Lupas (65)
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É agradável até certo ponto no primeiro ato, mas o roteiro absolutamente pretensioso (que faz até lembrar o tenebroso "Truque de Mestre") com muitas reviravoltas incríveis, além de um daqueles típicos protagonistas sabe-tudo acompanhado de um vilão burro caricato, acaba com qualquer mérito da proposta inicial.
Leandro Costa | Em 30 de Outubro de 2021. -
Muitas cenas cômicas forçadas, embora a maioria seja realmente engraçada. Além disso temos o grupo de amigos que cometem também exageros em prol do grupo. Acima de tudo, claro, um relacionamento amoroso que surge, "se constroi" e se mantem sem qualquer sentido logico ou, particularmente, sem qualquer justificativa emocional. Acho que o filme abraça seus exageros e os admite para o público, o que traz um tom de honestidade raro nesse tipo de obra. No fim, o filme acaba valendo pelo carisma.
Leandro Costa | Em 10 de Setembro de 2021. -
Muito interessante do roteiro colocar o álcool numa posição neutra, nem como um inimigo mortal nem como um elemento de puro júbilo. Temos o etilismo aqui analisado de forma realista em curto prazo, isto é, somente um meio para se alcançar e lidar com verdades veladas. Não necessariamente o melhor ou pior meio; o filme não analisa o mérito, mas os fatos. O ritmo um pouco irregular atrapalha o desempenho final como obra, e justifica a nota.
Leandro Costa | Em 22 de Julho de 2021. -
A missão desse roteiro era temerária: uma animação para adultos, trazendo como base um universo musical (e um não muito popular, Jazz), discussões metafísicas e uma metrópole caótica. Definitivamente não é um filme de humor... em meio a tantos temas pesados, as tentativas de comicidade (num filme da Pixar!) ficaram incrivelmente deslocadas. É claro que o final tinha de trazer alívio as nossas pobres almas, o que é feito com apelo emocional um pouco forçado, embora não tire a força da mensagem.
Leandro Costa | Em 14 de Fevereiro de 2021. -
Filme excessivamente - e até cansativamente - confuso a partir de certo ponto, por trazer diálogos rápidos aliados a uma profusão desnecessaria de personagens. Em conjunto com a estética, contudo, é um belo trabalho, com ótimas fotografia e utilização de sombras. Discordo um pouco da idéia de Kathie se comportando como femme fatale (embora, sim, a mulher se prove altamente letal); para tal faltou desenvolvimento de traços mais profundos da personagem; deficiencia, alias, bem prevalente na obra.
Leandro Costa | Em 14 de Fevereiro de 2021. -
Assistir a Kiarostami é como assistir a uma jovem árvore crescer. O que começa como uma atividade aparentemente improdutiva ganha, aos poucos, sentidos próprios. Próprios mesmo de quem assiste, mais do que do relato em tela. Deixe-se embarcar nessa sonolenta viagem e, com sorte, ao fim, o conceito de produtividade nada mais significará, e não pensaremos mais nos porquês nem na necessidade dos porquês, mas naquilo que foi, e bastou.
Leandro Costa | Em 25 de Agosto de 2020. -
Poderia até levar nota melhor não fossem alguns revoltantes alívios cômicos. É tão difícil achar um clima tenso nesse nível, então por que estragar a nossa diversão? Mancada do sr. Dallamano. Mas falando sério, que tensão incrível... direção ágil, transições inteligentes, suspense em dose alta, violência crua. Se o espectador não é daqueles que ficam descontentes por atuações caricatas aqui e ali, com certeza vai se comprazer com o trabalho visto em totalidade.
Leandro Costa | Em 22 de Agosto de 2020. -
Obra que ganha o espectador aos poucos, exigindo uma quantidade relevante de paciência, porém sem se tornar cansativa. A arriscadíssima adição do sobrenatural a um filme de proposta policial/investigativa é muito bem realizada e, assim como a tensão, também se dá em crescendo. Ao fim, já pouco se sabe o que realmente foi, o que é e o que será, restando a certeza de uma bela experiência cinematográfica.
Leandro Costa | Em 17 de Agosto de 2020. -
Ao assistir à obra pela primeira vez, dormi em menos de 15 minutos. Ok.. é Kiarostami. No dia seguinte, nova tentativa. Vencida a lenta meia hora inicial em que não fazemos muita ideia do que está acontecendo (nem mesmo do que é real e do que é ficção), o filme engrena de uma forma em que é impossível desgrudar os olhos. Como pode um diretor ter tamanha habilidade pra tirar tanto de uma história tão simples? Ainda perplexo com esse sr. Sabzian e sua dissimulação.
Leandro Costa | Em 17 de Agosto de 2020. -
Assisti pelo carinho que tenho pela aviação e pela admiração ao feito memorável do capitão. Algumas cenas forçadas, mas dentro do esperado... afinal, é preciso encher um pouco de linguiça pra conseguirmos um longa metragem desse argumento. Não me atentei muito nos créditos iniciais e só ao final tive curiosidade de saber que diretor teria tido a capacidade de tirar tanto sentimento de uma história que, apesar da imensa importância, foi em essência muito simples. "Ah... tá explicado".
Leandro Costa | Em 08 de Agosto de 2020. -
O mais interessante é a relação entre os contrastes e seus adeptos fanáticos: é impossível encontrar a felicidade verdadeira na dependência de outro ser, assim como na completa solidão. Há inicialmente um interessante emprego de metáforas para expressar essas duas linhas de pensamento (p. ex. uso de roupas idênticas no primeiro; cavar a própria cova, no segundo), mas que se perde um pouco no final. A frieza é excessiva - como de hábito para o diretor - e ilustra algumas tendências modernas.
Leandro Costa | Em 08 de Agosto de 2020. -
Sim, a proposta apresenta uma execução corrida, e, por tal motivo, tem menos credibilidade agregada. Obra que vale sobretudo por sua essência, por nos lembrar que sempre habitará no coração humano uma capacidade de fazer o mal que, uma vez que conhece condições para se exacerbar, não é famosa por respeitar limites.
Leandro Costa | Em 27 de Maio de 2020.