A fogueira das vaidades (the bonfire of the vanities) de 1990, é um filme de Brian De Palma, baseado no livro de Tom Wolfe. A obra, que sofreu comentários duros por parte da crítica especializada, foge das características do diretor, porém não é um filme que deve ser esquecido e engavetado, pelo contrário, é uma boa película. Verdade que A fogueira das vaidades foi indicado ao "framboesa de ouro" em cinco categorias, mas discordo de tal julgamento, e digo mais: ainda bem que um filme pode ter várias análises, e de certo, nenhuma delas são verdades absolutas. Com conteúdo crítico, história relevante e atual, com certeza, trata-se de uma obra que deve ser vista e refletida: é uma crítica social onde o jogo de interesses aparece como prioridade numa sociedade bitolada e exposta aos desejos de pessoas inescrupulosas e mesquinhas. O filme também aborda sobre o poder de influência da mídia e como o jornalismo feito de forma irresponsável e gananciosa afeta uma sociedade alienada que compra como verdades absolutas conteúdos manipulados por interesses alheios. A obra começa com o jornalista e escritor Peter Fallow (Bruce Willis) seguindo para um evento onde é o grande homenageado: seu livro tonara-se um best-seller nos EUA, por isso ele é aclamado e reverenciado como uma estrela de marca maior. Peter logo começa a narrar os acontecimentos que o levaram para tal esplendor. Alcoólatra e irresponsável, ele é cobrado incessantemente por parte do proprietário do jornal em que trabalha, tido como fracassado, a demissão é quase que inevitável. Porém um acidente- envolvendo um milionário de Wall Street, Sherman McCoy (Tom Hanks) - mudou o rumo de sua vida e deu uma guinada em sua carreira. McCoy seguia ao lado de sua amante, Maria Ruskin (Melanie Griffith), para Manhattan, mas eles erraram o caminho e foram parar no Bronx. Fugindo de um assalto, Maria Ruskin, que dirigia o carro naquele momento, atropelou um negro, porém ela e McCoy fugiram sem prestar socorro. Querendo tirar proveito do ocorrido, um promotor e candidato à Prefeito da cidade, comprou o caso interessado em conquistar a parcela negra do eleitorado. Mesmo sem provas concretas e verídicas, ele começou a investigar e aliciar testemunhas, montando um verdadeiro espetáculo circense, a partir de manipulações torpes, no intuito de condenar McCoy. Para obter êxito em seu projeto político, são usados como ferramentas a mídia e um pastor local. Noticias são plantadas de forma irresponsável - através de Fallow que em decadência encontrava-se desesperado - dando ao fato um grande apelo popular, chegando a ganhar proporções grandiosas, onde o caso tornou-se pauta de luta contra o racismo. Os fatos foram comprados como verdadeiros e a grande massa foi manipulada de forma fácil. É assim que De Palma nos guia - de forma não tão brilhante, porém competente - por um caminho corroído e podre, onde os interesses pessoais falam mais alto que a ética e o compromisso com a verdade. O filme é um pouco arrastado e por isso torna-se, em alguns momentos, enfadonho. A trilha sonora é bacana e as atuações não são grandiosas, porém é um filme que merece ser visto, e com certeza, refletido.
Críticas
7,0
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