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Críticas

Cineplayers

O pior filme brasileiro do ano.

0,0

Muito difícil escrever sobre um filme que não possui nenhuma qualidade. E Federal (idem, 2010) conseguiu me desarmar. São tantos defeitos injustificáveis que não sei por onde começar. Então, vamos seguir o processo “criativo” e iridentificando os erros conforme eles naturalmente forem aparecendo.

O roteiro, escrito pelo diretor Erik de Castro, Heber Moura e Érico Beduschi, é primário. Poderia ter sido escrito por meninos pré-adolescentes com mentes não muito imaginativas numa brincadeira de polícia e ladrão. O Jornal Nacional tem um roteiro policial melhor que Federal. Não é de se surpreender que a história incrível da polícia que... quer prender um bandido, tenha surgido na cabeça do diretor quando ele tinha 16 anos de idade.

Com o roteiro pronto, o próximo passo é conseguir alguém pra produzir o filme. Mais uma surpresa ao constatar que o produtor de Federal é o irmão do diretor, Christian de Castro. De todos os envolvidos, Christian é quem tem menos culpa no cartório. Se eu tivesse um irmão, que tivesse estudado em Hollywood e que tivesse um roteiro de um filme policial selecionado para o Laboratório de Sundance, eu também gostaria de produzir a estréia dele em longas de ficção. Qualquer falta de talento no caminho certamente teria sido ignorada devido ao amor fraternal, e na minha cabeça também pareceria um plano perfeito. Infelizmente, neste caso, não é.

Conseguido o dinheiro, o roteiro e a equipe (Erik fez diversas viagens, trazendo “ouro” para a sua equipe), era hora de começar a filmar... em 2006. Sim, o filme foi rodado há 4 anos, e por algum motivo desconhecido só conseguiu estrear na esteira de Tropa de Elite 2 (idem, 2010), quando as salas estão lotadas e as pessoas, precisando de uma segunda opção, podem achar que esse genérico vai suprir sua vontade por um pouco de violência justificada em um domingo a noite. Teriam mais sorte se tivessem assistido o filme da Katherine Heigl sobre corujas, ou até mesmo Piranha 3D (Piranha 3-D, 2010).

Lá em 2006, Michael Madsen tinha saído de uma série de filmes no mínimo trabalhosos. Dois filmes com Tarantino, Sin City - Cidade do Pecado (Sin City, 2005) e o primeiro capítulo de Crônicas de Nárnia. Era de se esperar que ele quisesse umas férias de graça em algum país latino, em troca de uma semaninha de trabalho. Madsen quase teve sorte, e o mundo por pouco nem precisou assistir o quão baixo ele consegue ir pra conseguir uns trocados. Mas Tropa de Elite (idem, 2007) aconteceu no meio do caminho e Federal foi desenterrado. Pelo menos ele ganhou mais uma viagem pra divulgar o filme no Festival do Rio.

Já Selton Mello não tem muitas desculpas. Sempre teve algum prestígio aqui, e embora em 2006 ele tivesse o fracasso de Nina (idem, 2004) e O Coronel e o Lobisomem (idem, 2005) pra prestar contas, nada justifica fazer Federal. Não que Selton esteja atuando mal, ele está apenas em piloto automático, e ainda teve a “vantagem” de contracenar em cenas de sexo e drogas com a Miss Colombia e 2o lugar no Miss Universo, Carolina Gomez. Aliás, esta é praticamente a única função das personagens femininas no filme, fazer sexo explícito desnecessariamente em cenas vergonhosamente mais longas que o necessário e usar drogas.

E chegamos ao cerne do problema, que é a direção do estreante em longas de ficção Erik de Castro. Alguns dos planos mais deselegantes que se poderia ver no cinema esse ano são de sua responsabilidade, e nenhum deles é justificado. É como se alguém tivesse explicado onde liga e onde desliga a câmera, e daí surgiu um filme. O que nos leva a questionar: Se ele não tem talento algum pra compôr planos, consegue extrair o pior de bons atores, recheaia o resto do filme com outros piores ainda, não consegue escrever um roteiro ou montar uma equipe de qualidade, quem disse pra ele que ele podia dirigir um longa-metragem com dinheiro público?

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