Outra promessa de grande filme, mais uma vez prejudicada pelo final da história.
Antes do final vai indo tudo muito bem. Belos atores, óbviamente não globais. Direção segura e talentosa. Enredo que parece falar de pura realidade... Inclusive o pai da moça, tirando aquela espalhafatosa e irreal tentativa de invadir o morro, parece alguém de verdade. Mas, daí vem o fim do filme...
Não sei se posso afirmar, mas acho que foram criados alguns finais padrões dos quais os realizadores têm medo de afastar. Algo como um final politicamente, ou mercadologicamente, correto para os dias atuais.
Os filmes não podem mais ter um final coerente com a história que foi contada até então, eles precisam surpreender, chocar, enraivecer, fazer pensar,... Certamente não podem terminar como terminavam "antigamente".
Nos filmes de "alguém mau mata os adolescentes" sempre se torcia para que algum dos coadjuvantes, além dos mocinhos e do amigo(a) meio abobalhado(a) dele ou dela, sobrasse vivo. Era óbivo que se tivesse um negro, ele sempre morria. Daí, resolveram diversificar: primeiro o negro passou o lugar do "morto na certa" para o(a) abobalhado(a). Agora tornaram tudo mais simples e equânime, morre todo mundo. Menos, naturalmente, nas continuações dos filmes das gerações anteriores.
Nos filmes de suspense, ou policiais, ou etc... O final tem que necessáriamente ser surpreendente. Não importa se é algo muito bem feito, e por isso não tão surpreendente, como em "Sexto sentido". Ou algo tão inesperado, que atropela tudo que tinha sido mostrado anteriormente, como em "Clube da luta".
No caso de filmes como "Era uma vez", parece que o dito "final feliz" foi proibido, pra não parecer que é uma novela da Globo (que também é culpada disso tudo) ou algo similar de outro país. Pobre, ou quem se arrisca a conviver com eles, tem que se dar mal. Não importa se é bandido ou se é trabalhador. Se é pobre tem que se ferrar. Veja-se as críticas ao pretenso final feliz de "Quem quer ser um milionário" (O Brasil não é mais do que uma India americana, ou vice-versa). Pobre de cinema tem que morrer pobre e morrer trágicamente, e quem tenta se envolver com eles também. É a dita realidade. O sonho, mesmo raro, se existir tem que virar pesadelo. Estão aí os Ronaldinhos Gorduchos (agora, é futebol) e outras centenas de jogadores brasileiros, orinudos de vilas e favelas, hoje ganhando fortunas, que não concordariam. São a excessão? São, mas eles existem. Por que pregar tanta desesperança? Por que pregar que estudar, trabalhar, também não adianta?
Voltando ao filme em questão, ao final de "Era uma Vez", a necessidade (agora a anotação de tem spoiller é certa, e nem sei se escrevi spoiller direito) de dar um final trágico ao filme levou os realizadores a coisas quase ridículas. Como a forma que o casal encontrou para enfrentar a polícia e o absurdo da ação da mesma. O tiro é até aceitável, mas o fato dos policiais não afastarem rapidamente a menina da zona de conflito é absurdo. Tentei não entregar demais o final, mas acho que não deu.
Fora todo o dito acima, algumas das coisas sem nada a ver diretamente com o filme em questão, Concluo dizendo que o filme merece ser visto. Está surgindo um diretor com potencial para grandes
realizações. E fico torcendo para que o final tenha sido pura ironia.
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