Trata-se de um filme autêntico, livre dos clichês que infelizmente permeiam incessantemente os enredos do genêro. A trama cuida de duas personagens com rotinas diárias semelhantes, que enfrentam as mesmas dificuldades, quais sejam, o isolamento, a depressão e a indiferença decorrentes de uma aversão à vida social na capital portenha.
Uma dessas personagens é Martín, que vê seu relacionamento terminar quando descobre que sua namorada que viajara aos EUA para a princípio passar apenas vinte dias em Nova York, havia na verdade, se mudado, e não mais retornaria. Por semelhante situação está passando Mariana (vizinha de Martín) ao perceber que havia se relacionado com um completo desconhecido por 35.040 horas! E que agora vive sozinha em seu antigo apartamento que havia deixado para ir morar com seu ex-namorado.
Mas essa solidão, experimentada por ambos, não é plena. Na era digital temos o profundo conhecimento do que está acontecendo no mundo, estamos conectados com outras pessoas mesmo separados por milhares de quilômetros de distância, basta um clique e temos tudo que precisamos em nossa mão. Mas deixamos que essas facilidades propiciadas pelos avanços tecnológicos criassem uma falsa impressão de convivência, de que somos parte de uma comunidade, quando em verdade, estamos nos isolando uns dos outros.
E na Grande Buenos Aires a solidão ganha proporções ainda maiores. Cansados dessa vida monótona e solitária, os dois decidem se relacionar com outras pessoas, mas sem sucesso. Em dado momento, a metáfora envolvendo a arquitetura de Buenos Aires apresentada no primeiro ato se perfaz: suas vidas se assemelham aos prédios portenhos que não possuem uma unidade estética. Explico: fruto da falta de planejamento, tais construções foram se levantando sem respeitar os estilos arquitetônicos pré-existentes, ergueu-se ao lado de uma edificação tipicamente francesa um prédio espelhado, de frente para um expoente do neoclassicismo, permitiu-se esgueirar um arranha-céu desprovido de qualquer estilo. Tal desarmonia arquitetônica é refletida na vida dos habitantes e, em especial, na vida dos protagonistas de Medianeras, cuja fórmula da tentativa e erro em encontrar um parceiro acaba gerando ainda mais confusão.
Por fim, resta nos saber se essa busca pelo amor verdadeiro terá um final feliz, se Martín e Mariana apesar de estarem tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes (problema da alienação na era da internet) poderão ter seus caminhos cruzados.
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