A crise que assolou o mundo em 2008/2009 deixou milhões de pessoas desempregadas, um índice extremamente alto, até mesmo nos Estados Unidos, um dos grandes pólos industriais. Tomando como principio este argumento é que “Amor sem Escalas” se torna um grandioso e agradável filme.
Que trabalho primoroso realizou o jovem Jason Reitman, o diretor que já havia produzido os excelentes “Juno” e “Obrigado por Fumar” mostra ter um futuro muito promissor, com um talento fora do comum o cineasta de apenas 33 anos realiza sem dúvida um dos melhores filmes do ano. Apostando em diálogos com um conteúdo refinado e um roteiro carinhosamente detalhado Reitman vai seguindo os passos de seu pai, o também diretor Ivan Reitman.
Ryan Bingham (George Clooney) tem como função demitir pessoas, com o país assolado pela crise Ryan tem seu trabalho redobrado, chegando até mesmo a passar boa parte de sua vida entre aeroportos e hotéis, tendo uma casa que ele pouco visita. O mais incrível é que Ryan se diz gostar desse hábito. Em meio á essas inúmeras viagens Ryan encontra uma também grande “habitadora” de aeroportos, Alex Goran (Vera Farmiga). Os dois começam uma relação nada comum entre inúmeras viagens. Paralelamente a isso o chefe de Ryan, Craig Gregory (Jason Bateman) contrata a inteligente, porém inexperiente Natalie Keener (Anna Kendrick), que desenvolveu um sistema para que as demissões realizadas pela empresa não tenham tantos custos com viagens e hotéis. As demissões agora passariam a ser por videoconferências, esse novo método não agrada Ryan que parte em uma viagem junto com Natalie para demonstrar o quão difícil é se trabalhar com demissões.
Um tema complicado de se trabalhar e proporcionalmente tão atual. Mas a sutileza e criatividade de Jason Reitman conseguem dar a cadencia necessária para que o filme tenha um resultado agradável. É de se destacar os diálogos primorosos existentes no filme, além de reflexivos são de um conteúdo pouco se visto nos diretores ultimamente. Mas nem por isso o filme passa a ser confuso ou extremamente complexo, pelo contrário. Com um ritmo tranqüilo sendo balanceado com cenas divertidas e ótimas atuações a trama tem um desfecho satisfatório e eficiente. A trilha sonora também ajuda na cadência, apesar de por horas passar totalmente despercebida do público.
George Clooney além de ser uma atração tanto para a mídia como para o público, é de se reconhecer que o galã é um excelente ator. Colocando em cena todo seu charme e todo seu tom sarcástico presente em “Queime Depois de Ler” Clooney realiza um de seus melhores papéis. Com sua experiência comanda todo o resto do elenco. Clooney foi indicado como melhor ator no Globo de Ouro.
Vera Farmiga que já havia realizado ótimos trabalhos em “A Órfã” e “Os Infiltrados” realiza um papel forte e convincente. Na pele da ocupada Alex que sem tempo de sua família busca uma fuga em meio aos intervalos entre hotéis e aeroportos, a atriz consegue realizar um ótimo trabalho, justificando sua indicação ao Globo de Ouro.
Mas sem sombra de dúvida a grande surpresa – e uma agradável surpresa – é a jovem Anna Kendrick. A atriz norte-americana depois desse papel deve ter deixado Catherine Hardwicke arrependida de ter escolhido a fraquíssima Kristen Stewart para protagonizar a saga “Crepúsculo”, tendo Anna Kendrick na pele da mera coadjuvante Jessica no filme vampiresco. Kendrick é o grande destaque do filme por ser engraçada em várias cenas e deixar bem claro que assim como sua personagem ela possui pouca experiência em seu trabalho. Com dificuldades amorosas e sonhos não realizados Kendrick demonstra necessitar de ajuda. Uma atuação primorosa dessa jovem atriz que também foi indicada a melhor atriz coadjuvante no Globo de Ouro.
Um filme prazeroso e ao mesmo tempo crítico: Questionando essa vida de inúmeras pessoas que mal vivem em suas casas sendo praticamente exploradas em seus trabalhos. Mas o filme não é depreciativo quanto a isso, apenas mostra de uma forma diferente e por vezes cômica. Mostrando uma válvula de escape que essas pessoas tentam alcançar (vide a relação entre Ryan e Alex).
Jason Reitman e Sheldon Turner foram vencedores do Globo de Ouro 2010, no gênero de Melhor Roteiro. Merecido.
Uma produção exemplar: Correta, crítica, com conteúdo, bem elaborada e principalmente bem executada.
Receitas que devem ser seguidas futuramente para se realizar um ótimo filme.
Nota: 8,0
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