"Um filme bem feito e interessante, porém dispensável se não tivesse Meryl Streep."
A culinária é uma área explorada muito de vez em quando no cinema, o que é uma pena porque os poucos filmes sobre o assunto que já vi trouxeram um resultado bastante positivo. Até a Disney/Pixar soube usar o tema de forma magistral ao produzir o fantástico "Ratatouille" em 2007. É tentador ver belos pratos de comida nos filmes do tipo e é interessante ver a história de alguém tão afeiçoado ao ato de cozinhar.
"Julie & Julia" é um livro que foi lançado em 2005 e que, consequentemente, deu origem a esse filme 4 anos depois. Escrito por Julie Powell, narra sobre um ano em que a mesma dedicou os seus 365 dias para realizar um desafio: fazer todas as receitas contidas no livro da famosa cozinheira Julia Child. Todas as experiências ocorridas durante essa empreitada são publicadas em um blog.
Além desse livro, o filme utiliza a autobiografia de Julia (intitulada "My Life in France") para narrar uma história paralela, sobre como ela ingressou no mundo da culinária, teve aulas, conheceu pessoas e escreveu suas receitas. Isso lá pro final da década de 40. E dessa forma que o roteiro é estruturado, alternando entre os dois enredos de forma interessante, mas que vai cansando aos poucos.
Em primeiro lugar, devo dizer que o maior destaque do filme está na atuação de Meryl Streep. A atriz que possui anos de carreira e várias indicações ao prêmio máximo da indústria cinematográfica praticamente brinca de 'ser Julia Child'. Seu tom de voz, suas expressões faciais, toda a personificação dada por Meryl está perfeita e contribui bastante para que o filme não perca a graça. Com um ritmo arrastado, "Julie & Julia" poderia ser um filme qualquer e passar despercebido, mas graças a esse fator, ele será bem lembrado.
Outras características positivas presentes no filme são: o figurino de época muito bem selecionado, exibido nas passagens da vida de Julia; a trilha sonora carregada de blues e jazz que nos remete àquela época e dá todo o clima retrô as devidas cenas; a direção de arte que fez um trabalho satisfatório, se destacando quando apresenta as cidades francesas por onde Julia Child passa. Vale lembrar que todas essas qualidades estão presentes somente nas partes que mostram a história da cozinheira.
Não que os momentos da vida de Julie Powell sejam desinteressantes, mas eles não tem a mesma graça e dessa mesma forma contribuem para a irregularidade do filme. A atuação de Amy Adams é boa e convence bastante, assim como a participação dos demais, porém o problema está mesmo no roteiro, que narra os desafios encarados por Powell de forma superficial e destemperada. Ainda por cima, o seu final é bem previsível.
Após a sessão, me senti como se tivesse assistido um filme divertido, interessante e que serviu como um bom passatempo, porém não ví nada que fosse maravilhoso (fora a atuação de Meryl). Uma narrativa batida e que não marcará seus espectadores. Da mesma forma que Julia Child avalia um de seus pratos, avalio essa obra: "it's pretty good, but not great".
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