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Críticas

WALL·E

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Vez por outra, somos surpreendidos pelo lançamento de filmes notáveis, que nunca cairão no esquecimento. Aqueles filmes que, com uma idéia simples e bem desenvolvida, toca nosso coração e nossa mente a ponto de fazer-nos pensar durante horas, até dias, sobre o que vimos na tela. Em 2008, alguns filmes tiveram esse poder, como é o caso de “O Nevoeiro”, “Sangue Negro” e este “Wall·E” (idem, 2008). Dentre os citados, o único que não surpreende é “Sangue Negro”, pois “O Nevoeiro” é um filme de terror que aborda intensamente a psique humana, e “Wall·E” é a animação mais séria e brilhante que já vi passar pelas telas, podendo ser considerada um verdadeiro marco, já que seu público-alvo é, mais do que jamais foi visto, adulto. Não se pode dizer que o filme foi feito exclusivamente para adultos, mas a verdadeira mensagem passada é de mais fácil compreensão para os mais crescidos.

No ano 2700, a Terra não é mais habitada por humanos, que passaram a viver na nave Axiom. A Terra passou a ser um verdadeito depósito de lixo, e os homens, na esperança de ainda voltarem a viver no planeta, contratarem uma empresa limpar o mundo. Utilizando robôs, a empresa não obteve êxito, pois as máquinas, diante de uma tarefa praticamente impossível, começaram a pifar. A única que resistiu a tal trabalho foi Wall-E, cuja árdua rotina era continuar o trabalho deixado para trás pelas outras máquinas, compactando o lixo existente na Terra e formando torres imensas, que mais parecem prédios. Mas sua rotina é totalmente mudada quando uma nave pousa na Terra, e dela sai EVA, uma moderna robô projetada para encontrar qualquer sinal de vida no planeta, e levar para sua nave. No início assustado com os “poderes” de Eva, Wall-E logo se apaixona pela robô, e os dois passam a viver uma complicada relação, que é bastante atrapalhada quando Eva é levada de volta à nave de onde veio.

Apesar de, aparentemente, ser uma história de amor, o foco de ”Wall·E” não é exatamente esse, mas sim a mensagem de preservação da Terra. Mensagem cujo entendimento não é imposto para os espectadores, mas sim passado de forma simples e bastante inteligível, até para crianças. As cenas de Wall-E sozinho na Terra, cercado por pilhas e mais pilhas de lixo, com total ausência de vida (não total, mas isso eu deixo para você ver no filme), no mínimo, fazem as pessoas mais entendidas (leia-se mais velhas) refletirem bastante, e faz as menos entendidas desejarem que tal fato nunca aconteça com nosso planeta. A beleza visual do longa chega a ser incrível, com uma riqueza de detalhes que só ajuda o tom melancólico e sério do filme a ser potencializado. Às vezes, cheguei a visualizar o planeta Terra da maneira como foi retratada no filme, e vi que, se o homem continuar usando sua sapiência para transformar tudo em ciência, aquele é o futuro no nosso planeta azul, que está ficando cada dia com menos tons de verde e mais tons de cinza.

Além da mensagem principal que nos é passada, também devemos ressaltar a própria história do robozinho e do romance entre ele e EVA. Antes da nave aterrisar na Terra e mudar totalmente a rotina de Wall-E, vemos o robozinho em seu incansável trabalho e em seu hobby favorito: colecionar coisas que julga interessantes. Na lista de coisas que chamam a atenção de Wall-E, tem uma caixinha de anel (ele chega a tirar o anel de dentro para brincar com a caixinha), uma raquete de ping-pong com uma bolinha pendurada (o robô, claro, não faz a mínima idéia de como se brinca) um cubo mágico (que só é solucionado por EVA, em questão de segundos), e um extintor de incêndio. A curiosidade de Wall-E faz com que essas cenas em que ele encontra os objetos durante seu trabalho sejam divertidíssimas, dando ao começo do filme um brilhantismo ímpar, fazendo com que a atenção do espectador seja mantida ao longo de todos os 97 minutos de projeção. Quando EVA chega na Terra, em missão de sua nave, Wall-E ganha, a princípio, uma amiga que nunca teve, mas que, com o passar do tempo, passa a não ser exatamente apenas uma amiga. A relação de Wall-E e EVA é muito bonita, o que é reforçado pelo fato de ambos só falarem um o nome do outro. E é este um dos grandes diferenciais do longa, o fato de que os principais personagens não falam, relacionam-se apenas com gestos. Grande parte do filme é passada sem falas, apenas com os sons da movimentação dos robôs e, claro, eles falando o nome um do outro. Quando o cenário muda da inabitada Terra para a movimentada nave Axiom, a qualidade do filme dá uma leve caída, mas mantém-se em um nível poucas vezes visto.

A qualidade audiovisual de ”Wall·E” é completamente inegável e indiscutível. A cena mostrada na foto acima mostra o momento em que o casal de robôs, aproveitando a ausência da gravidade, faz uma espécie de dança no espaço. Só por ela, já dá para ter uma idéia do quão bonito e exuberante o visual do filme é visualmente. Com detalhes e clareza nunca vistos, eu me arriscaria a dizer que ”Wall·E” é o filme com melhor trabalho visual dentre as animações já criadas. O áudio é tão perfeito quanto o visual. Diante da ausência de diálogo entre os robôs, uma saída deveria ser encontrada, para que o filme não ficasse em silêncio total. Eis que surgem os sons de cada movimento de cada robô, o que soa perfeitamente realista e propício. É tão propício que os mais desatentos não percebem que não há diálogo, visto que o áudio está constantemente ativo. Se essa sacada foi acertadíssima, o que dizer das músicas? “Perfeitas” seria o adjetivo ideal, mas, como já foi usado algumas outras vezes nesta crítica, excelente é cabível. Músicas belíssimas, utilizadas nas horas certas e com os personagens certos. Tudo muito bem encaixado, não deixando margem para críticas. Os dubladores da versão em inglês (não tive a oportunidade de assistir em português) são muito bem escolhidos, principalmente o do capitão (Jeff Garlin) e de Wall-E (Ben Burtt; os sons emitidos pelo robô não seriam tão cativantes em outra voz). Por fim, temos o roteiro, simples, direto e sem furos, que dá origem a uma história magnífica, de qualidade praticamente inigualável.

Falar que ”Wall·E” é a melhor animação de 2008 é redundante e bastante óbvio, apesar do lançamento de outras boas animações no ano, como “Bolt”, “Kung Fu Panda” e “Horton e o Mundo dos Quem” (um dos maiores injustiçados nas indicações ao Oscar). Já falar que ”Wall·E” é a melhor animação já lançada nos tempos das animações em 3-D não é nenhum exagero, mas sim a retratação da mais pura realidade. Indicado ao Oscar em 6 categorias (Filme de Animação, Roteiro Original, Som, Edição de Som, Trilha Sonora e Canção Original), ”Wall·E” é um filme perfeito, considerado por mim favorito a levar, pelo menos, 3 estatuetas [Filme de Animação (a maior barbada da premiação), Roteiro Original e Trilha Sonora]. ”Wall·E” é sério candidato a ser um daqueles filmes imortais da Disney, que será lembrado para sempre e, conseqüentemente, virará um clássico dentro de alguns anos.

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Troca, A

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A Troca reafirma a presença de Eastwood enquanto um dos melhores diretores da atualidade, é, sem dúvida um dos melhores filmes seus. Intenso, bem roteirizado, emotivo e bem interpretado. Baseado em história verídica, A Troca pode sagrar a bela Jolie com uma segunda premiação no Oscar como melhor atriz.

A história se passa em Los Angeles no ano de 1928, trata-se de uma mãe solteira, Christine Collins (Angelina Jolie) que ao chegar em casa não econtra seu filho. A partir de então, empenhar-se-á em uma busca insessante por seu filho, onde a falibilidade dos policiais encarregados corrobora em situações limites para Christine, que mesmo assim não desiste de encontrar seu filho Walter.

Uma história de persistência, de força e coragem, de sentimento materno por parte de Christine e humano por parte do reverendo Gustav Briegleb , sagazmente interpretado por John Malkovich. Real e intenso, file se consolida devido a maestria da Direção de Eastwood que, assim como demonstrara em Sobre Meninos e Lobos, revela-se um diretor de habilidade surpreendente em tratar de assuntos sérios, que envolvem de alguma forma, relações familiares.

O Roteiro escrito por J. Michael Straczynski revela-se interessante ao levar o filme a outro pólo, já que o trato exclusivo dado a Christine poderia vir a desgastar o filme. Quando nos é revelado algo mais obscuro por trás do sumiço de Walter, a história ganha força.

Por sua atuação Jolie é recebera indicação ao Oscar desse ano, sendo forte candidata. Parte disso deve-se a Clint, a forma como o filme é criado em torno do personagem de Jolie, além das situações pelo qual a moça passa, onde então é revelada toda a capacidade dramática de Jolie, que por incrível que pareça, se dá melhor em personagens que tirem o foco de sua estonteante beleza.

Malkovich faz um papel igualmente forte como o de Angelina, Reverendo Briegleb é um personagem tão ou mais fiel aos seus princípios éticos quanto Christine, que de início titubeia em ajudar no desmacaramento da polícia, interessando tão somente em ter seu filho de volta, contudo o personagem não é tão aprofundado por Clint, dando uma ar por vezes superficial a parte de suas atitudes.

Todavia, o grande destaque entre os coadjuvantes fica por conta de Jason Butler Harner no papel do psicopata Gordon Northcott, histérico e irônico seu personagem revela-se em certos momentos ser mais sincero que aqueles donos da Lei, sem contudo deixar de mentir em benefício própio. É uma das grandes atuações, caberia muito bem uma indicação ao Oscar.

Tecnicamente o filme é impecável. Seja no tom neutro aplicado pela Fotografia de Tom Stern, seja na Direção de Arte. Interessante é saber que nesse filme tais recursos apenas fazem parte da obra, ajudam a nos aproximar da realidade de Los Angeles naquela época, não comente os exageiros preciosistas de Curioso Caso de Benjamin Button.

No mais, é um bom filme, que revela um Clint em forma, que reafirma a posição de Angelina Jolie enquanto boa atriz em filmes onde sua beleza não seja o principal. É um filme belo, intenso e prazeroso de se assistir, extremamente recomendado.

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Ruínas, As

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Como mais uma adaptação cinematográfica de literatura bem sucedida, apareceu o terror jovem "As ruínas".

Como não li o livro, vou limitar meu comentário ao filme.

O enredo do filme é o mais básico possível. Dois casais jovens em meio as férias dos sonhos, estão curtindo num hotel à beira-mar, farreando, até que aparece um jovem desconhecido propondo como diversão ao grupo, a exploração de umas ruínas de origem Maia, que não ficam muito longe do hotel em que eles estão. Obviamente, eles aceitam e partem para a "aventura".

O desenrolar do filme é bastante simplório, desencandeando em cenas de complexidade mediana. O típico filme "estou sendo ameaçado e preciso escapar vivo" é exatamente o que registra "As ruínas".

Na verdade, as ruínas são basicamente uma pirâmide coberta de uma espécie de ervas daninhas em meio a uma mata. Ao escalarem a mesma, o grupo de cinco jovens descobrem algo ameaçador, e ao tentarem escapar eles se deparam com uma tribo ao pé da pirâmide evitando que eles saiam. Se preciso, até matando-os para que não deixem o lugar.

E qual é o motivo para isso tudo? Aí é que entra a questão mais vil do filme. O que assusta a tal tribo, e coloca em risco a vida dos jovens são, nada mais nada menos que, as tais ervas daninhas.

Como resultado de alguma maldição, vai saber, elas meio que criaram vida, ganhando movimento e tomando posse dos corpos humanos, enfiltrando-se pela pele, "desabrochando" externamente. Quem toca as ervas, automaticamente começa a mostrar algum vestígio da presença delas no corpo, razão do medo da tribo, que não quer que a praga se alastre.

O grande feito do filme, à princípio, foi não ter deixado transparecer a banal ameaça florida em seu trhiller, senão o fracasso seria certo.

Às vezes quando um filme tem uma estória fraca, porém, divertida, salvam-se alguns de seus furos. Entretanto, no caso desta película, seus erros são tão grotescos, que quase comprometem por inteiro o entretenimento.

É sofrível o desenvolvimento do terror que assola os jovens. O maior erro do filme está na existênca desconhecida da tal ruína maia. Numa era em que tudo é captado via satélite, não faz sentido. Assim como a tribo, tão bem desenvolvida do local, portando até armas de fogo.

Agora, a atitude dos personagens é o que mais aborrece, como por exemplo, o descuido deles em certas situações, com fatos evidentes que deveriam ser evitados, mas que acontecem pelo descaso dos mesmos (é o caso do morimbundo que fica próximo das ervas, como se fosse intencional por parte do grupo).

O filme tem um certo clima perturbador, com direito a cenas escuras em meio a uma caverna asfixiante, repleta de ervas "assassinas". Sua fotografia em torno das plantas funciona. E é inevitável não sentir uma certa tensão em assistí-lo, assim como não podemos deixar de afirmar que por mais tosco e nada persuasivo que seja, sua estória tem uma parca originalidade junto ao tema, fugindo do terror que necessita exatamente de recursos padrões como serial killers, ou fantasmas. Entretanto por ter sido mal elaborado e demasiadamente utópico, o filme torna-se esdrúxulo.

O elenco, sem renome, até que transmite com realismo o desespero da situação em alguns momentos. Sendo o mais forçado da turma o ator Jonathan Tucker, não desconhecido, porém, não talentoso o suficiente.

Jena Malone, é a mais convincente entre eles. Tem a presença de Laura Ramsey também que, até então tem estado presente somente em filmes adolescentes abaixo da média.

Tenho que reconhecer que há cenas de violência na dose certa, efeitos especiais bem feitos, contudo, "As ruinas" é uma projeção infeliz que poderia ser mais divertido, caso não fosse tão improvável.

As cenas merecedoras de qualquer escárnio são as que mostram as tais ervas daninhas imitando sons como se fossem papagaios, simulando até o toque de um celular. Desculpe, mas essa pérola merecia ser citada.

No mais é isso, se tiverem tempo assistam descompromissadamente, caso não encontrem tempo, não faz mal. Não irão perder nada.

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Casa de Alice, A

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A concepção de família perfeita é vez ou outra abordada em filmes americanos de caráter infantil. Enquanto isso, parece que películas independentes de custo baixo, já optam por mostrar a realidade nada floral dos conflitos familiares.

Em "A casa de Alice" não é diferente. Aqui é demonstrado exatamente o cotidiano de uma família problemática. Tema este pouco explorado no cinema nacional.

Neste filme de Chico Teixeira, não vemos uma estória concreta, com um objetivo certo, nem sequer uma mensagem definida. Não vemos solução de nada, nem julgamentos, muito menos apologia a alguma coisa. O filme é simplesmente um retrato cru e assustadoramente real de uma família suburbana brasileira.

Alice não é exatamente uma protagonista, mas sim um ponto de referência. Sua casa, a rotina da família, costumes, trejeitos, distintas personalidades, relacionamento, tudo é mostrado no filme sem um foco, entretanto, tudo é muito bem explanado, tornando o clima angustiantemente verossímil.

Impossível não se identificar com algo no filme em algum momento. Constantemente somos apresentados à situações já conhecidas no âmbito famíliar, mas que são pouco pronunciadas. É como se fosse a revelação do que há de mais obscuro no comportamento de qualquer família.

Carla Ribas dá intensidade à Alice. Sua interpretação está nitidamente compenetrada e convincente.

Alice vive de forma silenciosa muitos dos conflitos que uma mãe de família possa enfrentar. Ela presencia a ruína de seu casamento, mesmo lutando pelo contrário; o fracasso de sua autoridade maternal para com os filhos já rapazes; entre outras situações em que ela, sem controle, se encontra. Por fim, como uma espécie de refúgio, resta para ela a presença de suas colegas de trabalho do salão de beleza, e a companhia de sua introspectiva mãe, que vive à espreita de tudo o que está ocorrendo.

E por falar na mãe, esta por não ter outro recurso, convive, totalmente desconfortável, com a indiferença e a dependência doméstica dos netos e do genro, em meio a uma solidão mais do que subjetiva. Um trabalho de primeira feito por Berta Zemel.

O filme é sem dúvida bom, não por ter uma estória envolvente, mas por ser a projeção mais realista que já vi. Não se vê ali atores, mas pessoas comuns.

Uma casa composta de pai, mãe, avó e três filhos, que ao invés de fortalecer a estrutura, simplesmente resulta-se num ambiente depressivo e inóspito.

Os personagens estão mais próximos de nós do que imaginamos. Qualquer produção Hollywoodiana seria incapaz de retratar uma atmosfera tão natural como foi feito em "Alice".

Com certeza, "A casa de Alice" não é um mero entretenimento. O espectador fica incomodado com a falta de esperança que é apresentada no roteiro. E ainda assim, a trama é surpreendente!

É o tipo de filme para se ver apenas uma vez, e então, refletir sobre todos os aspectos da vida, buscando, quem sabe, desviar-se de tudo que foi apresentado ali.

Vinicius Zinn, como o filho mais velho Lucas, foi o grande achado do filme. Dono de um talento visível, ele hoje se aventura numa série brasileira da TV paga, ironicamente entitulada de "Alice" (que não tem nada a ver com o filme).

Como um apanhado geral, o filme apresenta com sutileza, a pedofilia, o incesto, o machismo, e a prostituição, porém, de forma mais gritante, somos deparados com a traição, os roubos familiares, a intolerância, a hipocrisia e o egoismo. Tudo presente em apenas uma família...

... que poderia ser a de qualquer um.

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Herói

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Praticamente todo mundo já assistiu a algum filme de artes marciais ou, pelo menos, já ouviu falar de astros como Jackie Chan, Sonny Chiba, Bruce Lee e Jet Li. Porém,este gênero, que foi muito popular e produziu bons filmes nas décadas de 1970 e 1980, assistiu a um declínio na década de 1990. Após o sucesso de O Tigre o Dragão de Ang Lee, em 2002 o cienasta chinês Zhang Timou lançou aquele que parece o ser o melhor filme a unir drama e lutas: Herói.

A história se passa a quase 2000 anos, na China Antiga, quando o país estava dividido em vários reinos. O rei de Qin procurava dominar todos os outros reinos e estabelecer um império, porém 3 assassinos constantemente atrapalhavam seus planos. Eis, então, que surge um guerreiro desconhecido (Jet Li) alegando ter derrotado os 3 assassinos em combate. Porém, nem tudo que o guerreiro conta parece ser a verdade.

O roteiro é primoroso, assim como a fantástica direção de Yimou. O filme é muito poético e filosófico, além de ser belíssimo visualmente. Há várias reviravoltas na trama, muito bem construídas e que não atrapalham em nada o espectador.Este, aliás, fica deslumbrado com a beleza das paisagens, dos figurinos e da fotografia. Há muitos detalhes no filme, como ouso das cores: a cada cor predominante (vermelho, azul, branco ou verde) corrsponde o sentimento interior dos personagens.

Aliás, é muito comum neste tipo de filme os personagens serem muito superficiais, Porém, em Herói, todo o elenco dramatiza e procura a essência desses personagens. Jet Li surpreende, em uma das melhores interpretações de sua carreira. Os competentes atores chineses Tony Leung e Maggie Cheung, que vivem respectivamente os assassinos Espada Quebrada e Neve Voadora, também demonstram muito talento. Zhan Zihy, famosa por ter participado de O Tigre e o Dragão, também está no elenco como Lua, discípula de Espada Quebrada.

Tecnicamente, o filme é impecável. Desde figurinos e fotografia, que já citei, até a maravilhosa trilha sonora que embala as cenas. A música, aliás, é de ficar no ouvido e no coração aós o término do filme. As lutas são muito bem coreografadas, e algumas se passam na profundeza das mentes dos personagens, com imagens belíssimas construídas pelo direotr. Destaque para o confronto que se dá no lago, uma das seqüências mais belas já cridas no cinema.

Enfim, Herói talvez seja o melhor filme de artes marciais já feito. O filme é praticamente perfeito em tudo: roteiro, direção, elenco, arte, compondo um filme profundo e poético. Parabéns ao diretor Zhang Yimou por essa aula de cinema, esta obra de arte belíssima com que ele nos presenteou.

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Estranhos, Os

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A maior pretensão de "Os Estranhos" foi tentar passar a imagem (descarada e enganosa) por meio de seus créditos que o filme é baseado em fatos reais. No mais o filme só tem um único objetivo: tentar atrair a atenção do público.

Menos mal já que pra isso, parece não importar que aspectos importantes passem desapercebidos.

Um roteiro simples que cai no desgaste devido as inúmeras películas similares, apresenta um casal, interpretado por Liv Tyler e Scott Speedman.

O casal chegam de uma festa, numa casa aparentemente comprada para férias, a qual pertence ao pai de James, personagem de Scott. Ambos frustrados com o desconcertante fato de ter havido um pedido de casamento por parte de James o qual não foi aceito por Kristen (Liv), eles discutem o rumo de suas vidas. Logo, de forma bem objetiva, começam a ser importunados por uma estranha garota do outro lado de sua porta questionando a presença de alguém ali, que eles desconhecem.

O clima que muitos descrevem como realista e tenso, eu apresento como monótono e longo (por mais que a duração sejam míseros 85 minutos).

O filme erra em deixar esperar tanto para começar o clima de suspense, afinal, só temos, à princípio, dois personagens que, por sinal, estão tão chateados que quase optam pelo silêncio total. Ou seja, nada interessante.

Quando Kristen (Liv) fica sozinha, começam as aparições de figuras estranhas na casa. Um homem, uma mulher e a tal jovem da porta, com máscaras assustadoras, aterrorizando a personagem de Liv Tyler, entrando e saindo da casa sem que se possa impedir.

O evidente objetivo, por parte dos estranhos, de assustar a vítima antes de tentar qualquer coisa, dá lugar aos clichês que tomam conta da situação.

Na realidade não há como saber ao certo qual será a reação de uma pessoa ao se deparar com tal situação da personagen de Liv, então o diretor Bryan Bertino opta pelo comportamento batido da "mocinha" que começa por desespero agir insanamente, saindo da casa e protagonizando cenas risíveis em tentativas previsíves de escapar.

"Os estranhos" não apresenta nenhuma novidade. O final quase padrão do momento (vi um igualzinho recentemente em "Violência gratuíta") só irrita.

O pior é ver que o filme ficou sobre o encargo de Liv Tyler, que apesar de não estar ruím, não tem carisma suficiente para atrair atenção à trama.

Agora, algo quase cômico é ver Scott Speedman numa tentativa infeliz de transmitir tensão.

A atmosfera aterrorizante que se tenta criar com Liv sendo cercada por estranhos mascarados, que não se sabe nada deles, nem sequer vemos seus rostos, é frustrada pelo sensação de "deja vu" barato que há nessa película.

Totalmente fraco e exaustivamente explorado, o tema cai no fiasco.

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Curioso Caso de Benjamin Button, O

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O Curioso Caso de Benjamin Button é uma fábula, e deve ser tratada como tal. Os que se preocupam com o visual fantástico (mas não exagerado, como alguns comentam por aí), ou a história inverossímil, não aproveitarão a grandiosidade da obra em sua totalidade. O diretor David Fincher (dos aclamados Seven, Clube de Luta e Zodíaco) e o roteirista Eric Roth (do clássico Forrest Gump) criam uma história lindíssima, emocionante, inesquecível. Com certeza, esta é uma produção que ficará na memória de muitos espectadores, não pela beleza, mas pela lição de vida que ela triunfantemente passa. Afinal, toda fábula precisa de uma.

Indicado a treze Oscars, é favorito em pelo menos metade. E com razão. É um filme trabalhado meticulosamente em todos os seus aspectos, desde a direção segura de David Fincher, o roteiro genial (e quase perfeito) de Eric Roth, o elenco espetacular (Brad Pitt e Taraji P. Henson brilham, e Cate Blanchett, mesmo com um personagem desinteressante, se esforça ao máximo), a trilha sonora agradável de Alexandre Desplat, a fotografia excepcional do chileno Claudio Miranda, e a maquiagem (favorito ao Oscar de Melhor Maquiagem). A produção nos envolve tanto, que as quase três horas de duração passam mais rápido que a de um filme de uma hora e meia. É a magia de David Fincher em transformar o longo em prazeroso (Zodíaco, seu trabalho anterior, prova isso).

Para os que não sabem nada da história, uma breve sinopse: em New Orleans, Benjamin (Brad Pitt, no melhor momento da carreira, talvez), abandonado pelo seu pai que o considerou uma “aberração”, nasce velho, e ao passar dos anos, rejuvenesce. Sim, o contrário de “nós”. Acompanhamos então a vida dele, cada momento, cada descoberta, cada amor (principalmente Daisy, interpretada pela Cate Blanchett)... E consequentemente, a morte daqueles que conviviam com ele. Uma premissa tão simples (e original) quanto Forrest Gump. E como ele, o desenvolvimento se sobressai. O jeito que os personagens se relacionam, os acontecimentos que os envolvem... Do fim da Primeira Guerra até a destruição provocada pelo Furacão Katrina, somos envolvidos do início ao emocionante fim.

O roteiro de Eric Roth erra em pouquíssimas partes. O principal é dar preferência ao relacionamento entre Benjamin e Daisy. A personagem interpretada por Cate Blanchett é desinteressante ao extremo, clichê, e sem nenhum atrativo especial (só a beleza, para os safados de plantão). As cenas entre os dois, que não são poucas, são cansativas e muito comuns, caindo numa sensualidade desnecessária e não sensual (que??!!). O relacionamento apenas se torna interessante e aceitável nos últimos minutos, quando o romance dá lugar ao drama.

Outro erro é a rápida passagem de alguns trechos. A Segunda Guerra Mundial no filme é mais rápida que uma guerrinha de giz em escolas. Não se dá a devida importância a alguns personagens interessantíssimos (leia-se: mais que a Daisy), e suas histórias pessoais não são exploradas (e quando são, apenas superficialmente). De fato, se o incômodo relacionamento entre Benjamin e Daisy desse lugar ao desenvolvimento de outras sub-tramas, o roteiro alcançaria a perfeição.

Se o lado ruim incomoda, parte dele, ao menos, é ofuscado pelo brilhantismo dos diálogos. Divertidos, curtos, diretos, mais visuais. A complexidade está presente em apenas algumas frases individuais, que surgem apenas quando necessário. A narração só ajuda a entrarmos na mente de Benjamin. Em certas cenas, recursos inteligentes são usados, mesmo que às vezes, pareçam distantes da história principal. Mas como comentei anteriormente, é tudo uma fábula, uma fantasia.

A beleza reside tanto em diálogos quanto no visual. A fotografia apresenta os melhores e mais bonitos planos, afastando-se do confuso, e focando-se no lindo. Colorido, quase uma pintura, e visualmente não cansa. A trilha sonora também é agradável. Não memorável, mas excelente ao ser fantasiosa e calma. E a maquiagem se destaca. Ver um Brad Pitt assustadoramente velho, e uma Cate Blanchett lindíssima e jovem, para depois os papéis se inverterem, demonstra o cuidado que a equipe de maquiagem tomou minuciosamente em cada detalhe.

O grande destaque mesmo é Brad Pitt. Colega pessoal de David Fincher, os dois se reúnem novamente. Agora, ambos mais maduros. Brad Pitt dá um show de interpretação, e passa uma emoção e um carisma ao personagem, que equivalem até mesmo ao Forrest Gump. É engraçado ver a inocência e a “era das descobertas” nos olhos de um Brad Pitt velho em aparência, mas novo no interior. O ator conseguiu captar perfeitamente os momentos mais importantes da vida do personagem, e transmiti-los ao espectador, que se sente emocionado e interessado por ele. Provavelmente, não vencerá o Oscar. Mas por ter sido indicado, já é uma grata recompensa por seus esforços.

Cate Blanchett, sempre uma excelente atriz, não decepciona aqui. Esforçada, assim como Brad Pitt, muda seu personagem ao passar dos anos. A juventude e a animação dão lugar à maturidade e à ponderação. O problema mesmo é a personagem, que se torna interessante só nos trinta minutos finais, quando a platéia já está cansada de tantos beijos e blá-blá-blá romântico.

Queenie, interpretada pela Taraji P. Henson, é, em minha opinião, a personagem mais verossímil da obra. Responsável por adotar Benjamin quando este é abandonado na porta de seu asilo, Queenie infelizmente é muito pouco desenvolvida, e com alguns minutos em tela, envolve o espectador, que se simpatiza facilmente com ela. Sempre alegre, preocupada, trabalhadora, é a figura de uma mãe cuidadosa e dedicada.

Os outros coadjuvantes também estão muito bem no filme. Tilda Swinton (que ganhou um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por Conduta de Risco), por exemplo, interpreta um rápido caso amoroso de Benjamin, e cá entre nós, muito mais interessante, pela personagem ser mais simpática e misteriosa. Elle Fanning (sim, a irmã da famosa Dakota Fanning) interpreta Daisy quando criança (bem mais interessante do que quando ela é adolescente ou adulta), e apesar de aparecer (MUITO) pouco, terá provavelmente mais oportunidades valiosas em sua carreira devido a este papel. Dos outros, não há nenhum destaque, mas pelo menos, funcionaram no contexto da obra, e não decepcionaram.

Pouco escrevi de O Curioso Caso de Benjamin Button, mas o essencial está aí. É um dos filmes mais bonitos de todos os tempos, um dos melhores do ano (mas não melhor que Wall-E, vejam bem), com atuações impecáveis, trilha sonora e fotografia excepcional, ótima direção e roteiro, e um dos finais mais emocionantes de todos os tempos. Peca em alguns aspectos irritantes, mas nada que tire a grandiosidade que essa maravilhosa produção ostenta. Imperdível, emocionante e completo pelo fato de vermos todo o mundo girar em torno do personagem. É basicamente uma história sobre a vida, de como mudamos ao passar dos anos. Uma obra-prima, que mostra que o cinema hollywoodiano pode sim renovar, mesmo baseado em um conto antigo.

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007 - Quantum of Solace

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"Cassino Royale" (2006) foi um filme tão bom, tão inovador, incrível e com atuações e tramas soberbas, que após assistí-lo eu já sabia que essa nova franquia não iria me decepcionar. Após algum tempo de ansiedade para ver o tal "007 - Quantum of Solace", finalmente estreiou (atrasado) nos cinemas da minha cidade. E saí da sala com um sorriso no rosto. Quantum of Solace não deixou a peteca cair.

Na trama, James Bond (Daniel Craig), traído por Vesper, a mulher que amou, 007 luta contra o impulso de tornar pessoal sua última missão. Em sua determinação de descobrir a verdade, Bond e M interrogam Mr. White (Jesper Chrinstenser) que revela que a organização que chantageou Vesper é muito mais complexa e perigosa do que seria possível imaginar. Informações forenses vinculam um traidor do Mi6 a uma conta bancária no Haiti, onde um erro de identidade apresenta a Bond a bela e agressiva Camille (Olga Kurylenko), uma mulher que já possui sua vendeta particular. Camille leva Bond diretamente a Dominic Greene (Mathieu Amalric), um empresário cruél e importante peça da misteriosa organização.

Para falar a verdade, como na minha cidade o filme atrasou, acabei por ler alguns spoillers. Depois de tanto tempo ansioso para assistí-lo, minha animação recuou. Sim, pois eu esperava algo tão soberbo quanto Cassino Royale. Mas os spoillers que li me deram um desânimo. Parecia que estavam fazendo de tudo para nos provocar e nos revoltar com a nova franquia de 007. Em Cassino, já nos apresentaram um James Bond totalmente diferente, para o desgosto de muitos e alegria para alguns (como para mim, que considero Daniel Craig o melhor Bond), fizeram um "reboot" da série, começando tudo do zero, e mexeram no Gunbarrel (que, para mim, ficou ótimo). Mas comigo ocorreu tudo bem, uma vez que todas as escolhas de Cassino Royale deram certo. Mas em Quantum of Solace já parecia provocação, pois, segundo o que eu lera, mataram um personagem que eu adorava, transferiram o gunbarrel para o final, a duração do filme era curta e retiraram a famosa frase de "Bond, James Bond".

Portanto, fui ao cinema um tanto receoso. Mas não tem jeito: essa nova franquia está de parabéns. Conseguiram acertar pela segunda vez nas mudanças drásticas. Para começar, o Bond de Daniel Craig: mais uma vez, arrebentando. Em "Quantum of Solace" e "Cassino Royale" ele está bem mais humano e fiél aos livros. A trama do filme foi bem interessante, e acertaram quando terminaram a película deixando que os telespectadores continuassem sem saber muito sobre a tal "Quantum".

Neste filme, temos muitas cenas de ação, como a perseguição em telhados logo no início, as cenas da orquestra, no clímax... Todas de tirar o fôlego.

Uma das únicas coisa que eu lamente do filme foi a morte de René Mathis (Giancarlo Giannini), um ótimo personagem e, arrisco eu, o melhor "companheiro" de Bond. Seu fim foi tão... Repentino, ridículo, que me desanimou um pouco.

Os spoillers desanimadores acabaram por serem ignorados, diante de uma película tão boa. Com excessão da exclusão da famosa frase "Bond, James Bond", pois foi uma tradição quebrada depois de 22 filmes. O gunbarrel voltou a ser o que era, porém, apenas transferido para antes dos créditos; a curta duração acabou por ser aceitada, pois o que importou mesmo foi o conteúdo, não a duração; e ainda temos a boa notícia que Bond de Craig "voltará a ser o que era", em relação ao humor britânico e elegância.

"007-Quantum of Solace" não deixou a peteca cair, e mesmo inferior ao seu antecessor, resultou em uma obra cinematográfica muito boa. Muitas pessoas não gostaram, mas eu creio que esta nova franquia ressucitou 007 da melhor forma possível, com as melhores tramas, fotografias, personagens e atuações. Nos resta, então, esperar que o 24° filme da série resulte em algo tão bom quanto seus dois antecessores.

Críticas

Invasores

0,0

A refilmagem "Invasores" até onde sei, não obteve boas críticas. Até entendo, pois mesmo cada uma com sua peculiaridade e objetivo, são inevitáveis as comparações com as adaptações anteriores. Porém, quero neste comentário, olhar esse remake como algo singular.

Nessa ficção que pende para o suspense, temos a ótima Nicole Kidman que, depois do memorável suspense psicológico "Os Outros", mostrou que deveria investir mais em papéis do gênero.

Sua expressão é uma das melhores quanto a traspassar o pânico de um personagem. O que é muito explorado nesse longa dirigido por Oliver Hirschbiegel.

Infelizmente o roteiro não é dos melhores, mas o filme é uma diversão à parte. Nicole praticamente merece os créditos por grande parte do entretenimento.

Na sinopse vemos que após um acidente espacial, começam a ocorrer fatos estranhos, como algo resultante do mesmo.

Nosso mundo agitado e barulhento, vai tornando-se calmo, sem uma razão plausível. As pessoas parecem que tomaram vacinas à base de frieza e falsa diplomacia.

Carol Bennell, personagem de Nicole, como psicológa, passa a perceber a inexistência súbita de emoção por parte das pessoas ao seu redor. Até mesmo presenciando um suicídio em local público, as pessoas se mantém indiferentes diante de tal tragédia.

Daniel Craig, entra em cena como o Dr.Ben Driscoll, amigo de Carol. Ao especularem ambos a razão do comportamento incomum das pessoas, eles descobrem através de pesquisas um certo hospedeiro alienígena que está se propagando como um vírus entre os seres humanos.

A estória começa a ficar atrativa no momento em que Carol desvenda o fato de que quem foi infectado percebe quem está ileso através de seu comportamento expressivo.

A partir dessa premissa, passamos a ver o decorrer da trama sob a ótica de Carol.

A parte mais intrigante do filme e ponto alto para a atuação de Nicole, é exatamente quando ela vivencia os momentos mais tensos caminhando pela rua, reprimindo qualquer sinal de emoção, em busca de seu filho que está com o pai, possivelmente já infectado. E o mais incrível é ver Nicole simultaneamente apavorada, enquanto finge estar indiferente com os acontecimentos caóticos ao seu redor para não ser descoberta e contaminada.

A impotência, o medo, a preocupação com o filho sentidos por Carol, fazem com que Nicole seja a pólvora do filme, deixando Craig numa posição coadjuvante na mais pura essência de tal posição.

O maior erro do filme foi incluir uma criança à história, pois os momentos em que ela aparece são os mais batidos do longa. Já o grande acerto do filme é utilizar como a ameaça da vez, pessoas aparentemente comuns.

Sem excessos e mortes escabrosas, o filme consegue prender a atenção e deixar o espectador inquieto na cadeira.

Os problemas políticos e sociais são abordados como subtexto na trama. O que cai muito bem.

Diante dessa atmosfera aterradora e retesada, "Invasores" é diversão garantida.

Críticas

Guerra dos Mundos

0,0

Longe de fazer qualquer comparação com o veterano "A guerra dos mundos" de 1953 - pois se assim o fizesse seria injustiça, devido ao espaço de tempo entre as obras - , o remake de Steven Spielberg apresentou um dos mais empolgantes filmes de ficção cientifíca dos últimos anos.

Há um certo favoritismo de minha parte em relação a esta película, exatamente por eu ser um admirador convícto do trabalho de Spielberg, creditado por causa do espetacular "Jurassik Park".

"Guerra dos mundos" é um filme impetuoso. A ação está constantemente presente, quase em rítmo de thriller.

A tensão é infiltrada aos poucos; os efeitos especiais, ainda que em algumas cenas se mostrem confusos, são notáveis. Sem falar nas precisas atuações que só temperam a trama.

Já o roteiro, na verdade, não é um exemplo de criatividade, assim como o tema não é inovador - invasão de alienígenas - , contudo, como um representante do gênero ficção, ele funciona e muito bem. Mesmo havendo alguns furos (salientarei pelo menos um logo mais), o filme cumpre seu papel como mais uma obra de Spielberg.

Ao contrário do sucesso "Independence Day", o blockbuster "Guerra dos mundos" não concentra seus ataques extraterrestres somente nos EUA. Desta vez, os americanos não são colocados como centro do universo, ou o único objetivo dos aliens. Ótima sacada quanto a este fato.

O filme capta também vários pontos antes ignorados em filmes sobre ETs: o foco na dor e no desespero das pessoas.

Nesta trama foram bem destacadas, e conseguimos ver de forma mais provável como seria a reação dos seres humanos ao serem atacados por criaturas de outro planeta. A curiosidade inicial das pessoas, o pânico em seguida, tudo retratado de forma bem convincente e real.

Acredito que os momentos iniciais do filme, em que se concetra todo o suspense em torno do que está por vir, é a parte mais atrativa do filme. O espectador fica vidrado no que está ocorrendo.

Raios caindo aos montes, tudo que é objeto elétrico deixando seu funcionamento normal, até o momento em que vemos o chão da cidade sendo rachado de forma violenta e inesperada, sem qualquer explicação. Então surge a primeira "nave" incinerando tudo que é pessoa com seus raios. Super envolvente!

O mais interessante é que em meio a tantos efeitos visuais e um rítmo acelerado, o clima sombrio toma conta da estória, não sintetizando o script em simples cenas de ação.

Quem agradece por tudo é a fotografia, que está magistral com seu ar obscuro.

No elenco temos Tom Cruise, que está sólido em seu papel, estrelando como o personagem Ray.

Elogiável a sua atuação segura e bem conduzida aqui. A melhor parceira entre Spielberg (direção) e Cruise (protagonista), com certeza!

Agora quem realmente rouba a cena como a neurótica e histérica garotinha Rachel, é o talento nato, Dakota Fanning. Ela que já provou sua versatilidade, aventurando-se entre tantos gêneros, como suspense, ação, infantil, drama e comédia romântica, agora prova que a euforia que envolve ficções científicas não a impediram de brilhar mais uma vez. Pra mim, a melhor atriz mirim da atualidade.

Tim Robbins faz uma ponta no longa, rápida, mas memorável.

O único que tirou o brilho do filme, não deixando que o mesmo fosse unânime no quesito atuação, foi o rostinho bonito (e nada mais que isso) Justin Chatwin, interpretando Robbie, o filho mais velho de Ray.

Com uma atuação indiferente, ele consegue manter a mesma feição o filme todo, quase como o insosso Steven Seagal.

O conflito familiar que existe entre o protagonista Ray, e seus filhos, Rachel e o adolescente Robbie, dá lugar também ao drama, sem cair no caricato, porém, não escapa do clichê.

Bom, como nem tudo é perfeito, um dos erros mais grotescos do filme se dá em seu desfecho. Como disse que iria citar, a maior falha do filme foi subestimar a inteligência da platéia. Por exemplo, ao mostrar as investidas dos extraterrestres contra à terra, que pareciam indestrutíveis com seus terríveis Tripods (suas naves gigantes em forma de tripés ), culminou-se no insucesso, exatamente porque as tais criaturas, que estiveram há anos escondidas no subsolo estudando o comportamento humano, não tiveram a capacidade de detectar o perigo em nossa água e em nosso oxigênio, ambos letais à sua sobrevivência.

Portanto, devido a furos amadores como este acima, o filme "quase obra-prima", cai na própria armadilha de sua finalização preguiçosa, ficando marcado apenas como uma mega produção-pipoca, não sendo nada mais que uma ótima pedida comercial para as horas de folga.

No mais, recomendo pelo entretenimento garantido. O que é indiscutível.

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