CANSADO DE MOCINHOS BONITINHOS COM CARA DE MARICAS COMBATENDO O CRIME EM NOME DO AMOR? CONHEÇA O VAGABUNDO ANÔNIMO, UM HERÓI DIFERENTE, AO MELHOR ESTILO MACHETE
O Vingador (Hobo With a Shotgun, 2011) é mais um belo (mais tarde você vai entender o "belo") exploitation, dirigido pelo estreante Jason Eisener e escrito por John Davies, baseando-se em um dos falsos trailers do projeto Grindhouse, de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez. Treilers esses que separavam os reais filmes do projeto: À Prova da Morte (Tarantino) e Planeta Terror (Rodriguez) e que geraram, por exemplo, Machete (2010) e tinham até Nicolas Cage em um deles, dirigido Por Rob Zombie (Rejeitados pelo Diabo), entitulado Mulheres Lobisomens (Werewolf Women of the SS).
O filme possui um roteiro tão simples, que deve ter sido escrito em 25 minutos, no máximo: um mendigo anônimo (Hobo é como uma gíria para 'vagabundo') chega em uma cidade tomada pelo crime, em todas as esferas. Ao perceber como Drake (Brian Downey) e seus filhos Slick (Gregory Smith) e Ivan (Nick Bateman) saíam ilesos perante as autoridades, mesmo cometendo as maiores atrocidades imagináveis, como decapitar um parente em plena luz do dia no meio da rua, este sem-teto resolve juntar os poucos trocados que conseguiu e comprar uma espingarda para fazer justiça pelas ruas.
Recheado de rostos completamente desconhecidos, o filme traz o excelente Rutger Hauer (Blade Runner - O Ritual - Sin City) no papel principal. Obviamente, atuações dignas não são o objetivo de um filme como esse, mas bons atores são sempre bem-vindos, e Hauer dá um show de talento e carisma, principalmente na cena onde observa os bebês no berçário, onde há um monólogo riquíssimo, já que todas as outras falas do filme são péssimas e sem o menor sentido (talvez, fora do contexto).
A direção cartunesca e colorida do canadense Jason Eisener me pareceu bem ruim e me incomodou bastante à princípio, mas com o passar do filme, percebi que ele pedia aquilo. De que outra forma, por exemplo, suportaríamos uma cena onde vilões ateiam fogo num ônibus escolar cheio de crianças ou em uma mãe moradora de rua com um bebê de colo? Vendo essas duas cenas em especial, entendi a polêmica que o filme causou na época de seu lançamento. Não é o mesmo, por exemplo, que assistir a uma bela jovem tendo seus dedos decepados por um cortador de grama ou um homem pendurado pelos pés sendo espancado com bastões de baseball por mulheres nuas e vendadas. Não. O impacto é bem maior. Mas Eisener consegue transformar esse impacto violento em algo suportável e aceitável, dentro do contexto dos filme B que tanto sucesso fizeram nos anos 70 e 80.
O filme é uma viajem total. Aparentemente, inicia com uma certa crítica social, ao mostrar dois moradores de rua espancando-se até a morte por míseros U$ 10, filmados por um inescrupuloso cinegrafista, passando pela polícia corrupta e terminando com o mendigo enfrentando seres demoníacos da era medieval conhecidos como La Plague!! Agora, se tem algo no filme (além de Rutger Hauer) que provavelmente agradará a todos neste filme, certamente é sua ótima trilha sonora oitentista e dinâmica. O carro chefe é a irrestível "Run With Us", gravada originalmente Steve Lunt, mas que ficou famosa na voz de Lisa Lougheed ao final de cada episódio da série animada canadense The Racoons, exibida entre 1985 e 1991.
Ao final do filme, chegamos a conclusão de que não haviam pretensões maiores no filme, além de divertir e entreter, além de homenagiar o cinema B. Lógico: quem não é fã deste gênero de cinema, desprezará este filme. Mas se você, assim como eu, curte produções de baixíssimo orçamento (mesmo que apenas aparente), atuações propositalmente canastras e diversão descerebrada (além, é claro, de muito sangue) vai achar Hobo With a Shotgun um belo passatempo. Não vai ficar gravado na sua memória por muito tempo, mas com certeza lhe renderá alguns bons momentos.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário