Um filme feito literalmente no céu. Uma mensagem linda aliada a uma técnica refinada “Up – Altas Aventuras” é uma das animações mais emocionantes dos últimos tempos.
Eles não são da terra. Não é possível que o pessoal da Disney/Pixar morem nesse planeta, a cada ano que se passa não só a técnica vai ficando cada vez mais refinada como as mensagens vão ficando mais tocantes e espetaculares. Se não bastasse a obra-prima “Wall-E” que foi entregue ano passado, nesse ano a Pixar nos dá mais um presente: “Up – Altas Aventuras”!
Relatar sobre a técnica utilizada pela Pixar é fácil, um estúdio que possui capital e talento pode com certeza ser exuberante em sua técnica, mas é impossível um estúdio ter tamanho carinho como a Pixar, o coração aqui é maior do que tudo e supera qualquer falha, clichê ou qualquer defeito que queiram pôr. Eles vieram do céu, se nós voamos juntos com o Sr. Fredricksen, devemos agradecer-los pela a mágica, capaz de encantar crianças e adultos.
O garoto sonhador Fredricksen sempre quis ser um explorador, se inspirando no grande explorador Charles Muntz, ele conhece o amor de sua vida: Helen. Cultivando desde criança o sonho de viajarem para América do Sul e realizarem aventuras os dois se casam e vivem felizes até a terceira idade. Porém agora sua companheira não está mais com ele. Sozinho, sendo intimado a vender sua casa para que possa haver uma construção no local e obrigado a ir morar no asilo o agora já senhor Fredricksen decide realizar o sonho de sua esposa: Irá levar sua casa amarrada em inúmeros balões coloridos até uma cachoeira na América do Sul, esquematizado por eles como o paraíso. Mas o que ele não contava era a presença do garoto Russel, um escoteiro mirim que nada inquieto irá compartilhar lindos momentos por essa longa viagem.
Que delicadeza para se tratar de um assunto tão complicado. Como fazer uma criança entender o sentido da morte, entender que mesmo os nossos sonhos de crianças podem acabar não se tornando realidade. A junção de um senhor solitário que tenta ainda se manter ao máximo ligado a sua casa que lhe aproxima ao máximo de sua falecida esposa e de um garoto com os pais separados e onde ele quase mal vê-los é tocante e principalmente muito sério. Isso não é nada original, em nosso cotidiano exemplos como esses são infelizmente comuns, mas a beleza do roteiro se deve com a forma que ele é trabalhado, por mais que seja absurdo um senhor viajar com sua casa amarrada a balões, isso se torna totalmente compreensível. O sonho que acabou ficando para trás merece uma resposta, e Fredricksen vai em busca dela.
Obviamente “Up – Altas Aventuras” não teve o mesmo impacto que produções anteriores da Pixar, talvez pelo seu ritmo intercalado (horas mais cadenciado, porém em momentos com cenas alucinantes) e os carismas dos personagens (que são apenas dois) não se comparam, por exemplo, a “Toy Story”, “Ratatouille” ou até mesmo “Os Incríveis”, mas isso porque este em um filme mais dramático, apesar de ser uma animação, ao contrário das outras produções, ela tende mais para o drama e não para a comédia (mesmo que certas cenas são hilárias).
A parte técnica do filme é impressionante, os técnicos da Pixar dão mais um exemplo que eles estão há anos luz na frente de seus concorrentes, mesmo não sabendo que o desenho é da Pixar, assim que batemos os olhos já percebemos a qualidade visual, característica dos desenhos desse estúdio mágico.
Que edição de som fantástica, digna de qualquer filme de ação, os efeitos utilizados são primordiais. Mais um ponto positivo. A trilha-sonora de “Up – Altas Aventuras” ao meu ver é a melhor do ano, o trabalho realizado por Michael Giacchino é sublime, o músico que ganhou fama graças a elaboração de trilhas para séries de TV (Giacchino é responsável pela trilha-sonora da série “Lost”) vem se aperfeiçoando a cada dia, chegando ao ponto de que muitos jornais norte americanos o compararem ao mestre John Williams (produtor de trilhas-sonoras como a de “Star Wars”, “Jurassic Park”, “Tubarão”, “Indiana Jones”, “Super-homem”) não é para tanto ainda, mas é de se louvar o trabalho de Giacchino.
Mais do que qualquer desenvolvimento dos personagens (por sinal muito bem elaborado, até pelo fato de apenas dois personagens principais) o filme vai direto ao coração, não tem vergonha de dizer que veio para emocionar e trazer uma linda mensagem de alegria, companheirismo e principalmente lealdade.
O filme é para crianças! E mais uma vez a Pixar consegue tratar de um modo tão singular um tema tão complicado capaz de emocionar os inúmeros Fredricksen e Russel que vemos mundo a fora.
Nota: 8,0
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