Um dos melhores filmes independentes já feitos, que trouxe duas coisas que o povo americano precisava: Originalidade e Quentin Tarantino
No inicio dos anos 90 o cinema passava por um dos seus momentos mais críticos. Com idéias escassas, filmes totalmente batidos sem um pingo de originalidade se amontoavam nos balcões das locadoras. Foi então que um desses atendentes de locadora se encheu da mesmice de sempre e decidiu se intrometer no mundo cinematográfico. E foi com “Cães de Aluguel” que o mundo conheceu o atendente de locadora Quentin Tarantino.
E que bem fez Tarantino para o cinema, queiram ou não a indústria cinematográfica se inspirou e muito no novo estilo imposto por Quentin Tarantino; a fantasia ficou de lado, dando espaço ao real. Um exemplo dessa transformação: Provavelmente o último grande Blackbuster da história seja “O Exterminador do Futuro 2”, isso porque dois anos depois Tarantino muda tudo com “Cães de Aluguel”. Se aliando ao também seu outro ótimo trabalho, “Pulp Fiction: Tempo de Violência” Tarantino deu um novo gás ao cinema norte-americano sendo influencia em diversos clássicos como “Beleza Americana”, “Clube da Luta”, “Magnólia”, “Los Angeles – Cidade Proibida”, filmes onde a verdade é mostrada nua e crua.
Prestes a completar 18 anos de seu lançamento oficial (18 de Outubro de 1992) “Cães de Aluguel” continua encantando o público jovem e o mesmo público que na época alavancou as salas de cinema em busca do filme. Algo muito raro para um diretor tão jovem que conseguiu mesclar ação, humor, ousadia e um clima extremamente arrebatador em um só pacote, mas tudo isso foi conseguido graças á uma coisa: Originalidade, essa talvez seja a palavra que tenha vindo inerente a Quentin Tarantino, então essa é a explicação dos fascínios de muitos por esse diretor.
O filme conta a história de um grupo de assaltantes que, depois de um trabalho mal sucedido estão sendo perseguidos pela polícia, o grupo se reencontra em um galpão abandonado. Entretanto parece claro haver um detrator na equipe, sendo impossível a policia ter adivinhado do assalto; sendo assim eles começam a entrar em conflito graças á um clima de desconfiança entre todos. Ao pouco com flashes (característica de Tarantino) vamos sendo explicados do que realmente aconteceu e conseqüentemente a tensão no galpão vai aumentado, chegando ao seu desfecho final.
Banhado de sangue o filme vai aos poucos ganhando a simpatia do público, principalmente pela pureza dos diálogos e das ações dos personagens. Tarantino tem o poder de controlar como poucos o conteúdo que irá utilizar em seus roteiros, parece que cada palavra foi minuciosamente trabalhada para a maior apreensão do público.
Apostando em algo não tão comum nos filme norte-americano, Tarantino nos apresenta a falta de linearidade em suas histórias, imaginem um quebra-cabeça todo embaralhado, assim é “Cães de Aluguel” e sim, o resultado é maravilhoso. Podemos explicar o filme como Meio – Começo – Fim, porém dentro dessas três seqüencias existem inúmeras intercalações entre cenas, uma completa bagunça, porém que graças à sua montagem perfeita o filme não é confuso, somente diferente e brilhante, na mesma proporção.
Outra coisa que deve ser destacado em Tarantino é a grande capacidade de observar atores e atrizes que parecem estar esquecidos e que graças aos seus filmes acabam ressurgindo, quem não se lembra de John Travolta no completo ostracismo quando dois anos depois de “Cães de Aluguel” foi chamado para fazer “Pulp Fiction – Tempo de Violência”, a carreira de Travolta deu uma acentuada tão grande que é até difícil explicar.
Mas vamos nos apegar no primeiro filme de Tarantino, ele resolveu chamar o então desconhecido Tim Roth (“Violência Gratuita”), que havia feito apenas papéis pequenos; Steve Buscemi (“Fargo – Uma Comédia de Erros”) era um rosto conhecido, mas também pouco famoso; o mesmo acontece com o já falecido Chris Penn (irmão de Sean Penn) que teve alguns bons trabalhos posteriormente. Mas a grande atração ficou por conta dos já consagrados porém esquecidos, Michael Madsen (“The Doors”) e Harvey Keitel (que por sinal um ano antes havia concorrido ao Oscar por sua atuação em “Bugsy”) a dupla que já haviam trabalhados juntos em “Thelma & Louise” voltam com tudo em “Cães de Aluguel”. E todos do elenco (algo muito raro de se ver) estão perfeitos em seus papéis, realizando interpretações fantásticas.
Além de toda a representatividade de “Cães de Aluguel” para o cinema norte-americano, Tarantino ainda consegue aliar características de uma superprodução em um filme totalmente independente, isso é coisa de gênio, não existe outra palavra que possa destacar o diretor que cada vez mais vem ganhando o seu público, “Pulp Fiction – Tempo de Violência” , “Kill Bill”, “A Prova de Morte” , “Jackie Brown” e o recente “Bastardos Inglórios” são filme que devem contar na lista de qualquer cinéfilo.
Porém “Cães de Aluguel” é o ponta-pé inicial de Quentin Tarantino, uma carreira que tem muito ainda o que mostrar, mesmo já tendo conquistado o seu público alvo. Adolescentes?? Não! Amantes de cinema.
Nota: 9,5
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