“Nós matamos um, e talvez salvamos mil.”
O Procurado, dirigido pelo russo-cazaque Timur Bekmambetov a partir de um roteiro adaptado da graphic novel de mesmo nome, é o mais perto que o cinema chegou de Matrix depois do encerramento da trilogia dos irmãos Wachowski. Porém, ainda que exiba alguma pretensão filosófica ao longo de sua duração, o filme estrelado por James McAvoy, Angelina Jolie e Morgan Freeman prefere focar-se na ação recheada de efeitos especiais, que numa inversão de uma das cenas mais famosas do filme dos Wachowski, permite os personagens desviarem balas ao invés de desviarem delas.
McAvoy interpreta Wesley Gibson, rapaz apático que vive dia após dia em uma apatia que o faz olhar para si mesmo com desprezo. E como poderia ser diferente? Desprezado pela chefa em um emprego que detesta, namorado de uma moça que lhe trata como um perdedor e o trai todos os dias com seu colega de trabalho e “melhor amigo”, Wesley vive sob o efeito de remédios para suas crises de ansiedade que sempre parecem prestes a fazê-lo explodir. O que ele logo irá descobrir, no entanto, é que o que sente não é ansiedade, mas seu coração batendo 400 vezes por minuto, herança de seu pai, membro de uma fraternidade secreta de assassinos que recruta o rapaz para seguir os passos de seu velho como um matador implacável e assim vingar o assassinato dele pelo misterioso Cross (Thomas Kretschmann), ex-membro da fraternidade. Os responsáveis pelo seu treinamento são a bela assassina Fox (Jolie) e Sloan (Freeman), figura que comanda a fraternidade e é responsável por repassar os nomes que devem ser assassinados aos seus matadores.
De início inseguro e assustado, Wesley logo se torna um confiante e eficiente matador, numa transformação que lembra a do Narrador (Edward Norton) de Clube da Luta, motivado pelo alucinado Tyler Durden (Brad Pitt). Têm-se então os inevitáveis acertos de conta com o passado insatisfatório do protagonista, quando ele pode enfim colocar todos os que fizeram pouco dele em seus devidos lugares: um cala a boca pra chefe, um soco bem dado no “melhor amigo” e, claro, beijar uma gata de parar o trânsito na frente da ex-namorada. Essa mudança na postura de Wesley rende um dos melhores momentos de humor de um longa que é recheado deles, quando o rapaz se desculpa ironicamente com uma vítima de suas balas numa variação dos pedidos que simbolizavam sua insegurança passada. O humor, aliás, é uma saída inteligente para amenizar a violência gráfica da narrativa já que balas em câmera lenta atravessando cabeças poderiam se tornar imagens pesadas demais se tratadas com seriedade excessiva – e claro, comprometeria a classificação etária da obra e, consequentemente, a bilheteria.
Embalado em uma filosofia de botequim sobre assumirmos o protagonismo de nossas vidas – algo que rende uma inspirada quebra da quarta parede ao fim do filme - e arranhando a superfície de uma discussão da ética envolvida no assassinato sem saber a motivação de tal execução – apenas a confiança cega no principio exposto na abertura desse texto e, claro, nas ordens de um tear (!) -, O Procurado quer mesmo é explorar as possibilidades de ação que sua narrativa oferece. E consegue. Bekmambetov e o montador David Brenner exploram bem todos os conceitos do universo do filme e orquestram momentos de pura adrenalina envolvendo carros em perseguição, tiroteios onde um personagem derruba dezenas utilizando uma variedade de armas que são coletadas pelo caminho numa recriação de fase de videogame que dá inveja nas produções adaptadas dos consoles e, claro, o “carro chefe” da produção, as balas que desviam obstáculos até atingirem seu alvo.
Contando com um elenco bem à vontade em seus papéis, O Procurado traz Morgan Freeman, como de costume, conferindo seriedade a um papel que nas mãos de outro ator poderia se tornar caricato, e James McAvoy abraçando bem um papel que mistura comicidade e ação, numa quase preparação para seu futuro como o jovem Charles Xavier da franquia X-Men. Mas é mesmo Angelina Jolie a dona do filme: linda como sempre, é difícil imaginar qualquer outra atriz no papel da mortal e sexy Fox, bastando ver uma cena especifica em que a atriz surge “nua” – entre aspas por que não é algo que podemos chamar de nudez, né – e com o corpo todo tatuado para constatar que a atriz sabe utilizar sua sensualidade como ninguém, conseguindo tornar o simples caminhar da personagem algo recheado de mistério e dubiedade.
Ganhando pontos por não se levar a sério, O Procurado é aquela típica bobagem que vez ou outra sorrimos ao perceber que não só acompanhamos até o fim como nos divertimos no processo. E nesse caso, devo admitir que me diverti muito.
O filme tem excelentes cenas de ação, razoáveis atuações e uma história bacana...
Mas o exagero exacerbado não me convenceu... Nota 6,5...
Esse filme tem o melhor que o cinema "passatempo" tem a oferecer. Bom texto!!!
Pô, Lucas, ainda assim a nota que cê deu foi boa hahaha :)
Valeu, André ;)
KKKKKK... Razoável...