“É verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro em posse de boa fortuna deve estar necessitado de esposa.”
A frase mais famosa do livro de Jane Austen, não precisou nem mesmo ser pronunciada na adaptação para que, de forma admirável, sua essência pudesse ser captada.
Baseado no clássico de Jane Austen, “Orgulho e preconceito” se passa na Inglaterra do século XVIII e retrata a vida da família Bennet, constituída por cinco filhas solteiras, entre as quais se destaca Elizabeth (Keira Knightley), em quem a trama é centrada. O filme contou ainda com a direção de Joe Wright, sendo lançado em 2005.
Logo nas primeiras cenas, percebemos que a chegada de Bingley (Simon Woods), jovem afortunado, causa grande alvoroço entre as moças, o que é evidenciado pelo comportamento da mãe de Lizzie, que faz de tudo para encaminhar suas filhas a um casamento vantajoso.
Elizabeth, diferentemente de sua mãe, contrapõe-se aos valores pregados pela sociedade, principalmente no que tange ao papel que a mulher deve desempenhar e ao modo como o casamento é visto. Bem-humorada e perspicaz, Lizzie demonstra sua indignação com a visão das pessoas da época no decorrer da trama e vê-se confrontada por sua mãe, irmãs, damas da alta sociedade, seu primo e Darcy (Matthew Macfadyen), sujeito de alto nível social, grande fortuna e muita arrogância, com quem tem seu maior embate.
É importante ressaltar que a produção foge da idealização das personagens, deixando claro, desde o início, os defeitos de Darcy e Elizabeth e a aversão que eles sentem um pelo outro, graças ao orgulho e julgamentos errôneos de ambos. A teimosia de Lizzie e o preconceito de Darcy são muito destacados no decorrer da trama.
Além disso, o filme quebra a ideologia de amor instantâneo que grande parte das produções atuais enfatizam, mostrando que o afeto de Darcy e Elizabeth não floresceu repentinamente, mas foi crescendo conforme descobrem que, apesar das muitas diferenças pontuadas pela sociedade, eles têm muito em comum. A exemplo disso, temos a cena na qual Lizzie recebe a carta de esclarecimentos de Darcy, quando começa a se desvencilhar dos pensamentos preconceituosos a seu respeito.
O cenário da produção transita por belíssimas paisagens, desde mansões até casas mais simples, e aliado ao figurino, que traduz bem a essência das personagens, consegue transmitir ao espectador a atmosfera do interior da Inglaterra.
Com a ótima atuação de Keira Knightley e o auxílio de uma trilha sonora e visual deslumbrantes, a obra de Jane Austen pôde ser contemplada com uma excelente adaptação cinematográfica, que trouxe novamente à tona as criticas atemporais ao que a sociedade tanto enfatiza.
Para completar, o filme recebeu indicações ao Oscar nas categorias de melhor figurino, melhor trilha sonora, melhor direção de arte e melhor atriz, pela atuação de Keira Knightley.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário