Estupenda abordagem cinematográfica
"O Século XX deixa um legado inegável de questões e impasses". Dessa forma, através desse axioma, o editor nos apresenta a obra pungente de Eric Hobsbawn, que disseca de forma literal e brilhante este conturbado centenário de horrores e descobertas, com suas atrocidades e desenvolvimento. O cineasta Marcelo Massagão, livremente inspirado em "A Era dos Extremos", de Hobsbawn, nos apresenta as breves e extremadas histórias contidas num período em que o homem superou-se como também deixou-se superar. Através de um mergulho nos acontecimentos pós-1914, passado e presente parecem estar seccionados. As crises econômicas e revoluções da primeira metade do século e as gruerras étnicas e separatistas, desembocam num estupor de precariedade política e desigualdade contemporânea.
Das "eras" da catástrofe - marcadas pelas grandes guerras - aos anos dourados das décadas de 1950 a 1960 e sua expansão econômica, cria-se o elo infalível ao desmoronamento final e profundo das transformações sociais entre 1970 e 1991.
Esse século de massacres e guerras, que também assistiu à emergência da mulher após séculos de repressão e ao progresso da ciência, traduz-se no mais violento da história humana.
Com imagens de arquivos, extratos de documentários e de algumas obras clássicas do cinema, o filme faz uma retrospectiva das principais mudanças que marcaram o século XX, retratando tanto os personagens que entraram para história, como homens comuns que em seu cotidiano também fizeram a história desse século. Arte e guerra, sonho e realidade, vida e morte. Um aparente antagonismo que se funde para retratar o século XX, no contexto que se inicia com a Primeira Guerra Mundial.
Massagão consegue conduzir seu trabalho de forma brilhante e concisa, retratando bem a idéia em relação a todo o desenvolvimento do filme documentário. Estupenda abordagem cinematográfica.
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