daquela mítica, um Teseu que grita sem parar e aquele ar de CG tomando conta da tela e dos atores.
Fui levado ao cinema com um sentimento de que veria algo repugnante cinematograficamente, e saí dele empolgado. Acho que isso é o bastante para tirar o filme do mediano e instigar as pessoas a tirarem suas próprias conclusões. O único grande problema do filme é o roteiro. Sendo ele - ao meu ver - o único culpado pelos defeitos do filme. Sem complexidade ou estrutura.
Acima estão todos os argumentos usados pelos críticos. Filmes como Avatar, 300 e outros dos tempos recentes, sofrem dos mesmos “problemas” e poucos “críticos” avaliaram de forma negativa. Fato é que “Imortais” teve baixo sucesso em território estadunidense, e não conseguiu agradar nem mesmos aos fãs do gênero. E isso pouco me interessa, era um filme comercial desde o início.
A história deste filme é um conto que se utiliza de sussurros de mitologia grega, se nem a própria mitologia grega é coerente entre suas fontes porque repudiar uma história diferente. Há passagens que como disseram menosprezam e referenciam os mitos, e não vejo nenhuma crítica quanto a este fato.
Ao mesmo tempo em que nenhuma criatura fantástica é utilizada, os deuses o são de uma forma como nunca antes vista. E isso a meu ver é algo positivo. Não há nenhum vilão de oitenta metros de altura ou um super-humano. Isso diferentemente de outros filmes do gênero é uma “inovação”. Os vilões são homens de carne e osso, e o mais maléfico deles é um rei cuja ambição é destruir o Mundo Helênico, e isso também é positivo. Não temos nenhum vilão megalomaníaco que quer dominar o Mundo. Pelo menos ele quer neste filme apenas o Mundo Helênico.
A parte divina do filme é apresentada de forma interessante, as imagens que se passam no Olimpo e dos deuses é interessantíssima. Quanto aos deuses em si, eles realmente parecem modelos de vitrine, mas quando se movem (e estão trajados) são cenas memoráveis.
O menos interessante deste filme é Teseu. Até o ladrão é mais interessante que ele. Mas ele funciona como personagem por estar ao lado de Freida Pinto, que razoavelmente nos conduz e dado à mastigação do roteiro nos leva por quase 2 horas de filme.
As panorâmicas são belíssimas, a fotografia é mórbida, e nem por isso desinteressante. Desde quando as cores são exageradas? As cores são tão marcantes quanto um dos sonhos de Kurosawa, e o filme não é monocromático se assim fosse não teríamos a cena do poso belíssima visualmente. Muito mais interessantes que as cores saturadas de Avatar.
Acho que em um mar de cinema-pipoca, este filme está acima do que se espera dele, mas fica aquele gosto de que algo faltou ao filme.
*Quanto a erros históricos e mitológicos – o filme é terrível. Mas arte não é feita para ser um livro de história. E a arte de nosso tempo - gostando ou não... sabe disso.
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