Uma comédia inteligente que lembra as de Woody Allen mas que tem uma vantagem em relação a elas: faz rir a bom rir.
Muitas comédias românticas tratam da relação de duas pessoas que se apaixonam e vivem mil problemas para, no fim, ficarem juntos e com uma relação que ainda há-de acabar em casamento. Bem, Esqueça Paris faz algo diferente: explora a relação das duas pessoas depois desse momento que, supostamente, dita o destino do casal, ou seja, que se amarão para sempre. As coisas nem sempre são assim. Depois do casamento, o casal ainda tem muito que enfrentar.
Este filme mostra algumas dessas dificuldades por que o casal passa, e fá-lo muito bem. Como na vida real, as crises acontecem de uma maneira crescente, sendo que o ambiente vai ficando pesado lentamente, até tudo explodir. Todos os problemas do casal soam verídicos, mesmo considerando que o filme tem uma boa dose de absurdo, mostrando situações constrangedoras que poderiam de facto suceder, mas seria preciso muito azar para isso. E, juntamente com o absurdo, vêm as situações cómicas e, claro, as piadas. A maior parte delas é muito engraçada, para além de inteligente. E, ao contrário de muitas piadas dos filmes de Woody Allen, estas não cometem o erro de serem inteligentes demais; qualquer pessoa que perceba um pouco mais da vida compreende as piadas.
Ainda em relação às crises, elas funcionam muito bem também com o espectador. Conseguimos sentir muito bem quando o ambiente está pesado, e chegamos a ter um certo receio de que algum dos elementos do casal faça ou diga alguma coisa que faça a situação piorar ou que acabe mesmo com a relação do casal. Além disso, o filme tem outra característica curiosa: faz-nos ver algumas coisas pelo ponto de vista dos dois personagens principais. Um exemplo disso é o facto de Ellen nos parecer ora mais bonita, ora mais feia consoante o que Mickey sente! É estranho, mas é verdade. Por vezes, quando ele já nem pode ver Ellen, ela parece perder parte da sua beleza. E o contrário também acontece quando Mickey se arrepende e pensa em voltar para Ellen.
Há vários outros pontos que tornam o filme ainda melhor. Primeiro, a ideia de contar a história de Mickey e Ellen no contexto de uma simples conversa de café foi muito interessante. Depois, a maior parte das personagens, apesar de serem pessoas normais, tem um lado cómico; são todos divertidos, até mesmo os mais secundários, como o garçom. Para além disto, apesar de partir de uma sinopse que parece anunciar pouco mais que uma novela, o filme nunca perde o interesse. Explorando muito bem o tema da vida pós-casamento, a história é conduzida de uma maneira bastante competente, sem nunca perder o ritmo. Tudo isso é de louvar.
Esqueça Paris é uma comédia muito divertida, para além de ser inteligente. É muito agradável de se ver.
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