Um filme de homens, mas carregado nas costas por mulheres
Quando 300, lançado em 2007, levou às telas uma das mais famosas séries de HQ do mestre Frank Miller, o murmurinho foi grande. Um filme que trazia de volta a empolgação de se assistir épicos, seja pelos efeitos, que inspiraram diversos filmes pós esse, e até mesmo séries de tv, como foi o caso de Spartacus, ou pela violência exagerada que enchia a tela com sangue, fora a carisma do seu protagonista, Gerard Butler na pele do rei Leônidas que cuspia suas frases de efeito o filme todo à plenos pulmões. Tudo isso acarretou numa das mais bem sucedidas adaptações de quadrinhos, e agora sete anos depois, eis que os 300 resolvem reaparecem nos cinemas, mas não dá mesma forma, pelo contrário, muito aquém do esperado, sendo nem uma sombra do filme original, caso não fosse seu nome e vilão, nenhuma ligação seria feita entre ambos tamanha apatia desse novo episódio.
A trama se passa paralela aos acontecimentos do primeiro filme, logo após Leônidas brandir a famosa frase "This is Sparta e dar inicio à uma sangrenta guerra contra o Rei Deus Xerxes.
Mesmo se tratando de uma mesma ideia, e mesmo não esperando que fosse a mesma qualidade do primeiro filme, não esperava algo tão bocó e sem empolgação alguma. As batalhas apresentadas aqui são tão bestas, parecendo mais algo saído de alguma série de tv pobre, sem nenhuma expectativa, simplesmente aparecem e somem de tela sem fazer diferença alguma, tanto que o de mais violento e empolgante no filme todo é a cena de sexo entre Themistocles e Artemisia. Os efeitos são fracos, talvez por já ser algo esperado e já visto inúmeras vezes, o visual não causa nada, diferente do primeiro, muitos cenários soam extremamente artificiais, não dão uma aparência de inovação e ao contrário de antes, torna-se um ponto negativo no saldo final.
Outro fator, talvez o que mais pese de todos os contras, seja seu protagonista. Leônidas enchia a tela, tinha carisma, o expectador ansiava por vê-lo em ação, graças ao bom trabalho de Butler. Aqui, temos o grego Themistocles como bola da vez, mas só em teoria, pois parece ser um completo coadjuvante, em momento algum passa a imagem de líder, quando grita suas frases de efeito, essas vem sem efeito algum, se perdem no vento como nada, talvez seja a escolha do ator, Sullivan Stapleton, ou uma simples comparação com o original, o fato é que não colou como esperado.
Outro fator que me incomodou é que, ao começo do filme, aparentemente este seria mais voltado à Xerxes, sua história de origem e assim por diante, mas isso se mostra sendo só um breve prólogo, numa rápida passagem ele passa de humano comum à um Deus Rei (de forma bem idiota por sinal).
No fim das contas, um filme que ficou conhecido por ser de macho, dessa vez acabou sendo construído por mulheres. Eva Green é a estrela do longa, ela brilha quando está em cena, mostrando uma personagem forte, interessante e muito bonita, a francesa dá show e mostra a competente atriz que é.
E outra que brilha nas poucas cenas que aparece é Lena Headey, a estrela de Game of Thrones retoma o papel da Rainha Gorgo e no pouco tempo que dá as caras rouba a cena da marmanjada toda, e recita a famosa frase dita pelo marido no primeiro filme, tornando essa continuação realmente um "filme de mulheres".
Num saldo geral, essa continuação foi besta e completamente desnecessária, não acrescenta em nada, não traz o brilho do primeiro filme, e jogou uma mancha em cima do nome 300, salvo as performances das duas atrizes, de resto vemos minutos de pura tentativa frustrada de uma cópia de mau gosto.
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