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Críticas

Cineplayers

Apesar de apresentar enormes qualidades visuais, o filme é de um vazio enorme.

5,0

Com o mercado de animações em 3D já mais do que saturado, não é incomum que alguns lançamentos, mesmo de companhias grandes no assunto, como é o caso da Dreamworks, apresentem um resultado final simplesmente medíocre. Se antes os filmes recebiam um tratamento muito mais adequado por parte das produtoras, hoje elas estão empurrando um filme atrás do outro o mais rapidamente possível, com o objetivo de não deixar o barco passar. Talvez seja isso que separe a Pixar das suas concorrentes: cada um de seus filmes possui um tratamento diferenciado e único. Os Sem Floresta é da Dreamworks, e é baseado em uma tira de jornal que circula nos Estados Unidos, sobre um grupo de animais da floresta que vive perto do mundo dos humanos e de seus condomínios.

A idéia aparenta ser interessante: o choque da natureza com a frieza humana pela construção desenfreada, vista pelo ângulo de animaizinhos inocentes. Mas não demora muito para ser perceptível que o rumo que o filme tomará, neste caso, será o mais seguro possível: uma história limitadíssima sobre um guaxinim metido a esperto que tem uma semana para recuperar a comida que roubou de um urso grandalhão. Para isso, ele usará, sem ressentimentos, um bando de animais inocentes que vivem ao lado de um novo condomínio. No final, aprenderá ele a ser menos egoísta e terá conhecido o valor da verdadeira amizade? Pois é...

Mesmo considerando que a fonte é uma tirinha de jornal, não seria muito complicado pensar em algo melhor. Sendo assim, é no mínimo decepcionante constatar que o público-alvo do longa são apenas e tão somente as crianças. As grandes animações da atualidade sempre têm, como uma de suas principais características, o fato de atenderem, mesmo que de forma sutil, as necessidades de entretenimento de um público mais adulto também. Para se ter uma idéia, a seqüência que mais chamou a atenção na sessão em que vi ao filme foi uma envolvendo “arrotar todo o alfabeto”. De novo, pois é...

Deixando a parte ruim para trás, o que falta em termos de roteiro sobra em tecnologia. Obviamente, nada mais do que o esperado quando falamos de um filme da Dreamworks, que domina o estado da arte (pelo menos no cinemão norte-americano) juntamente com Pixar e, em menor escala, Blue Sky Studios (que provou enorme perícia técnica com a seqüência de A Era do Gelo no início deste ano). Os Sem Floresta é formado por uma qualidade de texturas e iluminação fora de série, de forma que não fica difícil se entregar ao filme ainda que seja somente para apreciar o belo jardim virtual, ou então os lindíssimos modelos virtuais dos animais que, embora não tenham grande personalidade para entrarem nas listas de “famosos” da animação, estão certamente entre os mais bonitos de todos os filmes recentes.

Não há como negar que Os Sem Floresta é uma ótima opção para as crianças, ainda que não invista praticamente tempo nenhum em construir uma lição de moral mais elaborada (a velha história da redenção do egoísta já foi contada muitas vezes, e não deve mais surpreender as pequeninas mentes infantis). Não, o filme é muito mais raso do que isso. Não é um problema, em nenhum lugar há lei que diga que qualquer obra cinematográfica deva ensinar ou ser especialmente importante para a vida das pessoas. O fato é que, vindo da Dreamworks – a grande Dreamworks – fica um sentimento de vazio ao final da sessão. Apesar de este ser um trabalho bem movimentado e geralmente divertido, não chega, em momento algum, a realmente empolgar. Ao final da sessão, as crianças estavam falando de Carros, o melhor da temporada na animação cinematográfica. Ponto, desta vez, para a Pixar.

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