Á cada cena que se passava eu ficava mais envolvido com a trama de Compramos um Zoológico, e é interessante afirmar isso já que o roteiro conta uma história absurdamente simples que já fora usada e reciclada diversas vezes dentro da Sétima Arte. Um homem, interpretado por Matt Damon, que após perder a mulher resolve cometer uma virada em sua vida: Comprar uma casa no campo e que na verdade é um zoológico, assim Benjamin começa a cuidar do lugar e seus animais, enquanto tenta se aproximar com o filho mais velho além da delicada situação financeira e emocional que ronda sua vida pessoal e profissional.
Sim! É uma daquelas histórias de superação profunda que resulta em mudanças de vida e tudo mais... A diferença aqui é que Compramos um Zoológico é dirigido por Cameron Crowe, que já tem experiência nesse tipo de longa metragem (Jerry Maguire – A Grande virada) e assim este tem um gostinho melhor do que as outras produções que tratam deste assunto.
O roteiro (no mínimo curioso) de Compramos um Zoológico consegue lidar com situações frágeis e – diferente da maioria dos filmes que estão sendo lançados nos cinemas ultimamente – consegue dar verdade á tudo aquilo que acontece na tela (talvez porque seja baseado em uma história real), porém o impressionante é a forma que Cameron Crowe, que também roteiriza ao lado de Aline Brosh, que consegue tratar tudo (personagens e história) com sutileza e nunca demonstrando limitação. E assim, este consegue se tornar um dos melhores roteiros comuns (ou seja: um roteiro que conta uma história reciclável) simplesmente por utilizar uma história que não parece tão complexa para se aprofundar mais nas emoções dos personagens, e ainda escapar – ou usá-los de maneira menos forçada – aqueles clássicos clichês...
Estão aqui: A cena em que o protagonista olha fotos da mulher e começa a chorar, o momento em que tudo parece ter sido em vão e aquela sequência de redenção – neste caso, entre pai e filho – mas aqui todas surgem com um “pequeno” diferencial; nos importamos muito com os personagens e seus objetivos, então todas as cenas citadas a cima (e algumas outras, também) funcionam muitíssimo bem, causando os mais variados tipos de reação – desde a agonia até a felicidade.
Auxiliado pelo ótimo design, Crowe conduz maravilhosamente bem todas as fases da história e ainda consegue aprofundar algumas sub-tramas e torná-las tão emocionantes e importantes como a trama principal, como o ótimo romance entre os dois personagens pré-adolescentes. O filme ainda merece créditos pela sua fantástica parte técnica, que apesar de parecer um tanto quanto limitada em alguns momentos, consegue fazer um contraste eficiente entre a vida urbana e a rural com uma fotografia impecável que faz todo o visual ser ainda mais cativante e assim o filme em si acaba se tornando mais leve e divertido de ser assistido – e é incrível ver como as duas horas de duração parecem voar.
Compramos um Zoológico ainda me cativou com seus personagens e mesmo que estes não sejam trabalhados como deveria, funcionam muitíssimo bem. O personagem de Damon é um exemplo disso: Mesmo não sendo diferente de alguns outros sonhadores que já deram as caras no cinema, Benjamin têm sentimentos verdadeiros e objetivos palpáveis, e mesmo que não demonstre isso todo o tempo é fácil compreender a razão de tudo aquilo: A morte de sua esposa. E mesmo que não conhecemos a mulher o roteiro abre portas para ver as consequências de sua partida e assim imaginar como ela seria – o que ainda é mais trabalhado numa cena em questão (belíssima). Ainda por cima é muito ver Damon sair do papel que tem interpretado na maioria de seus filmes (como em Os Agentes do Destino, A Trilogia Bourne e Contágio) e mostrar versatilidade em suas atuações ao dar vida á um homem extremamente comum.
Mas não é apenas Matt Damon que demonstra competência, Elle Fanning comprava mais uma vez seu talento fora do normal e sua atuação é capaz de aprofundar ainda mais sua personagem – que não é bem explorada pelo roteiro, que a mostra como a típica menina do interior. Scarlett Johansson ainda entrega um ótimo trabalho e se mostra uma grande atriz que além de ter um excelente timing cômico (como demonstrou no ótimo O Diário de uma Babá) também demonstra eficiência em trabalhos mais dramáticos (como no inesquecível Encontros e Desencontros). O restante do elenco também consegue desempenhar seu papel. Colin Ford e Stephanie Szostak convencem e têm alguns ótimos momentos diante da câmera.
Com uma trilha sonora ótima que ajuda na ambientação, Compramos um Zoológico é um filme que não consegue escapar dos clichês genéricos, mas os usa com beleza e tudo parece como se fosse visto pela primeira vez. É uma pena que o filme não tenha tido o reconhecimento que merecia. Mesmo dividindo opiniões – e com alguns defeitos plausíveis - Compramos um Zoológico tem algumas qualidades que comprovam minha teoria, e que raramente encontramos essas qualidades em filmes ruins, portanto: Compramos um Zoológico é um ótimo filme!
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