Filme que tem a cara da esquerda cirandeira (desenvolvimentista e institucionalista), mas que se deixa envolver pela agenda Woke mais do que gostaria. No final das contas, é só alguém fazendo um trabalho que pode até ter boas intenções, mas que contou com uma ajuda do roteiro para criar quase que uma "Utopia" numa cidadezinha espanhola.
O termo "Espanha Vazia" (ou "España Vaciada" em espanhol) refere-se a uma realidade demográfica e territorial na Espanha, onde determinadas regiões, especialmente nas áreas rurais, enfrentam um declínio populacional significativo e uma deterioração socioeconômica. Esse fenômeno é caracterizado pela migração de jovens para áreas urbanas ou para o exterior em busca de oportunidades de emprego, deixando para trás populações mais idosas e uma infraestrutura cada vez mais desgastada.
As áreas afetadas pela Espanha Vazia muitas vezes sofrem com problemas como o envelhecimento da população, a falta de serviços básicos (como saúde e educação), o declínio econômico e a perda de infraestrutura. Isso cria um ciclo de despovoamento e desinvestimento, onde a falta de oportunidades leva mais pessoas a deixarem essas regiões, agravando ainda mais o problema.
O filme, então, cria uma justificativa estapafúrdia para nosso protagonista ser enviado pelo partido para tentar levar um pouco de "progresso" a uma região da Espanha vazia bem tradicional ( justificativa perpassa por abrir caminho à relação casual de sua mulher, no entanto, é uma questão de ironia para agenda de liberdade dos progressistas, o que, visto sob essa ótica, funcionou como comédia na trama).
E, claro, se deparando com um orçamento que parece não se importar com uma realidade, e com uma eleição para presidente da câmara convenientemente montada ali, o nosso protagonista vai criando esse mar de ilusões para por em prática a agenda dessa esquerda liberal.
Gosto particularmente da conversa com as tradições culturais locais (o que é uma tentativa de não vincular a esquerda ao pagamento das tradições) e de como há uma linguagem acadêmico interessante sobre "Espanha vazia", cujo fenômeno do êxodo rural é mais extensivo do que parece à primeira vista.
No entanto, é um filme cujo desdobramento político é fantasioso ( a mudança de postura das pessoas no local, por exemplo, mais parece uma fábula), o que passa longe de se tornar crível e visceral, com um clímax que beira o conto de fadas. No final, embora divertido de acompanhar, diminuiu a potência política da mensagem.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário