A palavra que me vêm a mente é honestidade mesmo quando a câmera rústica se excede e incomoda o olhar ou mesmo quando nem sempre a narrativa possui grande fluência. Tem frescor, tem originalidade, tem um conto acima de tudo humano mesmo quando algumas atuações ficam abaixo do nível do aceitável. Faltou pouco para uma obra prima. Só critica o cinema nacional apaixonado por Homem-Aranha.
O filme aborda com uma sensibilidade incrível temas muito pesados, trazendo uma pitada de vida em cada ato de Violeta, em seu cuidado com a avó, com Margarida, com Ivan. De início, alguns aspectos técnicos e atuações soam meio artificiais, mas o que parece incomodar, na verdade, deixa o filme ainda mais fresco, verdadeiro, palpável. Cenas belíssimas na casa de Margarida, e o Babu muito bem, tendo a oportunidade de sair dos estereótipos que sempre o colocam. Filmaço!
Com simplicidade ao lidar com a perda, histórias se encontram em suas semelhanças através de experimentações narrativas das mais belas e tortuosas, com o real e simbólico se confundindo na imagem, som e montagem.
É inegável que possui muito mais qualidades do que defeitos, especialmente levando em conta o baixo orçamento - se há diálogos e algumas atuações soando artificiais e forçadas, a montagem, o uso do som e as sequências alucinatórias são um achado. Destaque óbvio para Valdineia Soriano.
Singelo e honesto, daqueles filmes que trazem um frescor e um carinho ao coração. A escolha por mostrar a maior parte das memórias apenas pela via sonora é um grande acerto.