Em teoria, Oblivion deveria surgir como uma surpresa bem vinda, numa época em que o cinema carece de boas ideias e de filmes ambiciosos e inteligentes, já que na maioria das vezes os sucessos de Hollywood são sequências, refilmagens ou adaptações, afinal o novo longa estrelado por Tom Cruise se propõe em abordar questões interessantes em roteiro repleto de reviravoltas, dentro de um cenário que abre uma paleta de possibilidades para o desenvolvimento da trama. Mas na prática, Oblivion acaba se afogando em meio de suas ambições, e no fim acaba sendo mais uma ficção científica genérica, esquecível e com pouquíssima personalidade própria.
A história se passa em uma Terra que se tornou hostil e perigosa depois de uma invasão extraterrestre, que obrigou todos os humanos migrarem para outro planeta já que a Terra se tornou praticamente inabitável. É aí que se encontra o protagonista: Ao lado de sua companheira Victoria, Jack Harper é responsável por ajustar máquinas que são programadas para destruir os terríveis seres que se tornaram os únicos habitantes do planeta após a evacuação. Durante uma de suas patrulhas, Jack acaba salvando uma mulher em uma capsula de sono artificial, mulher esta que está constantemente em seus sonhos.
Oblivion apresenta sua premissa em alguns poucos minutos e insere o espectador em seu universo á partir da narração em off do protagonista, que apesar de eficiente, soa didática e pouco necessária. Logo, o primeiro ato da fita desenvolve as questões básicas e fundamentais de sua trama, expondo a paixão que seu protagonista sente pela antiga Terra, o perigo dos saqueadores e a relação curiosa entre Jack e Victoria. O problema é que além de ser maçante, esse ato inicial é pouco relevante, já que na metade da projeção o roteiro simplesmente abandona (ou desenvolve rápido demais) os assuntos abordados anteriormente, para dar mais atenção a novos, que também são abandonados pela vinda de reviravoltas e surpresas. E é aí que se encontra o principal problema de Oblivion: Apesar de ser um filme repleto de boas ideias e subtramas interessantes, o filme jamais consegue desenvolver esses conceitos suficientemente bem.
Oblivion, ainda, está longe de ser um filme original: soando como um amontado de clichês do gênero, a fita apresenta ideias que já foram apresentadas antes em outros filmes (Wall-e, Eu sou a Lenda e Lunar são os que me vem a cabeça), um visual que remete diretamente ao jogo Portal e uma trilha sonora que lembra várias produções recentes (especialmente os dois mais recentes dirigidos por Christopher Nolan). E mesmo que funcione razoavelmente bem como ficção científica, Oblivion é pouco satisfatório como ação: Com sequências que se resumem a Tom Cruise fugindo de robôs, o longa empolga no início mas fica cansativo, deixando as cenas de ação burocráticas e extremamente repetitivas.
Apesar de contar com um roteiro problemático, Oblivion é um filme que diverte e entretêm moderadamente bem, mas que merece todos os aplausos possíveis pelo maravilhoso design de produção, que (diferente de produções do gênero que apresentam uma tecnologia fantasiosa e totalmente surreal) tem os pés firmes no chão, mostrando uma tecnologia limpa e pequena que pode muito ser o que encontraremos daqui alguns anos, além de criar uma Terra pós apocalíptica belíssima que se constroe á partir de cenários que enchem os olhos (a cena no estádio de futebol é, particulmante, linda e a Lua destruída rende planos magistrais).
O elenco acaba se tornando um dos pontos fortes: Carregando, praticamente, o filme inteiro nas costas, Tom Cruise imprime bem a crise que Jack se encontra, passando tranquilidade nas cenas em que Harper se encontra em sua cabana e tensão nos momentos que dela necessitam. Ao lado dele, Andrea Riseborough interpreta sua Victoria com uma complexidade impressionante, com sentimentos confusos e sufocantes que a fazem explodir na cena mais impactante e emocionalmente satisfatória de todo o filme. Olga Kurylenko está razoável – afinal, sua personagem é apenas o interesse romântico do protagonista – e Morgan Freeman surge apenas como um coadjuvante de luxo.
Maravilhosamente fotografado, Oblivion é ainda sofre sérios problemas de ritmo e conta com um dos desfechos mais clichês possíveis. Assim, mesmo sendo um passatempo correto e despretensioso Oblivion é decepcionante, pois tem conteúdo e ideias suficientemente boas para se destacar. No fim é apenas mais um, quando poderia ser notável.
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