As obras de Claire Denis sempre representativa e significativa, de uma intensidade e realismo, cru, quase bruto, os dois anteriores com as mesmas características, mas foi aqui, que eu mais me identifiquei, ela entrou num mundo patriarcal, em meio a guerra civil, e o amor de mãe incondicional, fotografia e caracterizações perfeitas, atuações intensas, roteiro escritos nas entrelinhas, forte e cativante…
Mais que um filme sobre os problemas do colonialismo na África, Claire Denis procura filmar a relação com a terra, o sentimento de pertencimento e ilusão de uma vida. Impressiona a presença em tela de Isabelle Huppert.
Denis faz cinema de lenta digestão e pontas desconectadas que convocam o espectador à construção da narrativa. Trata-se de uma estratégia arriscada, que nem sempre atrai como poderia, a exemplo do que acontece aqui.
A heroína é de carne e osso. Escolha acertada para tratar de uma ferida aberta da França: os males da colonização. Ao não identificar o pais, acaba criando uma espécie de alegoria de todas as ex-colônias, como Camarões e Senegal.
Filme poderoso, desde o título original (de múltiplas interpretações) até a forma como Denis apresenta a situação da protagonista e os que estão a sua volta naquela situação extrema. O desfecho, visto o espiral de sentimentos, é impactante.