Esses Amores é um filme de Claude Lelouch, um diretor que eu particularmente não conheço, mas ouvi falar por aí – ou melhor, li no blog da própria distribuidora do filme, cof cof – que adora misturar vários gêneros em seus filmes. Fato importante, explica muito sobre este filme, e sobre o que vou falar por aqui. Como não conheço a obra de Lelouch, me restrinjo a falar do filme pelo que ele é. E já adianto que o resultado é ruim.
Em cena temos Ilva (Audrey Dana), uma jovem de belos cabelos ruivos que se apaixona facilmente. Vivendo em uma França em plena Segunda Guerra Mundial, consegue se apaixonar por um oficial nazista que quase matou seu pai (!) e, depois, por dois soldados norte-americanos ao mesmo tempo. Fora eles, temos o seu pai, um projetista de cinema interpretado por Dominique Pinon; seu namoradinho francês que se torna rapidamente ex; o advogado que a defende desde o início do filme no tribunal por um crime que só desvendaremos ao final; a judia por quem tal advogado se apaixona no campo de concentração alemão; um casal de músicos que vive cantarolando pelo caminho da moça, não se sabe ao certo por quê. Ufa! O filme tenta dar conta do background de CADA personagem, sem nos poupar ainda de detalhes sobre o contexto histórico, passando lentamente por cenas de guerra e acontecimentos ligados a elas. Ah, misture à receita um monte de referências metalinguísticas ao cinema, e pronto! Temos um filme longo, confuso, e indefinido.
A ‘confusão’ dos fatos não é de todo ruim: faz você se esforçar para amarrar cada ponto da história, mas não deixa nenhum deles soltos – pelo menos eu não percebi. Mas várias cenas poderiam ser facilmente cortadas da história, totalmente desnecessárias, servindo só pra cansar a gente na cadeira. Faltou foco. Faltou norte. Me peguei pensando no que eu iria jantar depois da sessão em alguns momentos.
Isso se deve – e muito – à mistureba de estilos. O filme não sabe se é drama, se é comédia, se é romance ou musical. Não liga. Não dá tempo de sofrer pela brutalidade da guerra, pois logo depois somos levados ao meio de uma roda de dança frenética e feliz entre quem estava sofrendo há minutos atrás. Nem dá para nos apegarmos a uma história de amor ali, já que nossa protagonista cada hora está com alguém e – convenhamos – não parece sofrer nem se importar muito com nenhum deles, pelo menos com este aceleramento dos fatos. E também não é uma ou duas cenas que parecem ter saído de um musical da Broadway que vão tornar o filme uma comédia cheia de purpurina.
Então, lhe pergunto: o que raios é Esses Amores?
No mesmo blog que citei lá em cima, li que a intenção do longa era ser uma ‘síntese’ da carreira do diretor, uma homenagem ao cinema, etc e tal. Pois bem: do mesmo jeito que fiquei magoada com Lars Von Trier, pois ele não tinha o direito de fazer eu engolir guela abaixo o controverso “Anticristo” só porque andava depressivo, acho que esta maçaroca de acontecimentos e gêneros só faz sentido e é legal para o seu criador – e no máximo para a mãe dele, vai saber.
Entre umas 600 cenas, têm umas dez que valem a pena. A atuação de Audrey Dana até que salva, coitada. Mas achei todo o resto bobinho. A menina mal se revolta quando descobre (spoilers!) que os próprios amigos da família mataram seu pai. WTF?! E os clichês? Se apaixonar por um negro e um branco ao mesmo tempo, transformar o negro em bonzinho e o branco em mau e levá-los para a boate “Black & White”. E todos os ‘maus’ se dando mal (o nazista, o boyzinho) e os bonzinhos se dando bem (o advogado, o ex-namoradinho), e a ceninha forçada da música de ‘amor’ improvisada do final… Não acreditei em nada daquilo, não mexeu com meus sentimentos, não serviu pra muita coisa. Tipo comédia romântica de Hollywood, sabe? Um filme fácil, com final fácil, e também fácil de esquecer.
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