O filme alemão/norueguês “Duas vidas”, em sua temática, se apresenta como uma boa pedida para adentrarmos em uma pouco conhecida parte da história das relações internacionais da Alemanha nazista e pós nazista (dividida). O fato histórico que estrutura o filme é realmente interessante e obscuro: os filhos dos soldados nazistas na Noruega que foram “levados” para a Alemanha, afinal eram considerados arianos pelos nazistas, mas, após a derrota alemã, passaram a ser considerados “filhos da vergonha”.
Trata-se de um filme com forte relação com o contexto em que se passa a história: a Europa um pouco após a queda do muro de Berlim. Foi por conta da derrubada desse muro que, na trama, as investigações sobre os “filhos da vergonha” ganharam força na Noruega. Mas toda carga política e histórica que o enredo apresenta teve seu desenvolvimento mal conduzido. Exatamente pela obscuridade do fato histórico de que se vale o filme, notamos um enredo meio vago em alguns momentos, confuso em outros. Ao tentar sugerir a participação da parte ocidental da Alemanha na ocultação dos “filhos da vergonha”, o filme incorre em ideias vagas e conspirações mal amarradas, que expõem “buracos” no filme, e não lacunas (que sequer nos faz pensar que era essa a intenção).
A história das duas vidas Kristen Evensen nem é tratada como um grande mistério (já na primeira cena se pode inferir muito) que será revelado, nem como a exposição de uma vida marcada por experiências complexas e traumáticas. (Essa questão do enredo é tão patente que nem sabemos ao certo quando estamos apresentando spoilers, ou não, ao comentá-lo). A atriz que lhe interpreta merece alguns elogios, assim como os demais do elenco (o que ajudou em muito no filme!), com destaque, é claro, para Liv Ullmann, sempre notável.
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