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Críticas

Cineplayers

Apesar de alguns sustos interessantes e clima tenso, Espíritos 2 não acrescenta nada ao gênero.

5,0

Não se deixe enganar pelo título nacional deste longa. Espíritos 2 - Você Nunca está Sozinho não é continuação de Espíritos - A Morte está ao Seu Lado. Em comum entre os dois filmes há a dupla de diretores orientais Parkpoom Wongpoom e Banjong Pisanthanakun e o tema. Uma produção é absolutamente independente da outra. Mas, caso você não tenha visto o primeiro, não precisa se animar com a notícia. Ignore, também, o segundo. Essa é daquelas produções em que a resolução da trama acaba decepcionando e rebaixando o nível do filme.

Ao receber um telefonema informando sobre a internação de sua mãe, em decorrência de um derrame, Pim e seu marido saem da Tailândia, onde vivem, e vão para a Coréia, local onde Pim cresceu, para ficarem mais próximos da mãe adoentada. Ao retornar a sua antiga casa, Pim começa a relembrar sua infância com sua falecida irmã gêmea, Ploy. Mas o clima de tranquïlidade aparente vai dando lugar a um clima aterrorizante quando Pim percebe que sua irmã ainda está por perto. Detalhe, Pim e Ploy eram gêmeas siamesas, ou seja, nasceram e viveram grudadas até a morte de Ploy.

Em Espirítos 2, tudo corre bem até o ato final. Antes dos momentos mais próximos dos créditos, o longa consegue deixar um clima aterrorizante, ainda mais em uma sala de  cinema escura. Realmente, o filme consegue fazer com que o espectador sinta medo, e a reação natural de se encolher na cadeira e de querer tampar os olhos com a mão, às vezes, é inevitável. Com o bom clima, graças à competência para criar momentos assustadores da dupla de diretores, torna-se menos irritante o fato de o filme ainda apelar para conseguir assustar – mesmo que consiga. É totalmente desnecessário em um filme de terror os mortos terem uma cara assustadora, feia, cheia de feridas. Não há necessidade de apelar para conseguir o susto. O Sexto Sentido, por exemplo, assusta com seus mortos sem que eles precisem fazer caretas. Na obra-prima de M. Night Shyalaman, os mortos só carregam em seus corpos as marcas dos ferimentos que os levaram à morte. As caretas, em filmes de terror, são um instrumento que, apesar de assustador, revelam as deficiências de uma produção.

Claro que a mania, igualmente irritante, de usar a trilha sonora para fazer o espectador saltar da cadeira é utilizada. O filme assusta, mas se utiliza de ferramentas nada interessantes para alcançar seu objetivo. Entretanto, nada é mais irritante do que um final que tenta claramente surpreender o público, mas cuja resolução não satisfaz quem está assistindo. Depois da revelação, o filme muda completamente. Os personagens que antes se sentiam acuados passam a dominar a situação como se nada do que ocorrera anteriormente fosse válido. Não vou falar mais sobre o trecho da revelação para não estragar o filme. Mas, esse segredo, que a princípio pode parecer sensacional e muito bem pensado, mostra-se, após uma reflexão rápida, uma saída fácil encontrada pelo roteiro para chegar a um final que deixasse o público surpreso. Depois disso, os sustos somem, a história perde sua intensidade, e o longa descamba para o ridículo. Espirítos 2 é mais um terror que não consegue acrescentar nada ao gênero.

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