Lupas (326)
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Zumbis provenientes de uma monstruosidade marinha. A fita não se furta do seu objeto e parte a ele frontalmente. Quando começa o ataque zumbi, é o apocalipse sem fim. Crítica social ao uso desenfreado dos combustíveis fósseis e uma direção de fotografia com uso abusado de planos holandeses distorcidos completam e deliciosa esculhambação. Zumbis, cabaré, bar, cachaça, peixe frito empanado, nudez, desmembramentos e demônios. Não tem como dar errado uma mistura dessas.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 20 de Dezembro de 2023. -
Tenta criar uma atmosfera crível para o tour de fource de Hanks como o vizinho chato e se utiliza de uma psicologia imagética de cores para sensibilizar o espectador num esquema de redenção já muito repetido. Usa dos tons frios em volta de Hanks (clima com neve justifica isso), que servem para mostrar sua grosseria em superfície, assim indo desmontando as camadas até seu findar, com as cores levemente se modificando. Vale pela atuação de Hanks e de Mariana Trevino como seu esperto contraponto.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 14 de Dezembro de 2023. -
Esquema de perigo a bordo em estrutura marítima metálica. Que teve vários exemplares nos anos 90. Esse aqui faz uma mistura entre Hardware - O Destruidor do Futuro (1990) e Tentáculos (1998), com um roteiro com a preocupação em destroçar com violência os personagens sem se ater demais a uma estruturação mais tácita para justificar sua narrativa fanfarrônica. Os efeitos visuais em CGI e - principalmente - em animatrônicos - seguram bem a tensão, juntamente com o bom elenco. Violência caprichada.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 14 de Dezembro de 2023. -
Material de baixo orçamento que mescla música synthwave, violência descomunal splastick e universo pós-apocalítico regado a perseguições de bicicleta e selvagerias à rodo. Mais uma homenagem aos anos 80 que escolhe propor a jornada de seu protagonista inocente que julgado e libertado é sob a égide da mesma esculhambação violenta. As relações grosseiras entre os personagens seguem à risca o jogo em seu nascedouro, pecando apenas no ritmo aqui e acolá. Mas a experiência é joia.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 13 de Dezembro de 2023. -
Partindo da criação dum longa-metragem documental com parte da gravação perdida – estima-se que ¼ sobrevivera ao tempo –, e que busca ser um trabalho que vise dar dimensão ao dia a dia das localidades nordestinas do começo do século 20. Possui ainda certa riqueza de detalhes que funcionam tanto como fontes históricas úteis, quanto como imagens sujeitas à qualificação documental diante dos mais variados níveis de informações contidas em sua duração, mesmo quando sabemos de sua condição inacabada.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 09 de Dezembro de 2023. -
A cacofonia visual de uma cidade em crescimento desenfreado. Chega a apontar um trato de contradição e dubiedade como estratégia de começo apenas, para se delegar ao tesão por um progresso agressivo. O maior destaque é mostrar a garbosidade/grandiosidade de São Paulo, e nisso o filme se arvora como registro da farta arquitetura paulistana do período. Um registro de assaz importância para a história brasileira, mas que lhe falta sagacidade para com o contraditório de suas próprias estruturações.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 09 de Dezembro de 2023. -
Filme de antologia. Se arvora na intenção de contar determinadas narrativas através de acontecimentos fantásticos que se justifiquem nas interpretações de todos a respeito da mentalidade do protagonista. Parte da criação de climas de terror variados – com farto uso da trilha sonora para tal – em várias estórias, sonhos, alucinações e aparições fantasmagóricas. O seu findar quando junta as estórias para encaixá-las em um pesadelo de círculo eternamente vicioso, faz valer a jornada.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 07 de Dezembro de 2023. -
Há um aspecto de romanização no trato ao cangaço que longo quando aparece, em seguida é posto em contraponto com alguma carga dramática contrária. O filme aponta estas contradições como inerentes ao grupo de cangaceiros. Num esmero dramático que chegaria em seu findar com um fechamento considerado por muitos como o único possível para aqueles que do cangaço viviam.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 07 de Dezembro de 2023. -
Os acertos ficam nalgumas escolhas visuais onde a concatenação do ambiente claustrofóbico do barco funciona muito bem, unindo trucagens de iluminação e câmera para nos manter sempre presos ali assim como à deriva no mar. Nos fazendo jamais esquecer do quão ainda inóspito é aquele espaço e quão estão em abandono por aquilo que é externo a ele. Um ambiente de desgraça. Tem como maior equívoco a dupla de protagonistas que servem à obviedades narrativas numa mastigação inútil ao expectador.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 21 de Novembro de 2023. -
Aposta num tom mais severo na violência enquanto tem um tom mais intimista de seu personagem numa busca por uma desejada paz. Um findar diante da trajetória de destroço já percorrida. A ação mesmo com o aumento da brutalidade está mais contida em quantidade aqui. já que a preocupação é pela noção de tempo passado e busca por redenção. Nestes pontos a direção consegue ser sóbria e não apela a cafonices e bobagens diversas. Encerra - de forma decente a saga, mesmo sendo o mais fraco dos 3 filmes.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 21 de Novembro de 2023. -
Vale por tratar a questão da terceira idade sem romantismos ou sensacionalismos baratos. Sem muito choro. Diverte pela proposta inusitada.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 21 de Novembro de 2023. -
Investe em narrativas densas com camadas escrotas envolvendo o todo e aqui ele escolhe um tom mais intimista na narrativa quando utiliza uma proximidade visual maior sobre os personagens. Aproximando sua câmera e estabelecendo planos abertos óbvios somente para mostrar o ambiente em sua magnitude do petróleo com os osage. Dito isso o filme circunda sobre um tema complexo, mas apertando na ferida de maneira até soft porn. Leve demais mediante as possibilidades. Mas sempre é bom chegar junto.
Ted Rafael Araujo Nogueira | Em 19 de Novembro de 2023.