Enquanto o primeiro "Meninas Malvadas" (Mean Girls), dirigido por Mark Waters, tem um ritmo estonteante e reflete muito bem a juventude da época (mesmo de forma caricata), a montagem do filme é responsável pela fluidez e pela mensagem que serviu muito bem para captar o espírito da época. Já este aqui, sobre com o ritmo, e nem falo tanto dos números musicais, além de ficar muito limitado ao original.
Nesta nova produção, muita coisa permanece, como a protagonista que vem de um lugar distante (aqui brincam com a xenofobia numa boa sacada) e os personagens também se repetem, em especial, claro, o grupo das "mean girls" liderado pela Regina George. Mas se antes tínhamos nomes como Rachel McAdams ou Lindsay Lohan, por mais limitadas que fossem suas representações, aqui não sobra muita coisa, cabendo ao roteiro conferir certa dignidade ao material.
O filme aborda questões comuns da adolescência, como popularidade, rivalidade, pressão social e a busca pela aceitação. Uma das principais críticas à juventude no filme é a maneira como os comportamentos tóxicos e competitivos das chamadas "abelhas rainhas", mas infelizmente esperava uma pegada mais moderna e com cara de século XXI. Foram poucas as atualizações do texto nesse sentido.
Vale ressaltar que o filme é baseado no livro "Queen Bees and Wannabes" de Rosalind Wiseman, e a roteirista do primeiro filme, Tina Fey, embora não assine o roteiro, faz uma participação especial no longa. Contudo, infelizmente o filme se apega muito ao material original, e de forma pouco fluida, tendo que correr em alguns momentos para narrar a história. Veja as apresentações no show de final de ano, ficaram péssimas comparadas ao original. Mas não apenas isso. Havia um mundo de possibilidades a explorar, como por exemplo o das redes sociais (a piada com Spotify funciona, mas faltou muito mais). A exposição nas mídias ficou devendo.
Assim, "Meninas Malvadas" ainda preserva o texto em tom de sátira, que utiliza humor para abordar questões sérias, e ao fazer isso, oferece uma crítica social às dinâmicas tóxicas e desafiadoras enfrentadas pelos jovens durante o ensino médio, mas que poderia ir muito além se tivesse sido lapidado a conferir uma nova identidade, mais atual. Do jeito que foi apresentado, pode até soar como homenagem ao original, mas apenas 20 anos depois, com atuações piores e cenas mais constrangedoras, torna-se um trabalho nada mais do que redundante, em que pese algumas cenas e tiradas divertidas (muito por conta do primeiro).
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