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Críticas

Nevoeiro, O

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O aclamado mestre do horror Stephen King deve estar em polvorosa. Depois do ótimo “1408″, baseado em sua obra, ser filmado, chegou às telas em 2008 este espetacular “O Nevoeiro” (The Mist, 2007), sem dúvida o melhor filme baseado em obras do mestre, neste caso, um conto pertencente ao livro “Tripulação de Esqueletos”. É um filme que nos remonta aos grandes clássicos de terror, que realmente dão medo, que realmente são cruéis.

Uma cidadezinha do estado americano do Maine é assolada por uma grande e incomum tempestade. Sem telefone e energia elétrica, os moradores da cidade correm para o supermercado local para estocar o maior número de alimentos possível, já que a meteorologia indicava que uma nova tempestade estava por vir. Entre essas pessoas estão David Drayton (Thomas Jane) e seu filho Billy (Nathan Gamble), que tiveram a casa de barcos e uma janela destruídas pela tempestade. Pessoas essas que, em virtude da chegada de um espesso nevoeiro, ficam presas dentro do supermercado, o que é agravado pelo aviso de um dos moradores locais: o nevoeiro trazia algo realmente assustador, e ele teria visto uma pessoa sendo morta pela tal coisa que o nevoeiro trouxesse. E o sentimento de horror toma conta de todos no supermercado quando descobrem que há criaturas assustadoras lá fora, e que elas entrarem no local é apenas uma questão de tempo. E, diante da iminência da invasão das criaturas, David e Billy têm de se preocupar com um fator tão assutador quanto elas próprias: o fator humano, que põe em evidência as mais variadas reações e ações de pessoas em desespero. O medo, o terror e a fé (representada pela figura da fanática religiosa Sra. Carmody [Marcia Gay Harden]) mostram-se tão ou mais perigosos que as criaturas, e divide as pessoas no momento em que mais precisam estar unidas.

Normalmente, os filmes, sejam de terror ou não, têm seu ponto forte, seu ponto de destaque. E é esse um dos maiores diferenciais de “O Nevoeiro”: nenhum fator é muito diferente, nenhum grande destaque pode ser observado. Tudo, absolutamente tudo, é perfeito, uniforme, consonante. E o diretor e roteirista Frank Darabont mostra-se um verdadeiro especialista em levar as obras de Stephen King ao cinema. O mestre, que tem a qualidade de suas obras inquestionável, nem sempre mantém uma uniformidade. Alternando entre obras-primas (como “Carrie, a Estranha”) e verdadeiros lixos (como “Sonâmbulos”), King tem seu nome nem sempre bem vinculado a grandes filmes. No entanto, Frank Darabont tem a honra e a sorte de estar por trás dos ótimos “Um Sonho de Liberdade”, “À Espera de um Milagre” e este “O Nevoeiro”. Por coincidência, foi através do drama dos dois primeiros filmes que pudemos ver a qualidade das obras de King melhor representada nos cinemas, o que foi possibilitado pela estrela de Darabont. Por esse fato, surpreendeu a todos que Darabont fosse escolhido para roteirizar e dirigir “O Nevoeiro”, baseado no melhor dos contos do livro “Tripulação de Esqueletos”, um filme povoado de monstros. Mas Darabont, contrariando o que a maioria dos diretores fariam, não destaca as criaturas horripilantes, mas mostra-se um verdadeiro especialista em identificar o aspecto humano. É graças a Darabont que, ao longo do filme, passamos a temer tanto os “habitantes” do supermercado quanto as criaturas que o invadem e espalham medo entre as pessoas.

É impressionante o fato de que um filme de terror consiga ser passado quase em sua íntegra em apenas um ambiente. Poucos exemplos podem ser citados, mas nenhum fica tanto tempo na mesma habitação como fica “O Nevoeiro”. São impressionantes 105 minutos, de um total de 126, no mesmo supermercado, com as mesmas pessoas, mas com os conflitos sendo agravados a cada momento. E Darabont, o roteirista que adaptou de maneira genial o já genial conto de King, sustenta o clima de maneira perfeita. Ele nos transporta para dentro do supermercado a todo o tempo, fazendo-nos sentir tudo o que as desesperadas pessoas sentem. E o modo como o roteirista alia medo e fé é simplesmente arrebatador. O medo faz com que as pessoas reconsiderem tudo o que sua fé fazia-lhes acreditar, sendo completamente manipulados pela crença que lhes é imposta pela fanática Sra. Carmody, sobre quem falarei mais abaixo. Darabont tem o filme em suas mãos de tal forma que consegue fazer com que o foco do filme não fique apenas nas criaturas bastante caprichadas pelo pessoal dos efeitos especiais, mas que odiemos profundamente aqueles que se deixam levar pelos “ensinamentos” da religiosa, que dão origem a conseqüências inimagináveis.

O elenco de “O Nevoeiro” é um dos melhores já vistos em um filme de terror. A homogeneidade é impressionante, é impossível destacar um nome especificamente. David Drayton, o protagonista, é interpretado por Thomas Jane. O ator, excelente, teve o desprazer de atuar em um dos piores filmes de obras de Stephen King, “O Apanhador de Sonhos”. O pai desesperado para salvar a si mesmo, salvar o filho e ainda ajudar a todas as pessoas que pode das criaturas é interpretado por um ator completamente senhor de seu personagem, que faz o espectador sentir afeição imediata, sentir tensão e desespero junto com David. A atuação de Jane é intensa, o ator dá tudo de si pelo personagem, dando total verossimilhança. A atuação que mais convence e enche os olhos do espectador é de Marcia Gay Harden, na pele da Sra. Carmody. Em um filme de monstros tenebrosos, ela é a principal vilã, justificando seus atos atrozes pelo nome de Deus, o que se aproxima de muita coisa que vemos hoje em dia na vida real. Com seus discursos convincentes, ela é praticamente uma falsa profetisa, sendo que ela própria acredita no que diz, acredita que o caminho entre as pessoas presas no mercado podem ser conectadas a Deus através dela própria. E isso, em seu entendimento, dá-lhe o direito de condenar e sacrificar as pessoas. Com uma atuação digna de, pelo menos, uma indicação ao Oscar, apesar da homogeneidade das atuações, Marcia Gay Harden acaba sendo o nome de maior destaque, o nome de que os espectadores mais falam quando saem da sala de cinema. Mas, infelizmente, a Academia ainda insiste em fechar os olhos para o filmes de terror, o que torna injustiças como essa mais normais a cada dia. O pequeno Nathan Gamble é a grande revelação do longa. Interpretando Billy Drayton, filho de David, Nathan dá uma verdadeira aula às crianças que sonham em chegar ao concorrido mundo do cinema. Com uma atuação comovente e que não decai em momento algum, Nathan faz com que o espectador coloque seus próprios filhos em seu lugar, sendo espetacularmente verossímil. Com seus jovens dez anos de idade, o pequeno ator tem uma atuação de gente grande. Outros nomes do elenco são Andre Baugher como o advogado cético (que só não nos dá mais raiva que a fanática) e Toby Jones.

O que torna “O Nevoeiro”, talvez, o filme mais cruel já passado nas telas do cinema é o fato de que o roteiro não reluta em matar seus personagens. Não espere que os queridinhos sobrevivam até o fim e que os maus sejam eliminados, pois acabará sendo desapontado. Prepare-se para encarar um verdadeiro pesadelo, em que não há espaço para pena e facilidades. Prepare-se para um filme cruel desde seu início até o final. Final esse que é arrebatador, um verdadeiro soco no estômago, que nos leva a um desespero verdadeiro, fazendo-nos não querer acreditar no que nossos olhos vêem. Final esse que, embalado por uma música arrepiante, eventualmente leva o espectador às lágrimas, sendo considerado por mim o mais cruel de todos os tempos. Final esse que não consta no conto de Stephen King, e que foi imensamente elogiado pelo autor, que, inclusive, afirmou que gostaria de tê-lo em sua obra.“O Nevoeiro”, com sua infinidade de acertos e ausência de erros, é um verdadeiro candidato a se tornar clássico daqui a alguns anos.

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Horton e o Mundo dos Quem!

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Todos sabemos que Jim Carrey é um dos melhores atores de comédia da atualidade. Ele ficou conhecido por protagonizar, pricipalmente, os filmes da série “Ace Ventura”. Mas ele tem se mostrado totalmente eficiente ao participar das adaptações de obras do famoso cartunista americano Dr. Seuss. Após protagonizar o ótimo “O Grinch”, Jim Carrey dubla o carismático e atrapalhado elefante Horton, nesta excelente animação “Horton e o Mundo dos Quem” (Horton Hears a Who!, 2008) , sem dúvida uma das melhores animações produzidas nos últimos anos. Iniciado por uma belíssima abertura, o filme veio para cativar crianças e adultos, com suas cenas divertidíssimas e várias lições de caráter.

Horton é um elefante que, certo dia, ouve uma vozinha vinda de uma partícula de poeira. Intrigado, ele segue o grão até ter o controle sobre ele. Mesmo não podendo provar para os outros animais, Horton espalha a novidade para as crianças, e é repreendido e ridicularizado pela “rainha da floresta”, a canguru. Convencido de que há pequenas pessoas vivendo em seu grão, Horton guarda a poeira como se fosse sua amiga, mesmo sendo totalmente desacreditado pelos outros animais da floresta, sendo taxado de louco e má influência aos mais jovens. No entanto, o atrapalhado elefante estava certo: dentro da partícula de poeira havia uma cidade, a Quemlândia. Apesar de Horton proteger a poeira, seus habitantes - os Quem - sofrem com a movimentação de seu mundo, onde acontecem vários abalos e alterações. Quando consegue estabelecer contato com Horton, o prefeito de Quemlândia faz-lhe um pedido: que coloque seu mundo em um lugar seguro, onde não haja perigo e não sofra tantas modificações. Mesmo com todos à sua volta acreditando que perdeu o juízo e com a perseguição constante da canguru, Horton decide ajudar, e não desiste até que seus novos amigos estejam em total segurança e paz.

“Horton e o Mundo dos Quem” é uma animação que consegue unir de maneira incrivelmente eficiente os caráteres educativo e cômico. A todo momento, são passadas informações e lições às crianças que raramente se vêem nos filmes. É inevitável que uma criança, ao terminar de ver este filme, não saiba pelo menos superficialmente que devemos ter respeito mesmo pelas coisas pequenas, e que devemos deixar toda e qualquer pessoa se expressar, mesmo que sua idéia seja vista como absurda ou impossível. E tudo isso é passado de forma simples e natural, não imposta, e não se torna maçante nem inadequado a um filme de animação. Os elementos cômicos são tão marcantes quanto os educacionais. É impossível não dar boas gargalhadas com as trapalhadas de Horton e sua aventura para ajudar os pequenos Quem.

O visual de “Horton e o Mundo dos Quem” não é um dos pontos fortes do filme. Mesmo ele sendo correto, até bonito, não é muito inovador, não conseguindo acompanhar as produções atuais como a trilogia “Shrek”. No entanto, a história em si e a dublagem acabam compensando essa pequena falha na parte visual. O roteiro é muito bem adaptado da história do Dr. Seuss por Ken Daurio e Cinco Paul. Com uma história simples, mas muito bem desenvolvida, “Horton e o Mundo dos Quem” prende bastante a atenção, e faz com que nós torçamos o tempo inteiro pelo sucesso de Horton em sua empreitada. É impossível não gostar e se encantar com o elefante, seus amigos microscópicos e os outros animais da floresta, com exceção, é claro, da maléfica canguru. É bastante difícil um filme de animação ter essa enorme uniformidade de personagens, o que acaba sendo um grande trunfo para “Horton e o Mundo dos Quem” ganhar o coração de todos que o assistem. E esse trunfo é ainda mais potencializado pelas vozes desses personagens. A dublagem é uma das mais eficientes que já vi, com nomes como Jim Carrey, Steve Carrel e Jesse McCartney. Jim e Carrel dublam, respectivamente, Horton e o prefeito de Quemlândia, constituindo uma dupla bastante carismática e afinada. As cenas protagonizadas pelos dois são as mais engraçadas, o que é bastante explorado pelo roteiro. Jesse McCartney faz a breve dublagem do filho do prefeito, Jojo, que não manifesta a menor vontade de assumir a prefeitura no lugar do pai. Jesse, que faz sua primeira dublagem em animações, mostra-se muito competente em fazê-lo, mesmo sendo por poucas cenas. Outro destaque vai para Charles Osgood, que é o narrados da história, sempre narrando em divertidos versos rimados.

Assistir a “Horton e o Mundo dos Quem” é uma experiência excelente tanto para as crianças quanto para seus pais. A diversão momentânea é garantida, e os ensinamentos passados ficam para sempre. Sem dúvida, uma das melhores animações do ano.

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Crepúsculo

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Nos últimos anos, tem sido bastante comum a adaptação de best-sellers para o cinema. O fato de a obra original ter um grande público aficcionado faz com que, independentemente de sua qualidade, o filme seja um grande sucesso. Alguns deles, quando passados para os cinemas, acabam tendo sua qualidade bastante diminída, como é o caso da série Harry Potter (cujos dois primeiros filmes são bastante decepcionantes) e o espetacular “O Código DaVinci”, que originou um filme simplesmente comum. Em contrapartida, outras obras geram filmes tão bons ou até melhores, como é o caso da trilogia “O Senhor dos Anéis” e “O Nevoeiro” (este último, sendo um conto vindo de um livro não tão best-seller assim). “Crepúsculo” (Twilight, 2008) , baseado no primeiro livro da série de cinco da escritora americana Stephenie Meyer, se encaixa perfeitamente na lista dos filmes que não têm nem a metade da qualidade do livro, o que não chega a ser um grande problema para os fãs mais apaixonados.

Bella Swan (Kristen Stewart) vai morar com seu pai, o chefe de polícia Charlie Swan (Billy Burke) na cidadezinha de Forks, pois sua mãe e seu padrasto (que é jogador de beisebol) necessitam fazer viagens constantes. Ao chegar no colégio, Bella logo ganha fama (por ser filha do chefe de polícia local) e admiradores, como o chato Mike Newton (Michael Welch) e o “puxa-saco” Eric (Justin Chon). Mas não é nenhuma dessas pessoas que chama a atenção de Bella: à primeira vista, ela fica fascinada por Edward Cullen (Robert Pattinson) e impressionada pela beleza de seus irmãos, Alice (Ashley Greene), Jasper (Jackson Rathbone), Emmet (Kellan Lutz) e Rosalie (Nikki Reed), todos filhos adotivos do médico da cidade, Dr. Carlisle (Peter Facinelli). Nem mesmo o fato de todos os Cullen parecerem que não vivem no mesmo mundo que os outros alunos da Forks High School impede que Bella, aos poucos, vá se apaixonando pelo misterioso Edward. Quando descobre que os Cullen não são uma família comum, mas uma família de vampiros, Bella age contra todas as expectativas e não demonstra medo de seu grande amor e sua família, mesmo sabendo que ele pode matá-la a qualquer momento. Mas o grande perigo pelo qual passa Bella não é a família em que está prestes a entrar, mas sim quando um grupo de vampiros sanguinários, liderado por James (Cam Gigandet) a encontra, dispostos a matá-la a qualquer custo.

O grande problema do roteiro de “Crepúsculo” é que nem ele sabe o tipo de filme que é. Quem já leu o livro sabe que se trata, priotariamente, de uma história de romance, com vários elementos de ação e mistério. Pois o roteiro não define um foco: é mostrado de tudo um pouco, mas nada de maneira satisfatória. Temos apenas pitadas do amor platônico de Bella e Edward, doses bastante homeopáticas do mistério que envolve a verdadeira identidade dos Cullen e pinceladas da ação decorrente da perseguição do bando a Bella. O que contribui fatalmente para isso é o fato de que o filme não é totalmente fiel ao livro. Sendo o livro narrado inteiramente em primeira pessoa por Bella, não seria possível vermos as cenas de James caçando, como vemos no longa. Não há um expectativa criada acerca dos assassinatos, já que sabemos exatamente quem os cometeu. Inclusive temos um final diferente do apresentado na obra de Stephenie Meyer, o que pode desagradar imensamente aos fãs. Temos, inclusive, momentos importantíssimos da trama (mais importantes até que o final) alterados pela roteirista Melissa Rosenberg, como o momento em que Edward confirma para Bella que ele é um vampiro (no livro é no Volvo do personagem, enquanto que no filme a cena é passada na floresta) e quando Bella profere as palavras que se encontram na contracapa do livro (”De três coisas eu estava convicta…”). Esta segunda acontece totalmente fora da ordem cronológica do filme, o que, se tratando de uma cena bastante aguardada pelos fãs, é totalmente inaceitável. Das cenas modificadas, a única que realmente dá certo é uma das cenas finais, que, claro, não será revelada aqui, mas que tem um nível de tensão e violência não vistos no livro de Stephenie. De resto, temos várias boas cenas sendo pouco exploradas, e um filme feito com bastante pressa, com seqüências bastante curtas que raramente conseguem chegar ao clímax. Apesar da tentativa da roteirista Melissa Rosenberg e da diretora Catherine Hardwick de estragarem tudo, “Crepúsculo” carrega uma ótima história da obra original de Stephenie Meyer, o que não pode ser perdido nem com as piores adaptações e direções.

O elenco de “Crepúsculo” era uma das coisas mais aguardadas do filme, em virtude da beleza de quase todos os personagens retratada por Stephenie Meyer em seu livro. E, realmente, o elenco foi escolhido a dedo, todos os personagens tiveram sua beleza extremamente bem representada. O grande problema é que nem sempre é possível combinar beleza com qualidade de atuação, o que é fortemente evidenciado. As únicas atuações que realmente chamam a atenção são Kristen Stewart e Ashley Greene. Kristen, que já participou do ótimo “O Quarto do Pânico” e do fraquinho “Os Mensageiros” com papéis importantes (sendo protagonista no segundo), entra na pele da protagonista apaixonada Bella Swan. Como de costume, Kristen transparece exatamente o que sua personagem exige. Tudo sai certo, desde a entonação da voz até as expressões faciais, o que torna sua personagem a mais fidedigna ao livro, inclusive no jeito desajeitado que ela incorpora com perfeição. Ashley Greene tem um papel mais secundário, como a divertida Alice Cullen, irmã de Edward. Ashey mostra na tela o que, provavelmente, todos os fãs que leram o livro imaginaram de Alice. Totalmente meiga e carismática, a atriz faz com que Alice, mesmo não aparecendo muito, seja querida até pelas pessoas que não tiveram a oportunidade de ler o livro. A maior decepção fica por conta de Robert Pattinson, o vampiro bonitão por quem Bella se apaixona e que faz as fãs suspirarem a cada cinco minutos. Robert é a maior prova de que beleza e qualidade nem sempre andam de mãos dadas. O ator tem alguns bons lampejos, como nas cenas das aulas de Biologia que faz junto com Bella, mas sua atuação, como um todo, é extremamente burocrática. Justin Chon, que interpreta Eric, um colega de escola de Bella, consegue fazer seu personagem (que, no livro, é aturável) ficar extremamente insuportável com sua atuação beirando o ridículo. Taylor Lautner, que interpreta Jacob Black, apesar de aparecer em, no máximo, 5 minutos de filme, tem uma atuação bastante segura, o que pode desfazer os rumores de sua substituição para o segundo filme da série, “Lua Nova”, cuja estréia está, a princípio, programada para o fim de 2009.

A parte visual de “Crepúsculo” é excelente, principalmente se tratando das belíssimas locações e cenários. Os efeitos especiais são ok, mas com uma ressalva: os efeitos usados para mostrar como Edward (e, eventualmente, todos os vampiros) ficam quando expostos à luz solar é fraquíssimo, não conseguindo traduzir a magnitude da narrativa de Stephenie Meyer. Todo o restante, como as cenas em que Edward usa e abusa de sua velocidade, é bem feito, não dando a impressão do “é impossível isso estar acontecendo”, comum quando vemos efeitos esdrúxulos. A trilha sonora é impecável, ditando o ritmo que nem sempre é sustentado pelo roteiro.

“Crepúsculo” é um filme feito para agradar aos fãs que não enxergam através da paixão, e, provavelmente, não vai deixar muito felizes os fãs que não se contentam com qualquer coisa. Se você, assim como eu, já leu o livro, não espere uma reprodução fiel do que estava nas páginas escritas por Stephenie Meyer, pois vai ter uma grande decepção. Se você não leu, este é apenas mais um desses filmes-pipoca que lançam toda semana nos cinemas, ou seja, apenas mais uma opção de diversão barata.

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Hitman - Assassino 47

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O mercado cinematográfico vem sendo invadido e bombardeado com adaptações de games para as telonas. Os diretores não se cansam de explorar esse batido e fraco mercado (principalmente o alemão Uwe Boll, que é o mais persistente que conheço em matéria de fazer adaptações ruins) e as produtoras não têm o bom senso de pararem de aceitar roteiros desse tipo. Como em Hollywood nem tudo é como pensamos, “Hitman - Assassino 47″ (Hitman, 2007), baseado no jogo homônimo da EIDOS, acabou sendo lançado, e mesmo com seu orçamento recheado e boa bilheteria, provou de vez que adaptar games quase nunca é garantia de qualidade.

Uma instituição denominada “A Agência” acolhe órfãos e crianças abandonadas para que se tornem especialistas em artes marciais e em manuseio de armas, visando a criação de assassinos de aluguel. As crianças não recebem nomes, mas sim números de códigos de barras, sendo chamados pelos dois últimos numerais. É daí que surge o Agente 47 (Timothy Olyphant), que, nesta trama, é contratado para assassinar um poderoso político russo, irmão de um igualmente poderoso traficante do país. O que 47 não esperava era que essa nova missão tratava-se apenas de uma tentativa de incriminá-lo em uma trama política, e será perseguido pela Interpol, pelos militares russos e pela própria agência que o criou. Cercado por todos os lados, 47 tem a seu favor apenas os ensinamentos que recebeu quando criança, em uma tentativa desenfreada de descobrir o autor dessa armadilha para ele.

O grande problema para “Hitman - Assassino 47″ emplacar é o próprio roteiro, muitíssimo mal adaptado por Skip Woods (cujo trabalho eu não conhecia até este filme). Tudo é bastante previsível e comum, o que nos dá a séria impressão de que já vimos tudo isso em outro lugar (mesmo sem ter jogado o game). A começar pela história, bastante explorada e batida: quantos filmes de ciladas para tramas políticas você já viu em sua vida, mesmo se você não costuma assistir a filmes de ação? Qual a graça de colocar o personagem principal rodando o mundo inteiro à procura de confusas respostas e vingança, se já vimos isso em inúmeros outros filmes? O roteiro parece ser uma verdadeira colcha de retalhos, com um pouquinho de vários filmes que deram relativamente certo. E isso não é nada bom. Se o roteiro já não é bom, o que esperar da direção de um estreante em Hollywood, com um orçamento ótimo e a responsabilidade de transpor bem um game de grande sucesso para as telas? Pois o que vemos é Xavier Gens sem saber o que fazer com um roteiro ilógico e um elenco fraco. Para “compensar” de alguma forma, Gens abusa dos efeitos especiais, que são razoáveis, mas não conseguem fazer o espectador transbordar de adrenalina como acreditava ter feito. Aliás, o que mais falta no longa são motivos para o espectador se empolgar, já que todas as cenas, mesmo as de luta, acabam antes de atingirem seu limiar, além de uma trilha sonora bastante ineficaz. Ao invés disso, vemos confusão, fatos jogados sem maiores explicações, confusão, viagens do protagonista, confusão, lutas mal feitas e mais confusão. Já deu para perceber que a lógica não predomina, certo? Eis que, tendo em vista o desastre que poderia ser o filme, o diretor introduz uma reviravolta perto do final, que, provavelmente, ficou boa para seus olhos. O que acontece de fato é que todo mundo esperava essa mesma reviravolta, uma das mais tolas que já vi no cinema. Pobre Xavier Gens, Leigh Wannel e James Wan poderiam dar-lhe algumas aulas de como se fazer uma reviravolta decente. Apesar de tudo, “Hitman - Assassino 47″ tem lá suas cenas legais, e conseguem entreter ligeiramente o público, mesmo que nada chegue ao ponto certo.

Se roteiro e diretor não ajudam, espera-se que o elenco segure as pontas, certo? Errado! A começar pelo protagonista, o mecânico Timothy Olyphant, que faz seu primeiro papel como protagonista. Antes mesmo de vermos sua interpretação, tendo em vista seus trabalhos anteriores, era inegável que ele não merecia tal papel, que quase foi assumido por Vin Diesel. Olyphant é um verdadeiro robozinho em cena, tanto no modo de falar quanto no de agir, tornado seu personagem bastante inverossímil e pouco carismático. Se Olyphant é ruim, o que dizer de Olga Kurilenko, que interpreta o affair do Agente 47. Sua atuação é totalmente inçossa e desprovida de qualquer emoção, sendo mais mecânica ainda que o ator protagonista. Ambos não têm o mínimo de química para contracenarem, o que incomoda bastante àqueles que não ficam atentos esperando apenas a próxima cena de luta. Henry Ian Cusick não chega a ser ruim como os dois anteriores, mas seu traficante russo durão não convence a ninguém. A melhor atuação acaba sendo a de Dougray Scott, como Mike, conseguindo transmitir um pouco de ação para a tela.

“Hitman - Assassino 47″ é um filme de ação em que faltam vários ingredientes essenciais, como um protagonista atuante, um elenco coadjuvante razoável e boas doses de adrenalina. Estando tudo isso em falta, resta-nos rezar para que as produtoras tomem semancol e parem de aceitar roteiros baseados em games, o que, espero eu, está ficando cada dia mais perto.

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Madagascar 2

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O final de 2008 foi marcado por grandes estréias no cinema. Estrearam nas telonas por aqui filmes como “Crepúsculo”, “Marley & Eu” e “Coração de Tinta”, mas nenhum desses foi esperado com mais ansiedade que “Madagascar 2″ (Madagascar: Escape 2 Africa, 2008) , animação que dá seqüência a um dos melhores filmes do gênero já lançados. Mas o que se vê é um filme extremamente decepcionante, representando um decréscimo inacreditável de qualidade em relação ao primeiro. Aliás, não é só muito pior que o primeiro, mas um dos piores (talvez o pior) filmes de animação já lançado, frustrando todas as expectativas em torno dele.

Alex, Melman, Gloria, Marty, o rei Julien, os pingüins e os chimpanzés estão longe de seu cenário habitual, no distante litoral da ilha de Madagascar, na África. Tentando volta para Nova York com um velho avião de guerra (bem velho mesmo) consertado pelos pingüins que, obviamente, não resiste à viagem, levando-os mais para dentro da floresta. Isso faz com que os animais do zoológico de Nova York, enquanto esperam alguma solução para que consigam voltar para sua cidade, têm de conviver com outros animais de espécies semelhantes às deles, só que bem mais adaptados à vida selvagem. E é com esse convívio que Alex, o leão, encontra a família da qual se separou quando ainda filhotinho, e passa por várias situações para provarem que ele é (ou não) digno de fazer parte do grupo de leões do local.

“Madagascar 2″ é um daqueles filmes que só são feitos para aproveitar o sucesso do primeiro, sem ter nem ao menos uma história decente pra se colocar na tela. História essa que é construída através de uma colcha de retalhos de coisas que já vimos em muitos outros filmes de animação, não apresentando nenhuma novidade (o que já contraria bastante o que foi feito no primeiro filme, cujo enredo era absolutamente criativo). Apesar de ter pegado um pouquinho de vários filmes (como “Os Sem Floresta”, explorando o tema de estarem fora do local onde normalmente vivem), chega a ser vexatória e incômoda a imensa semelhança que o filme tem com “O Rei Leão”. Impossível não se lembrar de Simba vendo Alex, de Mufasa (pai de Simba) vendo Zuba, de Sarabi (mãe de Simba) vendo a mãe de Alex e, principalmente, de Scar vendo Makunga. Os trejeitos dos personagens, incluindo personalidade, são iguais, o que é revoltante se tratando de uma grande produção como essa. Mas, sem dúvida, é mais fácil copiar uma idéia do que criá-la, certo? E parece que o roteirista Etan Cohen (por favor, não confundir com Ethan Cohen que, junto com seu irmão, já ganhou até Oscar de melhor diretor) não estava realmente preocupado com seu roteiro, já que tinha certeza de que o filme faria sucesso. O que vemos na tela é uma exposição de piadinhas imbecis e personagens tentando de maneira totalmente forçada serem engraçados (o que não é permitido pelo péssimo roteiro), causando uma sensação de total desconforto ao espectador. Etan Cohen deu uma verdadeira aula de como se acaba com uma franquia de sucesso, que, se este segundo filme não fosse tão ruim, poderia até ser continuada (coisa com a qual não concordo, mas que virou uma verdadeira moda em Hollywood). Além de todos esses erros, o filme ainda comete mais um, que é o de não conter elementos que ensinem valores às várias crianças que o assistem. Pior, algumas cenas chegam ao absurdo ao usarem violência contra uma velhinha (sim, isso mesmo, uma velhinha!), o que, pelo visto, foi considerado muito engraçado pelo senhor Etan Cohen, já que isso é repetido mais de uma vez. Para completar o pacotão de erros, um dos personagens mais amados pelas crianças, o lêmure Mork, aparece muito pouco, e é ele o maior responsável pelos poucos risos que dei assistindo ao filme.

Bem, como um filme nem sempre é feito só de erros, vamos aos poucos acertos de “Madagascar 2″. Se a história não foi nem um pouco caprichada, o mesmo não se pode falar da parte visual. A computação gráfica utilizada na película é de primeiríssima qualidade, com uma beleza exuberante e um detalhismo impressionante. Nesse quesito, não são cometidos erros, sendo o grande ponto forte do filme. “Madagascar 2″ apresenta uma trilha sonora correta, praticamente copiada do primeiro filme. Como tudo em excesso fica ruim, o conhecido refrão “Eu me remexo muito” não embala nem empolga como no primeiro filme, se tornando até um pouco maçante. A dublagem em português é bem feita, dando um caráter mais cômico aos personagens do que suas falas permitiam.

É com sua infinidade de erros (listados e não listados aqui) e raríssimos acertos que “Madagascar 2″ se tornou o filme mais decepcionante de 2008, figurando entre os piores do ano. Só espero que nem passe pela cabeça dos produtores fazer mais uma continuação para a franquia, pois seria duro ver os cativantes animais do ótimo primeiro filme serem mais ridicularizados ainda. Fica a torcida para que a tortura a eles pare por aqui.

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Regras do Brooklyn

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Filmes que possuem como tema central a amizade são, normalmente, fadados a ficarem no lugar-comum do sentimentalismo extremo, desmedido e exagerado, como acontece no fraco “Appaloosa - Uma Cidade sem Lei”. Quando querem juntar amizade com máfia, um tema bastante complicado de se explorar, não tem como esperar um resultado bom. E é com grande surpresa que acompanhei os 96 minutos de projeção de “Regras do Brooklyn” (Brooklyn Rules, 2007), que é um ótimo filme, tanto de máfia quanto de amizade (mas devo confessar que o segundo tema supera bastante o primeiro em questão de qualidade de abordagem), que em nenhum momento é apelativo nem incoerente.

Michael (Freddie Prinze Jr.), Carmine (Scott Caan) e Bobby (Jerry Ferrara) são amigos de infância e, desde então, moram no distrito do Brooklyn, em Nova York. Os três viveram juntos até chegarem à idade adulta na década de 80, quando a máfia tomou conta inteiramente do distrito, dando à vida deles um rumo completamente diferente do que imaginavam. Se antes eles tinham de enfrentar batalhas diárias como relacionamentos e responsabilidades profissionais, agora eles têm de estar atentos à influência da máfia em suas vidas, que trouxe constante perigo e aflição ao seu dia-a-dia. Mesmo com um dos amigos, Carmine, ligado diretamente ao grupo mafioso chefiado por Caesar Manganaro (Alec Baldwin), a amizade dos três permanece praticamente intacta, apesar de enfrentarem constantemente problemas decorrentes da máfia no bairro.

Apesar de tratar de assuntos bastante distintos, “Regras do Brooklyn” apresenta um roteiro praticamente sem falhas, que, em momento algum, trata a amizade de Michael, Carmine e Bobby como algo bobo e exageradamente sentimental. Muito pelo contrário, “Regras do Brooklyn” é um filme extremamente sério. Não espere amiguinhos que vivem saindo para bares, enchem a cara, transam com todas as mulheres que conseguem, têm problemas com a família e vêem nos amigos as únicas pessoas que lhes entendem. Este filme é diferente dos outros que vemos por aí. O grande diferencial está na construção dos personagens, muito bem feita pelo roteirista Terence Winter (que escreveu 23 episódios da ótima série “The Sopranos”, da HBO). Mesmo apresentando alguns clichês (como “o amigo zoado”, “o amigo certinho” e “o amigo fora-da-lei”, o roteiro de Winter acerta em cheio na abordagem que dá ao trio de amigos, e também aos personagens coadjuvantes, como o mafioso Caesar e a complicada Ellen (Mena Suvari), colega de faculdade de Michael, que acaba se tornando um pouco mais que isso. Para transpor o roteiro para as telas, foi escolhido Michael Corrente, cujo trabalho eu não conhecia, e que estava sem dirigir um filme desde “Um Tiro na Glória”, em 2000. Corrente tem uma direção bastante segura, e é co-responsável pela eficácia da construção dos personagens de Winter, com uma ótima direção de roteiro. O grande problema de “Regras do Brooklyn” é que, por ter um diretor não muito acostumado a fazer grandes filmes, acaba não tendo uma pretensão de ser um filme grandioso, esbarrando em um excesso de cautela. Poderíamos ter uma abordagem mais aprofundada das questões da máfia, o que nos daria uma explicação melhor acerca do que acontece na tela, mas o que é visto é uma abordagem muito superficial, o que acaba criando algumas dúvidas e incertezas. Corrente preferiu ater-se ao tema principal, a amizade, e não explorar com a devida atenção a interessante máfia do distrito. Mas Corrente e Winter acertam em cheio nas cenas mais tristes do longa, mostrando que, desdo o início, a verdadeira intenção do filme era abordar a amizade do trio. Com leveza e naturalidade, mesmo em face dos obstáculos impostas pela vida, Michael, Carmine e Bobby mantêm-se fiéis uns aos outros, o que pode ser visto, principalmente, na cena final, que leva qualquer espectador às lágrimas facilmente. Interessante também é o fato que a história é narrada pelo personagem de Freddie Prinze Jr., mesmo que ele não esteja onipresente, o que torna sua ligação com o público mais estreita que a dos outros personagens. Além de tudo, o filme trata de vingança, mas não uma vingança qualquer, mas uma vingança “justificada”, que só quem já perdeu uma pessoa importante sabe como é.

Se diretor e roteirista acertaram a mão em praticamente tudo, o que dizer do elenco de “Regras do Brooklyn”? Todos têm atuações muitíssimo seguras, o que não deixa de ser mérito do diretor Michael Corrente, mas eu atribuiria, em maior parte, ao próprio talento dos atores. Freddie Prinze Jr. interpreta o mais carismático dos três amigos, Michael. O ator mostra total segurança ao colocar nas telas o amigo mais certinho, o universitário trabalhador Michael, que luta com todas as suas forças para tirar Carmine do mundo da máfia. Interpretado por Scott Caan, Carmine é o amigo mais politicamente incorreto, um verdadeiro aprendiz de mafioso. Caan cumpre seu papel com muita competência, mostrando que sabe oscilar entre o mafioso durão e o amigo que faz de tudo para ver os outros bem. O outro amigo, Bobby, é interpretado por Jerry Ferrara, que, apesar de não ter má atuação, exagera um pouco em tornar seu personagem o mais “bobinho e imaturo” do trio. Para completar a lista, temos o sempre bom ator Alec Baldwin, como o mafioso Caesar Manganaro. A complexidade de seu personagem, que oscila entre o lado bom de ajudar os amigos de Carmine e, obviamente, o lado ruim de ser mafioso, só poderia ser interpretada por um ator do calibre de Baldwin, que segura as pontas com perfeição, brindando a excelente construção do roteirista com a melhor atuação do filme (mesmo que seu personagem não tenha o mesmo destaque que o trio de amigos).

“Regras do Brooklyn” é aquele tipo de filme que tinha tudo para dar completamente errado, com sua temática complicada, seu diretor acostumado a fazer trabalhos de pouca relevância e a presença de apenas um grande nome no elenco. Contudo, o que temos diante de nossos olhos é um filme bastante competente, que esbarra na falta de pretensão da equipe de produção, principalmente da direção. Com um final tocante, “Regras do Brooklyn” agrada a todos, mesmo àqueles que não gostam de filmes de amizade e de máfia. Uma verdadeira ode à verdadeira amizade!

Críticas

Dúvida

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Ultimamente, temos ouvido muito falar em casos de abuso sexual e pedofilia envolvendo a Igreja Católica, problemas que vêm fazendo muitos católicos colocarem sua fé em dúvida. Entretanto, esta não é uma questão recente, e o diretor e roteirista John Patrick Shanley mostra isto em seu filme "Dúvida", adaptado de uma peça teatral de sua autoria.

O filme se passa na década de 1960, logo após o assassinato do presidente Kennedy. O local é a Escola católica St. Nicholas, dirigida pela conservadora e exigente irmã Aloysius (Meryl Streep). Porém, o padre Flynn (Philip Seymour Hoffman) vêm tentando trazer umas mudanças ao local, que inclusive admitiu seu primeiro aluno negro, Donald Miller(Joseph Foster). Entretanto, a inocente irmã James (Amy Adams) suspeita do comportamento de Donald, seu aluno, após um encontro privado entre este e o padre Flynn, e decide contar a irmã Aloysius. A partir deste momento, esta empreende uma dura busca pela verdade sobre o que aconteceu entre o garoto e o padre.

As qualidades de "Dúvida" se focam em dois aspectos. O primeiro é o ótimo roteiro. Há diálogos muito interessantes e explosivos, assim como a construção dos personagens é muito bem delineada. Há inclusive muitas sutilezas, como o fato de o padre dar para Donald um brinquedo feminino, uma bailarina. O que prejudica um puco é a direção de Shanley, que torna o filme um pouco arrasado no início.

O outro aspecto que merece destaque é o desempenho do elenco. Todos os atores estão fantásticos em seus papéis. Meryl Streep prova, masi uma vez, ser uma das melhores atrizes do mundo; Philip Seymour Hoffman mostra novamente competência em um personagem complexo e dúbio como o padre Flynn e seu diálogo com Meryl quase no fim do filnme é sensacional; Amy Adams surpreende como a irmã James, que se vê em uma situação complicada sem saber em quem acreditar; mas o grande destauqe é Viola Dvis, que interpreta a sra Miller, mãe do menino. Apesar de aparecer pouco, a interpretação de Davis tem uma força tão grande que nos deixa estatelados! Todos receberam justíssimas indicações ao Oscar.

Quanto a parte técnica, não há muito o que falar, e não dá nem para prestar muito atenção, já que ficamos fascinados o tempo inteiro pelo desempenho dos atores. Mas vale destacar a trilha sonora de Howard Shore, o mesmo compositorda fantástica trilha da trilogia "O Senhor dos Anéis". Direção de Arte, fotografia e figurinos são corretos, sem maiores destaques.

Enfim, "Dúvida" é um ótimo filme, principalmente pelo seu roteiro e, ainda mais, pelo seu elenco. Aliás, a dúvida não atinge somente os personagens, mas também o espectador, e não espere ncontrar respostas fáceis neste filme!

Críticas

Foi Apenas um Sonho

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Sam Mendes é dono de uma curta porém premiada carreira. O diretor estreou com tudo em Hollywood; em 1999 ganhou o Oscar pelo aclamado "Beleza Americana" - o que lhe garantiu o status de diretor promissor.

Nos seus dois filmes seguintes, Mendes conseguiu mantêr o nível; tanto no estelar "Estrada Para Perdição" quanto no competente "Soldado Anônimo", que critica com acidez os movimentos de guerra no Iraque.

Muito se esperou em torno da nova empreitada do diretor, seja pelo fato de ser possivelmente mais uma grande obra ou pelo fato de contar com nada mais nada menos que Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. O casal meloso de "Titanic" volta a contracenar 12 anos depois da premiada obra de James Cameron.

Antes de qualquer coisa, é bom registrar que mais uma vez o título em português estraga muito da graça do filme. "Foi Apenas Um Sonho" é altamente revelador e conta toda a história da trama em apenas uma frase. Diferentemente de "Revolutionary Road", título em Inglês e nome do bairro em que o casal vive na ficção - detalhe para o contraste do título com o destino dos personagens; bem mais original.

Como já deu para perceber, "Foi Apenas Um Sonho" tinha tudo para ser uma grande obra; diretor premiado, elenco em ótima forma, história interessante e indicações para o Globo de Ouro. Contudo, Mendes falhou e esbarrou na mediocridade - o pouco reconhecimento da academia, embora muitas vezes isso não seja parâmetro para nada, comprova esse fato.

Parece que o romance de David Yates foi mais difícil de se adaptar do que o esperado; Mendes de longe lembra seus últimos filmes. A história é interessante, como já citado - um casal da classe média americana se vê em crise após cair na monótona rotina; no entanto, a direção pouco inspirada faz a trama se perder em alguns momentos.

Acho curioso o fato de Sam Mendes tratar de situações e pessoas sempre com extremos. Assim foi em "Beleza Americana" e agora também; o casal Wheeler (DiCaprio e Winslet) é o cúmulo do extremo; ambos são completamente doidos, românticos porém desequilibrados. As discussões entre os dois são tantas que acabam se tornando vulgares e sem graça ao longo do filme. Tudo é motivo para brigar e todas as desavenças tomam proporções colossais, com direito a gritarias e objetos quebrados pelo caminho. Que me desculpem os histéricos de plantão, mas essas atitudes não são nem um pouco comuns em um mundo normal e saudável. O diretor exagerou no retrato, as atitudes do casal são tão extremas que na maioria das vezes acabam provocando risos da platéia.

Aqueles que poderiam salvar o filme, leia-se Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, naufragam junto com todo o resto. Ambos são ótimos atores e já provaram isso ao longo de suas carreiras; só que em "Foi Apenas Um Sonho" os dois parecem muito artificiais. É bem verdade que as brigas são impactantes, mas quase nenhuma delas parece verdadeira, nenhuma realmente convence quem está assistindo.

Apesar de apenas falar mal da trama, é importante ressaltar que "Foi Apenas Um Sonho" não é uma experiência terrível, mas sim decepcionante por toda a expectativa gerada em torno do longa. No mais, destaque para a excelente trilha sonora e o belo figurino.

www.moviefordummies.wordpress.com

Críticas

Across the Universe

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Beirando ao surrealismo crônico, o filme dirigido por Julie Taymor só vale a pena pelas diferentes e deliciosas versões das músicas dos Beatles.

Se Frida já agradou pela forma como a criativa diretora Julie Taymor conduziu o filme, este Across the Universe prometia pelo menos um musical à altura daquilo que prometia, contar duas histórias paralelas ao som das canções frenéticas do grupo de rock britânico, The Beatles, estouro dos anos 60. E assim foi feito, muito embora essas duas histórias se misturem em um roteiro onde só se aproveitam os números musicais, adaptados das canções originais pelo mesmo produtor musical do último trabalho de Taymor.

Contando a história de amor entre Jude e Lucy paralelamente à história dos anos 60 em si, desde a liberação sexual dos gays, os problemas raciais,a Guerra, e outros acontecimentos marcantes da década, os personagens mostram o conteúdo da boa música e a forma como ela pode mudar a estética de estórias verdadeiras e inclusive banais. Infelizmente, talvez seja esse o principal problema do filme, que não soube exatamente encaixar as canções da maneira mais apropriada possível, embora suas versões melódicas sejam dignas de aplausos. Tudo isso, graças a um surrealismo desnecessário que podia muito bem ter sido evitado e quem sabe, apelando para uma forma mais comum de se fazer um musical. Taymor, que acerta em algumas vezes, mas peca ao exagerar na criatividade em outras situações, desta vez consegue atingir o básico do exigido, mas nem por isso, 'Across the Universe' é um filme para ser lembrado, seja como uma homenagem aos Beatles, ou a uma forma mais descontraída (ou em certos momentos de maneira mais violenta) de se contar os "perrengues" que o povo americano sofria na década que esse mesmo grupo esbanjava sucesso por onde passava.

Em momento algum o filme se perde no seu contexto musical, ele simplesmente usa de uma forma diferente para montar os números, mas consegue fazer com que a história se torne deliciosa e muito real, uma vez que 90% das canções foram gravadas ao vivo em estúdio, sem qualquer tipo de dublagem, somente as afiadas vozes dos intérpretes.

Falando neles, uma pena que não possamos elogiar a atuação de nenhum. O elenco é de uma inexpressividade impressionante, nem uma passagem rápida e praticamente despercebida de Salma Hayek é capaz de salvar este grupo, uma vez que só fiquei sabendo que ela faz uma ponta muito tempo depois de assistir ao filme. Porém, para minha surpresa, Evan Rachel Wood estava um pouco menos péssima que o de costume do papel de Lucy, e quem sabe em O Lutador, filme no qual ela interpreta a filha de Mickey Rourke, ela esteja um pouco melhor e talvez na linha acima do ordinário.

Em quesitos artísticos, é tudo muito bonito, tudo menos a fotografia e os efeitos especiais grotestos. Os figurinos (indicados ao Oscar pela sua criatividade) e a direção de arte são muito bonitos, mas o que realmente impressiona é a qualidade musical. Das 33 músicas que Julie Taymor selecionou para o longa, todas elas foram muito bem preparadas por Elliot Goldenthal.

Músicas como "Hey, Jude", "Dear Prudence", "I Want To Hold Your Hand", "All My Loving", "I Want You (She's So Heavy)", "Let it Be", "Because", "Strawberry Fields Forever" e vários e váris clássicos dos meninos de Liverpool se encontram neste filme, em versões atualizadas e de uma originalidade fantástica. Inclusive a passagem da canção-título, "Across the Universe" é talvez a mais bela do longa.

O filme mesmo só vale a pena mesmo pelas canções e para relembrar os bons tempos, em uma época que os Beatles com John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr embalavam a trilha sonora do mundo com suas músicas contagiantes e omitidas pelos gritos insassiantes das fãs. Across the Universe nos convida a voltar no tempo e relembrar o que aconteceu naquela época, assim como Os Reis do Iê, Iê, Iê fez, só que o filme de Julie Taymor parece mais um quadro sendo retratado no cinema.

Críticas

Deu a Louca em Hollywood

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Dizem por aí que o verdadeiro bom crítico é aquele que não desmerece o trabalho do artista, neste caso, o filme como um todo. Mas, como vamos criticar Deu a Louca em Hollywood sem escrever sobre as abomináveis tentativas de fazer rir, sobre um elenco muito abaixo do medíocre e um roteiro esdrúxulo, risível e mais abominável ainda? Desculpas aos justos, mas neste caso, deve-se abrir uma excessão, afinal estamos tratando de uma verdadeira bomba cinematográfica.

Há quem goste, por incrível que possa parecer. E é justamente esse o grande motivo pelo qual anualmente aparecem aberrações aos quais algumas pessoas ousam chamar de "filme". O público mais descompromissado, em média, os pré-adolescentes e as pessoas de adolescência já em andamento são os que mais apreciam paródias como esta, que contém piadas de extremo mal gosto, apelando para o preconceito nítido e insinuações maldosas a deficientes, negros, asiáticos, e outras raças. Logicamente, a procura de algo leve e "provavelmente" engraçado, os jovens invadem as salas de exibição desse "filme" e continuam dando gás a comediantes sem neurônios, que não param de fazer produções assim, sabendo que haverá retorno financeiro. E quem paga por isso são os apreciadores da sétima arte, que não inclui somente aos críticos, mas também a todos aqueles que não querem ver seus cinemas poluídos por escórias de produções, cinemas que optam por exibir paródias desnecessárias a filmes bons, premiados e com um elenco renomado ou pelo menos, de um diretor de respeito e elogiado pela crítica internacional.

Tanta revolta cabe a uma simples e breve explicação: 'Deu a Louca em Hollywood' é uma bomba, e das grandes. Por quê? Eu acho que somente os nomes de Jason Friedberg e Aaron Seltzer podem lhe responder. Diretores de outras bombas depois desta, talvez tão grandes quanto, como Super Heróis - A Liga da Injustiça e Espartalhões, a dupla também já foi responsável pelos roteiros de Uma Comédia Nada Romântica e do engraçado Todo Mundo em Pânico (pois é, um dia eles fizeram rir de prazer e não de desgosto). Friedberg e Seltzer demonstraram como não sabem fazer cinema, apelando e tentando fazer graça com insinuações preconceituosas, que nem perto de humor negro chega, e sim ao extremo mal gosto, que acompanha o filme não só na péssima direção, mas também em todos os quesitos técnicos, desde a maquiagem grotesca até a direção de arte mal trabalhada e plagiada.

A história, assim como todas as paródias, procuram esculhambar produções que fizeram sucesso, em geral os blockbusters. Para os mais desavisados, as paródias como esta são sinônimo de inveja das outras grandes produções, pois já que não fizeram tanto sucesso, picham toda a imagem do original (embora eu pense que é pura e sofisticada incompetência mesmo). Em "Epic Movie", as vítimas da vez foram As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, Super Nacho, A Fantástica Fábrica de Chocolate, algum dos três filmes de Piratas do Caribe, Serpentes a Bordo, O Código Da Vinci, X-Men, qualquer um de Harry Potter e outros. O roteiro, assinado pela dupla de diretores passa por todas esses pedaços de filmes da maneira mais ridícula e bizarra possível. Unindo quatro órfãos (quatro péssimos atores), um que saiu de um avião onde foi atacado por uma serpente, outro que é um mutante com asas de galinha, outro um lutador de luta libre e um funcionário do Museu do Louvre. Todos fazem referência a alguma produção e são todos, do nada, convidados para entrar na Fábrica de Chocolate de um proprietário insano onde, "misteriosamente" encontra-se um armário que dá acesso às terras de Gnárnia (com G mudo, exatamente), onde acabam conhecendo Harry Potter e seus amigos, um Jack Sparrow depois da guerra e outras criaturas ridículas, que se juntam para derrotar a bruxa, interpretada pela sempre péssima Jennifer Coolidge.

Bem, uma vez já comentado o roteiro, ou um monte de páginas com conteúdo absolutamente descartável e para o bem maior, reciclável, cujo nome fora atribuido como "roteiro", é a hora de destroçar o que sobrou do elenco de 'Deu a Louca em Hollywood'. Sem dar atenção aos mais incompententes, vamos generalizar e desta vez, sem nenhuma culpa, o elenco como um todo de irresponsabilidade, inexpressão, fracasso e total falta de capacidade para se atuar um personagem com uma mínima margem de precisão. Certo, nenhum dos componentes do elenco possui algo que se possa aproveitar, nem mesmo uma única cena que conseguir extrair uma risada básica de algum espectador bem humorado, e vamos dizer, otimista. As únicas risadas que consegui dar durante este filme foi justamente para não cair em lágrimas, como diz o ditado, "é melhor rir para não chorar", tamanho o desespero de ver tanta repugnância centralizada em um único projeto.

Paródia desnecessária, de conteúdo risível e revoltante, e que deve ser descartada o mais breve possível da sua lista de pendentes.

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