"Gravidade" certamente foi um dos filmes falados do ano. E, de fato, "Gravidade" é a maior realização técnica do cinema no ano, quiçá da década. Seus curtos 90 minutos são um deleite técnico e visual, e com certeza serão lembrados por muito tempo como uma das melhores ficções científicas de todos os tempos. Seu diretor, Alfonso Cuarón (de "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban"), utiliza cada detalhe cinematográfico em prol da experiência. E o apuro técnico do longa tem razão de ser: foram quatro anos de produção.
A trama é bem simples: a Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock, de "Miss Simpatia") e o veterano astronauta Matt Kowalsky (George Clooney, de "Os Descendentes") se veem isolados no espaço quando a estação espacial na qual trabalhavam é completamente destruída pelos destroços de um satélite russo. Então, começa uma jornada pela sobrevivência, em torno de todos os perigos que o isolamento no espaço pode oferecer.
Logo no início do filme já notamos que o diferenciaria "Gravidade" dos demais do gênero seria seu diretor e seu apuro técnico. Logo em seus primeiros minutos, somos brindados com um dos mais belos planos-sequências da história (ele tem mais de dezessete fucking minutos!). A partir daí, Cuarón nos leva a uma imersão total, com tensão do início até o fim e belíssimas imagens.
Desde o empolgante (e em um único plano-sequência!) trailer, já era de se espera um filme que nos deixaria presos à cadeira o tempo todo. Mas o longa excedeu todas as expectativas. Não somente por seu roteiro impor as mais diversas dificuldades à Ryan, mas também pelo maravilhoso trabalho de câmera de Cuarón, acompanhado da excelente fotografia, da deslumbrante trilha sonora (que marca tanto quando presente, quanto ao se ausentar completamente - nos deixando no total silêncio), do espetacular uso do som e dos efeitos especiais magníficos.
É, sim, um exercício de gênero, com roteiro formulaico; mas, aqui, temos um dos melhores usos do cinema como experiência sensorial. São diversos os momentos em que "Gravidade" consegue se mostrar um grande filme: pelo plano-sequência inicial, ou quando temos a mudança de câmera objetiva para subjetiva e observamos a crise pelo ponto de vista da própria Ryan, ou a tão falada cena em que a engenheira médica flutua em posição fetal. Dá para montar uma longa lista.
Claro, temos de citar a atuação de Sandra Bullock, que, se não chega perto de ser uma boa atriz, ao menos é competente em segurar o filme durante os 90 minutos. Já George Clooney também está bem, (SPOILER!) e o filme até perde um pouco o fôlego nos momentos de ausência de seu personagem (/SPOILER!).
De qualquer forma, "Gravidade" é um espetáculo visual, técnico e contemplativo. Possui, com certeza, as mais belas imagens e os momentos mais tensos do ano. Uma experiência imersiva completa e marcante, que se não chega perto de "2001: Uma Odisseia no Espaço" enquanto análise, lembra o filme de Stanley Kubrick enquanto feito tecnológico.
\"É, sim, um exercício de gênero, com roteiro formulaico; mas, aqui, temos um dos melhores usos do cinema como experiência sensorial. São diversos os momentos em que \"Gravidade\" consegue se mostrar um grande filme: pelo plano-sequência inicial, ou quando temos a mudança de câmera objetiva para subjetiva...\"
Gabriel este teu parágrafo resume bem o filme. Exercício de direção excelente (o que não é ruim, neste caso não com certeza). Pena que o roteiro seja tão fraco comparado a magnitude da direção. Porra cara fiz um comentário sobre este filme no site, e esqueci de elogiar a sequência com câmera subjetiva, realmente muito boa esta parte.