Há trabalhos atuais que ganham respaldo devido a ótimas referencias do passado. Isso acontece quando diretores e produtores fazem grandes obras cinematográficas e algum tempo depois entregam ao publico algo muito distante da obra-prima de outrora. É isso que aconteceu com Ensaio de uma Cegueira. É indubitável a qualidade do filme Cidade de Deus, em que muitos críticos o colocam entre os 100 melhores filmes de todos os tempos. Muitos foram ver Ensaio de uma Cegueira justamente por causa de Cidade de Deus, queriam ver a mesma qualidade de fotografia, movimento de câmera e uma narrativa original num tom bastante minimalista. Ensaio de uma Cegueira tem uma estória excelente, mas a forma como foi contada não. Quando eu assistir o filme em DVD eu entendi o porquê das criticas que ele recebeu em Cannes. Meireles teve nesse filme tudo o que ele não teve em Cidade de Deus: toda a capacidade técnica que a indústria americana pode oferecer. Talvez seja esse o ponto negativo. O filme de Meireles em momento algum me convenceu. Uma narrativa já um tanto utilizada por outros diretores (vide Alejandro Inarritú e o seu Babel). Há momentos no filme que são difíceis de engolir. As cenas em que o personagem de Gael García Berna sendo cego domina todos os outros cegos com uma arma para depois o personagem de Julianne Moore então dá uma de durona e derrubar o vilão é realmente duro. A Cena de um cão se alimentando de uma pessoa morta na rua é puro clichê. Muitos defendem o filme pelo motivo do Diretor ser brasileiro, mas acho que nacionalismo não combina com cinema. Cidade de Deus é ótimo pelo fato do filme ser bem feito e não pelo fato de Meireles ser brasileiro. Há filmes como a mesma semelhança de Ensaio de uma cegueira: Fim dos Tempos, Eu sou a Lenda, Mad Max, Water Wold , e etc. A insistência de usar uma fotografia estilizada (esbranquiçada) acaba se tornado repetitiva e maçante. Sem dúvida nenhuma que Ensaio de uma cegueira é inferior ao anterior O Jardineiro Fiel. O que resta depois de tudo é aquele nó na garganta, talvez um pouco de nostalgia porque o Diretor de Cidade de Deus não existe mais, pois se entregou ao clima de Hollywood.
Críticas
5,0
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