Odiada por muitos e adorada por poucos, Stephenie Meyer desconstruiu a personalidade dos vampiros, um dos seres mais famosos e importantes da literatura fantástica, para contar o romance ensosso entre Bella Swan e Edward Cullen, onde os vampiros eram criaturas que brilhavam a luz do dia, tinham uma dieta de sague de animais, tinham super-poderes e tentavam viver uma vida normal entre os seres humanos, além, é claro, dos lobisomens que se transformavam quando estavam nervosos e não durante a lua cheia (como deveria ser). Crepúsculo foi um sucesso assustador e que acabou traumatizando muita gente que gostava de tramas envolvendo vampiros clássicos e se deparou com uma total bobagem que servia apenas como entretenimento para adolescentes. É por isso que Meu Namorado é um Zumbi (ou Warm Bodies no título original) não empolgava: Por conta de sua incomum premissa o filme tinha tudo para seguir os mesmo passos da saga sobre vampiros apaixonados, afinal conta com um romance entre um Zumbi e uma garota num mundo pós-apocalíptico.
Felizmente, Warm Bodies deixa de lado as juras eternas de amor entre os protagonistas, e segue o caminho da comédia não levada á sério, deixando a trama inusitada mais descompromissada e mais divertida de se acompanhar. Adaptado do romance escrito por Isaac Marion (que não li), a fita conta como protagonista um zumbi chamado R, que em uma divertida narração em off expõe seus conflitos por estar morto para a plateia discutindo sobre sua natureza e querendo mudar algo em seu comportamento. Até que come o cérebro de Perry e após absorver algumas de suas memórias (uma das modificações mais significativas na figura do Zumbi), R se apaixona por Julie, uma garota que acaba sendo salva pelo zumbi e sendo obrigada a conviver por algum tempo com ele.
Formados por uma maquiagem sutil e que faz poucas modificações nos rostos dos atores (palidez, alguns hematomas, veias saltadas para fora e cicatrizes), os zumbis de Warm Bodies falam, são conscientes, conseguem correr, são racionais e têm sentimentos. Exatamente o oposto do que a cultura Pop estabeleceu: Zumbis são pessoas mortas, com apenas uma parte do cérebro ainda em funcionamento, parte esta que é responsável apenas por manter vivo o instinto mais básico dos animais terrestres, abandonando qualquer outro sentimento ou sensação. Ou seja: para conseguir ver Meu Namorado é um Zumbi inteiro você tem que aceitar um pouco essas novas características desses seres. Mas não se preocupe, você não terá que se esforçar tanto assim, afinal o longa se apoia completamente no humor para sobreviver (e sem ele sobra pouco). Não que Warm Bodies seja uma comédia atolada de cenas engraçadas: As piadas aparecem em poucos momentos, equilibrando o humor com o romance com a reflexão social.
Divertidíssimo, rápido e que não deixa você se preocupar com zumbis românticos – aliás, é curioso até que o romance é construído de maneira eficiente e palpável - Warm Bodies também tem diversos problemas, a maioria deles envolve o ato final, quando os problemas são solucionados de maneira extremamente rápida e insatisfatória, e quando o roteiro introduz elementos desnecessários á narrativa. Mesmo com esses defeitos pontuais, Meu Namorado é um Zumbi funciona como uma surpreendente combinação de Romeu e Julieta, Zumbilândia, Shrek e os filmes de George A. Romero que apenas por não ter o diálogo “Eu te amo” “Mas eu você não pode ficar comido. Eu sou perigoso” merece ser visto, mesmo que seja para ser esquecido alguns dias depois.
Devido à esse comentário acabei desistindo de ver esse filme, achei que teria algo de interessante ao vê-lo, assim como foi com o surpreendente Zumbilândia. Pra ver e esquecer alguns dias depois, tô me cansando de ver filme assim atualmente.
Estava entre uma das minhas listas de filmes que veria, agora vai pro limbo, quem sabe um dia na Sessão da Tarde verei.