Quando um filme te faz questionar sobre se o que você está assistindo é real ou simplesmente é a insanidade mental de outra pessoa, te deixando cada vez mais curioso e envolvido com toda aquela loucura, é porque provavelmente ele esta se saindo muito bem.
E não é só por isso que todo o trabalho da produção e a competente direção de Terry Gilliam fizeram de Os 12 Macacos um projeto muito bem executado. Não só pelas já famosas vertigens que os enquadramentos do diretor produzem no espectador, nem só pela ágil edição, a fotografia contrastante e a tensa trilha sonora que criam todo um clima especial ao filme. Fora toda esta parte técnica, ainda temos as atuações de Brad Pitt e Bruce Willis que são um espetáculo a parte. Só por ver estes astros tão à vontade em papeis de dois alucinados personagens, acertando em suas doses (principalmente Pitt), já valeria a conferida.
Mas o que, para mim, é seu ponto mais alto em todo o projeto, são as indagações que ele nos provoca o tempo todo. Sobre o ceticismo nas crenças do personagem principal, quando vemos que em sua mente conturbada a fantasia se torna tão real que até quando o ele busca a lucidez, ela já não aparece mais, pois se perdeu na complexidade da sua mente humana, pois até ele já demonstrava ter consciência de sua loucura. É ai que o roteiro da mais um passo adiante. E torna toda a história mais intrigante. E se todos aqueles cientistas bizarros que ditavam a missão ao qual nosso personagem principal estava destinado, aquela missão de salvar a humanidade de um vírus mortal que parecia piração, fossem reais? É como se nos tornássemos um pouco mais insanos também, comprássemos a realidade alternativa que o filme propõe, mesmo não deixando explícita a realidade dos fatos. E apostando em alguma coisa no final. Não tem como não se envolver e tentar idealizar nossas próprias teorias.
É difícil continuar a divagar sobre este filme sem comprometer o final, ou é até meio complexo para quem lê esta pequena análise sem já ter visto o filme. Mas a grande sacada esta mesmo na conclusão de tudo.
Antes da conclusão vale ressaltar, novamente, a assinatura de Gilliam na projeção toda. Como fã de seu trabalho, dá para notar todo seu estilo imprimido em cada tomada e drama que ocorre, até naquilo que ele extrai de cada ator que trabalha com ele em cena. Logo, tudo isso ajuda a nos deixar estupefatos com todo aquele ciclo que se encaixa perfeitamente, enquanto “What A Wonderful World” de Louis Armstrong toca ao fundo nos créditos finais.
Assim, as interpretações ficam implícitas, o que torna tudo mais engenhoso e mais interessante. Se realmente a teoria de viagem no tempo fosse aplicada como o teor real de toda aquela história, então acho que poucas vezes vi um filme que abordasse esse tema de forma tão feliz em sua conclusão. Pois a deformação que ocorre entre a linha tempo-espaço em função dessa viagem ao passado do protagonista, faz parte de uma viagem que se repetiria eternamente. Quando ele olha para o menino no aeroporto e sorri caído ao chão, suas esperanças se renovam. Ele vê que ainda terá uma nova chance de tentar corrigir tudo outra vez. Aí a teoria de viagem ao passado e futuro faz todo o sentido. Pois essa viagem no tempo deixa claro que se repetira infinitamente. O grande trunfo é que ninguém jamais saberá. Essa realidade será paralela ao nosso mundo apocalíptico. E nela as esperanças do nosso protagonista jamais morrem. Neste ponto é que o filme deixa tudo mais claro, porque não importa se você tem distúrbios mentais ou é um viajante do tempo. É preciso sempre ter esperança quando se olha para frente.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário