O filme Batman - O Retorno foi feito em 1992 sendo o quinto filme do diretor Tim Burton. Mesmo após 30 anos e depois de 6 filmes do Batman me vejo revendo esse filme e digo envelheceu bem. A estética do diretor soma para o Batman como algo raro enriquecendo o personagem de cânone noir para uma narrativa de fábula e melancolia.
A sinopse do filme trata de um empresário Max Shreck (Christopher Walken) fazendo uma "aliança" com Penguim (Danny deVito) para a eleição da Prefeitura de Gotham. Enquanto isso, a sua secretária Selina Kyle (Michelle Pfeiffer) descobre que seu chefe está extorquindo a cidade através de sua empresa de energia elétrica. Depois disso, o empresário tenta assassinar a secretária que acaba por tornar-se a vilã Mulher-Gato. Neste caso, vemos Batman e Bruce Wayne (Michael Keaton) sendo uma oposição a este caos.
O filme possui todos méritos para uma narrativa de herói. Entretanto, o herói pouco aparece no filme. Se anteriormente no filme Batman de 1989 vemos uma perspectiva humana de Bruce Wayne, aqui vemos Batman como resposta. Os vilões Penguim e Mulher-gato são agentes ou são vitímas sendo o foco aqui são as ''máscaras'' sendo um subtexto bem sutil que com tempo vai agregando camadas. Em um momento do filme, o mordomo Alfred (Michael Gough) brinca com Bruce Wayne ''somente você pode vestir-se de animal?''.
A filmografia de Tim Burton é marcada por excentricidades sempre colocando referências como expressionismo alemão, futurismo e gótico como prioridades. A cidade de Gotham lembra um pouco Metrópolis (filme de 1927) com arranha céus marcados por art déco e estátuas de gárgulas. Quando colocamos em perspectiva, vemos uma falta de lógica no filme que nunca entenderiamos. Mas, a questão é qual é o foco do filme? A resposta é simples, o filme é uma alegoria. A direção de arte apenas confirma isso.
O super héroi Batman é essencialmente esquisito. Um vigilante vestido de morcego? A escolha do diretor foi abraçar sua temática trazendo perspectivas estilizadas sobre assunto: a cidade escura, a criminalidade alta, a poluição da cidade em forma de neblina. Todas essas caracterizações somadas com personagens interessantes e complexos. Afinal, como um deficiente físico como Penguim poderia ser aceito por Gotham?
Aliás, as atuações dos vilões estão exemplares. O Penguim com toda sua maquiagem e andar carrega uma figura digna de Monstros da Universal. Por outro lado, a Mulher Gato carrega uma atitude sexy que disfarça sua tristeza e agressividade interna. Já o empresário Max Shreck traz um contraste com eles sendo um monstro interno.
Levando em consideração esses aspectos podemos perceber o quanto complexo é esse filme em discurso e imagem. O filme trabalha questões de moral e ilusão, mas sua sequência é bastante coerente. Tanto que, as músicas de natal de Danny Elfiman descrevem a luta desses monstros. Portanto, foi bom ter revisto esse filme e repito o filme envelheceu bem. Afinal, em época de Instagram e Facebook, quem não usa máscara?
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