“Guerra ao Terror” é o melhor filme de guerra já realizado, não por mostrar batalhas sangrentas, mas sim por fazer um aprofundamento emocional refinado sobre os soldados. Katryn Bigelow, madura, realiza um mega filme.
A Guerra no Iraque já dura um longo e cansativo tempo, infelizmente os interesse econômicos parecem estar acima de qualquer coisa, soldados á cada dia ficam isolados de seus familiares partem para um mundo completamente diferente do que estamos acostumados á vivenciar. O campo de batalha nunca esteve tão perto como em “Guerra ao Terror”.
Filmes sobre guerras geralmente são completamente vazios e se limitam apenas a mostrarem batalhas imensas e sangrentas, ou se tratando mais especificamente sobra a Guerra no Iraque se prendem a discursos políticos irritantes, talvez a única exceção de um filme sobre guerra com um teor político é “Leões e Cordeiros”, por sinal ótimo. Mas aqui Katryn Bigelow em momento algum usa alguma citação política, não temos sequer um discurso nem nada, entramos na cabeça dos soldados e conseguimos vivenciar a guerra junto com eles.
A trama do filme se passa quando um grupo de soldados está prestes a voltar para casa, contando diariamente os dias que lhes faltam eles batalham a cada dia para conseguir retornar as suas moradias. O esquadrão anti-bombas conta com o Sargento JJ. Sanborn (Anthony Mackie), o Especialista Owen Eldridge (Brian Geraghty) e o Sargento Matt Thompson (Guy Pearce). Em uma tentativa frustrada de desativar uma bomba o Sargento Thompson acaba morrendo. Para seu lugar é chamado o Sargento Willian James (Jeremy Renner) que tem um modo bem particular de trabalhar, completamente atrevido e proporcionalmente eficiente James vai ganhando destaque pelo seu efetivo desempenho.
O filme em quase que todo momento não sai das ameaças de bombas e o trio de soldados entrando em ação, porém á cenas em que a tensão reina, momentos em que o próprio telespectador fica afoito e intrigado com o que ocorre em tela, o medo de morrer é transportado para fora das telonas, graças a magnífica direção de Katryn Bigelow.
A americana de 58 anos surge como uma grata surpresa, não por ser nova na estrada cinematográfica, pelo contrário ela já está a um bom tempo no cinema, porém o amadurecimento que a diretora sofreu foi impressionante, a diretora que já foi casada com James Cameron, onde produziram juntos “O Segredo do Abismo” e que também já havia realizados trabalhos como “Caçadores de Emoção” com Keanu Reaves e Patrick Swayze, mas ela sempre foi conhecida como a esposa de James Cameron, nenhum trabalho muito significativo, mas agora isso mudou, depois de um trabalho tão denso, tão significativo como foi “Guerra ao Terror”, a diretora enfim entrou com tudo para o mundo do cinema. E Katryn Bigelow pode entrar para história do cinema, se no dia 7 de março ela for condecorada com o Oscar de Melhor Diretor(a) será a primeira vez que uma mulher ganhará esse prêmio, e convenhamos ela é a favorita para vencer e merece esse reconhecimento, palavras de seu próprio ex-marido, James Cameron.
Quem ficou encarregado de elaborar o roteiro foi Mark Boal, que já havia escrito a história do ótimo “No Vale das Sombras” que retrata também, mesmo que com outra visão, a Guerra no Iraque. Mark também foi indicado ao Oscar.
O filme é tecnicamente refinado, uma trilha-sonora forte e marcante realizada por Marco Beltrani e Buck Sanders, uma edição de som espetacular ajudam a dar o tom de desespero junto aos personagens, uma fotografia seca retratando com perfeição à paisagem do Iraque, mas no que realmente o filme se sai melhor é em sua montagem, com cenas sobrepostas coerentemente o filme é um primor nesse quesito, um trabalho delicado e perfeito.
As interpretações são surpreendentes, com entrega de literalmente todos os personagens as atuações são muito convincentes. O filme conta com participações especiais como de Guy Pearce (“O Traidor”), David Morse (“12 Macacos”), Ralph Fiennes (“O Jardineiro Fiel”) e Evangeline Lilly (a Kate do ótimo seriado “Lost”). Mas o que realmente dá o tom de realidade é a química que surgiu entre o trio principal, com atuações fortes e competentes, as melhores sem dúvidas de suas carreiras, Jereny Renner, Anthony Mackie e Brian Geraghty são igualmentes espetaculares.
“Guerra ao Terror” junto com “Avatar” os filme que mais receberam indicação ao Oscar (nove), o filme de Katryn Bigelow foi indicado á: Melhor Filme, Direção (Katryn Bigelow), Ator (Jeremy Renner), Roteiro Original (Mark Boal), Montagem, Fotografia, Som, Edição de Som e Trilha Sonora Original.
Quem jamais participou de uma guerra terá a chance de chegar o mais próximo possível de uma, sem realmente estar nela. “Guerra ao Terror” é um trabalho denso e completo, e sim merece todos os inúmeros elogios e premiações que vem recebendo. “A emoção da batalha costuma ser um vício forte e letal, pois a guerra é uma droga”.
Nota: 8,5
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário