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Críticas

Dia de Cão, Um

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Al Pacino brilha mais uma vez em um filme dirigido por Sidney Lumet, baseado no primeiro assalto transmitido pela televisão.

Um Dia de Cão, apesar de ter um roteiro completamente original, livre de qualquer tipo de adaptação, foi inspirado em um dos assaltos mais conhecidos e populares da história da cidade de Nova York. Era verão de 1972 quando dois homens adentraram em um banco novaiorquino a fim de assaltá-lo. O que era para durar apenas alguns minutos se prolongou por várias e difíceis horas de negociações e provocações, com a chegada da polícia.

A idéia de trazer esse episódio importante na história da polícia de Nova York para os cinemas veio de um amigo do produtor Martin Bregman, que logo se interessou pelo artigo publicado na revista "Life", escrito pelas mãos de P.F. Kluge e Thomas Moore a respeito do tal assalto. O produtor comentou que ficou curioso pela história por se tratar de um tema pouco expansivo e ainda não muitas vezes visto no cinema. A história vai muito além de um simples assalto com negociações normais. O principal assaltante, John Wojwicz e seu parceiro não eram bandidos experientes e não faziam a menor idéia do que diabos estavam fazendo. Durante todas as horas de duração do assalto, os assaltantes não feriram e maltrataram ninguém, eles simplismente tratavam bem e se preocupavam com os reféns. Logo a história se torna mais inédita e exclusiva ainda, quando a "mulher" de John aparece no local do assalto, a pedido dele. Acontece que essa "esposa" era um travesti, com quem John casou-se em uma Igreja, apesar de já ter uma mulher e dois filhos. As principais exigências de John, eram na verdade muito simples, ele queria um ônibus para ele e seu parceiro poderem serem levados ao aeroporto e mebarcarem em um jatinho para a Argélia. Foi com o propósito de mostrar essa diferente história na televisão, que Bregman procurou o roteirista Frank Pierson para escrever o seu roteiro.

Pierson poderia fazer uma história extremamente fiel ao artigo publicado naquela revista em 1972, porém ele decidiu ser o mais criativo possível. Adotando o ponto de vista do assaltante e não da polícia e muito menos das emissoras de televisão. Além disso, Pierson decidiu relatar a história somente no dia do assalto, mostrando os detalhes, como o fato de ser o primeiro sequestro de reféns transmitido ao vivo pela televisão e também a multidão que se aglomerou em volta do banco, para acompanhar as negociações, assim como o comportamento revoltante contra a polícia e a favor do assaltante, que foi logo vítima de simpatia e carisma com o público ali presente. A partir daí, John virou Sonny, interpretado por Al Pacino. Esses fatos só engrandecem essa história bastante incomum que rendeu em um dos melhores filmes daquele ano de 1975 e foi talvez o melhor e mais produtivo e corajoso filme que Sidney Lumet já dirigiu.

O roteirista porém, enfrentou alguns problemas para escrever o seu roteiro, uma vez livre de qualquer peça que fosse importante para uma adaptação, ele queria pelo menos entender como os verdadeiros reféns se sentiram nas mãos de um assaltante tão diferente e mal preparado. Frank Pierson também entrevistou os policiais que lá estavam presentes e alguns moradores do local, tal como certas pessoas que estavam em meio a toda aquela multidão. Ele conseguiu reunir informações o bastante, mas Pierson ainda queria falar com o próprio assaltante. depois de uma série de insistências mal sucedidas, John Wojwicz decidiu não falar com o roteirista e ele teve que escrever o seu roteiro de acordo com o que ouviu nos relatos de quem teve a oportunidade de entrevistar. Ele também criou algumas partes, os diálogos foram livremente escritos e muitas vezes alterados.

Logo que recebeu o convite para escrever o roteiro do filme, Pierson pensou nos nomes de Sidney Lumet e Al Pacino, para dirigir e interpretar o assaltante, respectivamente. Lumet aceitou de primeira, mas Pacino demorou um pouco para aceitar o papel, já que estava cansado e havia acabado de filmar 'O Poderoso Chefão: Parte II', que lhe exigiu muito. Mas acabou cedendo e as gravações começaram logo.

Era outubro de 1975, quando as filamgens finalmente começaram. A previsão era que elas durassem aproximadamente mais de um mês, mas devido a rápida execução dos acontecimentos, duraram apenas três semanas. Apesar de se passar em um dia quente de verão, o mês de outubro nos Estados Unidos já é outono e faz frio. Por isso, os atores que filmavam cenas nas áreas externas tiveram de pôr cubos de gelo na boca, para não sair aquela fumacinha da boca, típica de uma manhã de frio. Apesar de finalizarem as filmagens antes do prazo final previsto, a equipe sofreu com alguns imprevistos e contratempos. Os atores John Cazale e Lance Henriksen tiveram uma crise de riso incontrolável, um pouco antes de gravarem as cenas finais. Segundo os que estavam por perto, essa crise de riso durou aproximadamente uma hora. Outra curiosidade, que serviu para atrasar um pouco as filmagens foi por conta da atriz Penélope Allen, que interpreta Sylvia simplismente não quis sair do ônibus quando deveria fazê-lo, na cena em que os policiais abordam o furgão, a fim de prender Sonny. Ela disse que não queria deixar Al Pacino sozinho no ônibus e o diretor Sidney Lumet, antes de iniciar a próxima tomada, pediu para a atriz sentada ao seu lado que a empurrasse caso ela não quisesse cair, e que um dos policiais ao lado do ônibus, a amparasse se ela caisse. Fora esses pequenos problemas, as filmagens foram rápidas e fáceis.

Como o excelente diretor que é, Lumet sempre exige o máximo de seu elenco. Na cena em que o personagem Sonny fala com Leon no telefone, o diretor queria que ele logo em seguida falasse com a sua mulher também. Como são muitas as falas, Al Pacino ficou exausto, até porque teve que repetir algumas vezes. Na verdade esse era o objetivo de Lumet, cansar o ator ao máximo, para assim ele não saber exatamente o que estava fazendo. Segundo Pacino algumas cenas e passagens do filme eram simplismente insuportáveis de serem filmadas, devido ao cansaço tremendo que os atores sentiam em um ambiente tão abafado como era o local onde as filmagens internas aconteciam. Na verdade, o filme todo não foi gravado em estúdio, já que o diretor queria que houvesse uma entrosamento do local das filmagens (no filme, o banco) com a rua, onde várias cenas seriam gravadas. Então a locação ficou no Brooklyn, onde havia funcionado uma oficina mecânica. Os cenários, resposáveis por Douglas Higgins, deixaram o local idêntico a um banco normal.

Lumet também dava certas liberdades a um elenco novato e muito nervoso. Querendo que eles apenas se lembrem de que estão interpretando funcionários de banco, o diretor liberou-os para usarem as próprias roupas, tiradas de seus armários e a pedido de uma das atrizes, ele também liberou-as para improvisarem algumas falas, caso fossem necessárias, o que provocou algumas mudanças no roteiro de última hora. No assalto real, havia uma grande multidão ao redor da cena principal. Para mostrar isso no filme, o diretor chamou algumas pessoas que circulavam por lá naquele momento, assim como estudantes que matavam aula, caminhoneiros, donas de casa, etc. Ao todo, 200 pessoas se amontoaram em volta para servirem de figurantes. Mas logo depois, os próprios moradores do local, como outras pessoas que andavam por lá naquele momento, foram se reunindo ao grupo de figurantes. No final, mais de 1200 pessoas estavam presentes, e quando o personagem de Al Pacino aparecia, eles gritavam algumas palavras, por vezes de acordo com a orientação do diretor Lumet, outras sem a mesma.

Na cena em que Sonny é preso, as filmagens ocorreram de longe, pois o diretor optou pelo uso da lente teleobjetiva, para que assim não houvesse nenhum tipo de intervenção por parte de Lumet.

Deixando de lado os bastidores da produção, é hora de comentar sobre o elenco de 'Um Dia de Cão'. Obviamente o destaque de todos os atores é Al Pacino, em uma das melhores atuações de sua carreira. Provando ser um grande e magnífico ator, Pacino interpretou de forma correta, sem exageros e de forma brilhante e sensacional. Podemos dizer o mesmo do elenco de coadjuvantes, que apesar de alguns não terem experiência alguma em frente às câmeras, como os funcionários do banco, as tais liberdades que o diretor permitiu certamente fizeram efeito e todos eles estavam muito mais a vontade em seus respectivos papeis. John Cazale também está ótimo, seco e brilhante. Ele já havia trabalho anteriormente com Pacino nos dois primeiros filmes de 'O Poderoso Chefão', antes de falecer de câncer, em 1978. O novato Chris Sarandon também demonstrou ter talento como o travesti do filme. Na cena em que ele fala por telefone com Sonny (totalmente improvisada, diga-se de passagem), o ator mostrou ser grande e capaz de feito incrivelmente maiores. O fato é que a direção correta e liberal de Sidney Lumet ajudou e muito na preparação dos atores, que ficaram muito mais a vontades de expressarem seus talentos, e como no caso dos mais experientes (Pacino e Cazale), provarem e expandir seus talentos.

A escolha da atriz para interpretar a mãe de Sonny foi muito interessante. A atriz Judith Malina foi escolhida para o papel porque Sidney Lumet sabia que Al Pacino a tinha como um ídolo. Ela trabalhava no grupo vanguarda "Living Theatre". Malina já esteve no Brasil em 1971, enquanto ensaiava um peça em Ouro Preto. Porém, ela e seus companheiros de teatro foram presos e depois, expulsos do país. Eles foram acusados de ligação com o "movimento subversivo nacional", que era altamente condenado na época.

A parte técnica do filme também não deixa nem um pouco a desejar. A belíssima e simples fotografia de Victor J. Kemper fez de algumas cenas verdadeiras pinturas. A montagem de Dede Allen e Angelo Corrao, que foram indicados ao Oscar por esse trabalho, também é competentíssimo, com cortes de cenas certíssimos e deixando um filme tão complexo com pouco mais de duas horas de duração. É interessante notar que o filme não possui trilha sonora alguma, mantendo um clima mais tenso possível.

'Um Dia de Cão' talvez seja o filme mais corajoso dos anos 70. Além de retratar um assalto famoso, julgar a polícia americana, que na época já estava bastante desmoralizada devido a inúmeros escândalos já é uma atitude admirável. Além disso, é um dos primeiros filmes a retratarem a questão gay e adotar em parte a questão transsexual. Uma das falas mais ousadas do filme talvez seja a que Sonny dita em voz alta no seu testamento: "A Leon, a quem amo como nenhum homem jamais amou outro homem...". Realmente, foi uma escolha bastante corajosa, devido ao alto índice de preconceito que tinha nos Estados Unidos durante a década de 70.

Apesar de ter um ritmo acelerado, já que a história se passa toda em apenas um dia, o filme tem um tom um tanto melancólico e as cenas finais, apesar de serem as melhores, ajudam para que o filme se torne algo ainda mais melodramático e tenso. Quem espera um filme de ação, com perseguições e tiros vai se decepcionar. O barulho de uma arma disparando acontece somente duas vezes em todo o filme.

"Estou morrendo aqui". Esta fala é um exemplo do quão melancólico o filme se torna. Ele repete isso uma centena de vezes, e na verdade le não é nenhum psicopata e ninguém que poderia fazer mal a outra pessoa. É apenas um modo de conseguir o que quer, e em determinadas situações, ele pode conseguir ou não.

No artigo publicado por Kluge e Moore, eles comentaram abertamente que o assaltante tinha feições parecidas com os atores Al Pacino e Dustin Hoffman, por coinsidência ou não, quando Pacino estava prestes a abandonar de vez o papel antes de aceitá-lo, Hoffman chegou a ser chamado para substitui-lo, caso Pacino não realmente se recusasse a atuar no filme.

Uma outra curiosidade é que o assaltante verdadeiro, John Wojwicz assistiu ao filme 'O Poderoso Chefão' no dia do assalto, no qual, como já foi dito, Al Pacino e John Cazale trabalharam juntos. Ele também declarou, depois de conferir o filme, que poucas coisas foram fiéis à história original e que ele nunca havia cogitado a hipótese de abandonar o seu companheiro Sal. Ele elogiou as interpretações dos atores do filme, dizendo que se mantiveram fiéis aos personagens reais.

É altamente recomendado a todos aqueles que apreciam um filme diferente, com uma história ousada e um elenco brilhante, experiente e iniciante, na mesma proporção. Sidney Lumet se torna um dos diretores mais respeitados de sua época por dirigir esse filme. Um filme "do cão", no bom sentido.

Críticas

Casablanca

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Uma obra-prima imortal, atemporal e sensacional: é o que Casablanca é!

É muito difícil fazer uma crítica aprimorada sobre um dos maiores clássicos do cinema norte-americano, considerado por muitos como a sua obra-prima máxima. Apesar de uns venerarem de maneira incontestável e outros ainda apenas achar que é um dramalhão superestimado, a verdade é que Casablanca é um dos filmes mais importantes do cinema mundial e imortal.

Muitos são os fatores para que se considere de tão valor artístico. Talvez pelas dificuldades que existiram para que uma história política em plena década de 40, sob a égide da Segunda Guerra Mundial, se transformasse num belíssimo roteiro de um grande romance ou pelas questões técnicas que impressionam até hoje.

O roteiro conta a estória de Rick, dono de um bar em Casablanca, uma pequena cidade em Marrocos na qual é rota de fuga dos refugiados da Segunda Guerra Mundial, a fim de buscarem vistos para viajar a Lisboa e depois à tão-sonhada América. O enlace principal ocorre quando Ilsa, uma ex-amante de Rick, aparece na cidade com o seu marido Laszlo, um resistente Tcheco procurado pela polícia alemã. Aí surgem as memórias da antiga paixão vivida por Rick e Ilsa e a busca por uma solução para o amor dos dois e para a fuga de Laszlo.

O roteiro é o que há de mais brilhante, em minha opinião. Adaptado de uma peça teatral escrita por Murray Burnett e Joan Alison, mistura, de forma esplêndida, uma situação política real da Segunda Guerra Mundial, envolvendo países como Alemanha, França, EUA, Marrocos e muitos outros. Ademais, desenvolve entre essa questão histórica da década de 40 um romance muito bem planificado entre os horrores da guerra e marcado por uma situação de amor bastante agradável para quem assiste. Uma dualidade interessante e presente apenas em grandes escritos.

Além disso, as interpretações são marcantes. Humphrey Bogart é o cinismo em pessoa, marcado pela arrogância e poder do seu bar em Casablanca. Contudo, o seu papel muda de ares nos momentos de paixão vivido com Ilsa, demonstrando um sentimentalismo e uma mudança de atuação incrível. Ingrid Bergman dá o toque sensual e feminino ao filme, mais do que necessário em grandes obras, passando através de sua beleza e de seus olhos uma atuação simplesmente brilhante. Paul Henreid não fica muito atrás no papel de um líder da esquerda política. Porém, destaco a atuação do inglês Claude Rains, que interpreta o corrupto Capitão Renault. Seu trabalho é sensacional, dando em certos momentos o tom de sutileza cômica que equilibra o filme em inúmeras formas teatrais.

Por sua vez inesquecível, a música de Casablanca, criada por Max Steiner, se eternizou na história do cinema mundial. As Time Goes By é um hino do cinema, dando ao romance dos protagonistas a sutileza indispensável a um grande clássico. Com certeza Casablanca não seria o que é na história do cinema se não fosse pela belíssima música de Herman Hupfield, tocada por Sam, interpretado por Dooley Wilson, numa das cenas mais inesquecíveis do filme. Entre uma cena e outra também se ouve tocar a linda Marselhesa, hino da França.

A direção de arte em preto e branco cativa o espectador e dá um brilho único a grandes filmes, ficando, às vezes, uma indagação aos cinéfilos: será que teria o mesmo resultado filmado em cores? Não sei, mas creio que não teria o mesmo charme.

Um dos maiores romances do cinema mundial, com um roteiro brilhante para quem gosta tanto de um drama sentimental como para aqueles que gostam de uma boa música ou apenas de uma história política.

Incrível que assim como O Poderoso Chefão, do mestre Coppola, Casablanca, com as inúmeras dificuldades que teve, tinha tudo para dar errado, mas Michael Curtiz fez com que tudo desse certo e mais do que isso.

Ainda que haja detalhes dos quais eu não goste, eu não consigo deixar de assistir Casablanca e me enquadrar na categoria dos que veneram esta obra absolutamente imortal, a razão eu não sei responder, mas ela me satisfaz completamente, talvez pelo seu gracioso charme talvez pela sua história.

Um filme para ser visto inúmeras e inúmeras vezes, com grande satisfação!

“Estou de olho em você, Garota!”

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Kill Bill - Volume 2

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Após você assistir ao volume 2 de Kill Bill, acaba que sugere uma sensação de que Kill Bill realmente trata-se de um obra homogênea que nunca deveria ter sido dividida. Nessa segunda parte, a narrativa chega a perder um pouco o fôlego, no sentido em que são criadas respostas não tão convincentes e criativas às lacunas abertas na primeira parte. É mais forte a presença de diálogos, única luta interessante fica por parte do duelo entre A Noiva, ou agora, já com o nome revelado, Beatrix Kiddo (Umma Thurman) e Elle Driver, interpretada por Daryl Hannah (Blade Runner e Wall Street - Poder e Cobiça), onde vemos uma boa interpretação das duas, isso claro, marcado pelos competentes diálogos criados por Tarantino.

Todavia, como já dito, essa segunda parte há uns deslizes do roteiro de Tarantino. Por exemplo, o treinamento de Betrix Kiddo com o mestre Pai Mei (personagem dos anos 70, tirado dos filmes de samurais dos irmãos Shawn) se se estende demais, com tiradas de humor fora dos padrões de Tarantino, sem o humor negro habitual. Além de que nessa parte prevalece o estilo western spaghetty,com cenas menos voltadas as artes marciais, característica forte do volume 1.

O caráter de unidade dos dois filmes se revela forte nessa obra pelo fato de Tarantino manter a mesma intensidade e apuro técnico, seja na Trilha Sonora espetacularmente original, seja na fotografia, encaixando em alguns pontos, como a cena do casamento (ensaio deste) onde o tom preto-e-branco dá reforça o estilo western que prevalece nessa cena.

As atuações continuam seguras. Umma Thurman consagra seu papel e mostra toda sua desenvoltura, fruto de longo processo de preparação. Umma é sim o ponto de equilíbrio entre as atuações, não apenas no sentido em que a história gire em torno de sua vingança, mas também pelo fato de sua personagem ter, e o é, de adaptar-se a todas as diferentes situações por qual ia passar. Chega a ser meio épico a sua busca desenfreada por vingança.

Destaca-se também, David Carradine, como Bill, que aparecerá bastante nessa seqüência. Carradine, que não era a primeira opção para o papel, antes dele havia dois atores, incluindo Kevin Costner, cotados para assumir o pivô do conflito. Daryl Hannah está sexy e cínica como Elle Driver, uma personagem que ganha força em um momento necessário da trama, já que a verborragia de Tarantino já havia preenchido boa parte do tempo da trama, a luta entre Elle e Beatrix serviria como contraponto aos extensos diálogos. Luta essa que figura-se entre as melhores de Kill Bill, uma espécie de duelo de samurais em pleno clima de western, com sabres cortantes e pitadas bem trash, como a hora em que Betrix arranca o olho de Elle.

Ao final, quando Beatrix finalmente encontra Bill, Tarantino nos prega uma surpresa, onde a presença da filha de Beatrix e Bill, B.B. Kiddo( Beatrix fazia parte do bando de Bill e estava grávida do memo, percebendo isso, decide se afastar deste em busca de uma nova vida, aí está a explicação para a chacina que motiva a vingança de Beatrix) serve pra amenizar a tensão do provável confronto entre seus pais. Na solução desse confronto, Beatrix finalmente realiza sua vingança, graças a uma técnica aprendida com mestre Pai Mei, o que chega a ser uma solução barata, simples até. Não é uma luta épica de grandes proporções, demorada.

Enfim, o saldo final entre as duas partes de Kill Bill é positivo. Tarantino consegue transpor a tela grande parte de suas influências, com seu estilo original de sempre. Kill Bill tem sim seus deslizes, mas o que realmente fica como sua marca é o seu estilo único, ousado. O trabalho mais requintado tecnicamente de Tarantino. Essa segunda parte teve uma bilheteria de $152.159.461 em torno do mundo. Saldo positivo.

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Kill Bill - Volume 1

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Uma salada de gêneros orquestrados por um diretor corajoso, que como ele mesmo aponta: "Kill Bill serve pra mostrar o quanto eu sou bom, serviu pra elevar ao máximo meu sentido enquanto diretor". Ao seu gosto, Tarantino cria seu própio universo, utilizando referências a filmes que marcaram sua formação enquanto diretor. Kill Bill acaba usando a "Violência real", sem exageros, em se tratando das referências a que se propõe dialogar. E mais, Tarantino mostra ser um diretor de talento não só em desenvolver sua mitologia, mais de compor toda uma particularidade de técnicas pra essa sua mitologia, sendo seu grande mérito não se perder nesse universo, ao contrário, Tarantino, como uma espécie de divino sob seu panteão mitológico ordena toda a situação com habilidade sobre-humana.

Kill Bill é uma história simples: uma mulher conhecida por "A Noiva" (Umma Thruman) tem futuro marido e amigos brutalmente assassinados no ensaio de seu casamento, ela mesma, fica em coma por longos quatro anos. Acordando, decide se vingar daquele que planejou tudo: Bill (David Carradine). Só que aí, pego uma fala de O-Ren Ishii (Lucy Liu): “Você não achou que ia ser tão fácil não é?". Diante disso, Tarantino vai jogando referências/influências como do filme japonês de 1973 "Lady Snowblood" no qual uma mulher mata a gangue que assassinou sua família; A Noiva Estava de Preto (1968), de François Truffaut; western spaghetti; blaxploitation; filmes de kung fu dos anos 60 e 70; o traje amarelo de Uma Thurman é uma réplica do usado por Bruce Lee, em Brucee Lee no Jogo da Morte; Jornada nas Estrelas, no provérbio: "A vingança é um prato que se come frio", que foi retirado do segundo filme A Ira De Khan (1982); filmes trash, vide a abundância de sangue jorrado (450 galões de sangue falso nos dois filmes) a até aqueles que dizem que a referências a Matrix, Tom & Jerry, Loucademia de Polícia, mas eu acho que são apenas semelhanças, não algo intencional.

O Roteiro foi desenvolvido por ele, Tarantino, e Umma, durante as gravações de Pulp Fiction.

Nessa primeira parte, já que a idéia era que o filme tivesse 4 horas de duração (Tarantino e a Miramax resolveram dividilo em dois - o grande erro do filme) temos bons momentos, boas lutas além de que o roteiro nos encaminha habilmente a esse universo tarantinesco. Passamos a nos contagiar com a história, desejamos a vingança da Noiva.

Nesse sentido, na primeira parte reveza boas atuações de alguns atores, com deslizes de outros. Enquanto Umma Thurmam segura a barra em todos os capítulos, nessa primeira parte temos como destaque negativo a presença de Lucy Liu (Chicago e As Panteras), apática como sempre a nova-iorquina reafirma sua incapacitação em demonstrar um pingo de noção de gestualização pra seu papel. Há também Julie Deyfrus, como membro da gangue de O-Ren Ishii, que serve apenas para compor um papel superficial e até desnecessário, como a sino-italiana Sofie Fatale. Por outro lado, nesse volume 1 o destaque fica por conta de Vivica A. Fox, como Vernita Green, personagem envolvida no massacre do casamento, e que protagonizará uma sangrenta luta com a noiva logo nas primeiras cenas.

No Vol. I, a parte técnica é exigida ao extremo, vemos os ângulos de que Tarantino simpatiza, além de belas tomadas por cima dos personagens; a Edição de Sally Menke (Editor dos filmes de Tarantino, Indicado ao Oscar por Pulp Fiction) é espetacular, precisos cortes nas cenas de luta trazem um ritmo mais frenético a elas. A Fotografia de Robert Richardson (indicado por Platoon, Nascido em 4 de Julho, Neve Sobre os Cedros e vencedor por JFK - A Pergunta que Não Quer Calar e O Aviador) abusa de cores fortes, sendo cheia de brilho na cena de luta em um quintal de casa japonesa.

Trilha sonora fantástica, eclética, utilizando de vários estilos em cenas imprevisíveis, fato que poucos teriam tanta coragem como Tarantino (o impacto de distorção e efeito é semelhante à Kubrick jogar música clássica para os confins do universo).

Enfim, a Mitologia (digo isso por mera referência ao que Tarantino sempre menciona, como sua Mitologia) tarantinesca pode parecer lixo cultural pra uns, você pode realmente não gostar do western spaghety ou não se empolgar com os filmes trash, ou com a pancadaria dos filmes de Kung Fu, mas com Tarantino, essas referências ganham um novo sentido, ousado. Se essas referências são “artes de baixa qualidade” não sei, mas o resultado de Tarantino é bem próximo de uma grande realização artística. Kill Bill teve um orçamento de US$ 55 milhões, os dois filmes, vacilam em certas partes da história que se tornam desinteressantes, isso fica bem presente na segunda parte, mais o brilho do roteiro de Tarantino, aliado à precisão técnica jamais igualada em seus outros filmes faz de Kill Bill - Volume 1 um bom começo.

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Crepúsculo

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Vi o filme sem ter lido o livro, porém ainda consigo relacioná-lo a outras histórias vampirescas que conheço e por isso vou tentar separar as diversas impressões que o filme me causou.

1º a de espectador sem nenhum conhecimento de mundo:

O filme não foi nada bom, o roteiro é medíocre, tudo parece sem sal, é um romancezinho bonitinho, com personagens e atores bonitinhos, onde nada acontece e o único momento de ação "propriamente dita" que podemos ver é a perseguição do tal vampiro rastreador à humana. Além disso os efeitos especiais não são especiais e parecem que foram tirados de algum seriado de baixo orçamento dos anos 90.

Resumindo, o filme é ruim porque eu não consegui entender a sutileza do filme, não consegui prever que ele terá uma continuação com mais 3 filmes, não tive a capacidade de saber realmente do que se tratava o livro que deu base para o filme, e ainda sim expresso minha opinião de como o filme foi medíocre.

2º a de espectador que não leu o livro, mas ainda sim tem conhecimento de mundo suficiente para relacionar o filme com esse conhecimento e assim dar sua opinião:

Bom, ver o filme sem ter lido o livro é péssimo porque geralmente as adaptações cortam algumas cenas de êxtases e sutilezas que acontecem nos livros e que nos permite entender melhor as personagens e suas motivações, imaginem quais seriam as notas aqui no cineplayers para O Senhor dos Anéis se ninguém da equipe tivesse lido o livro; além dessa dificuldade existe ainda a proeza de avaliar um filme baseado em um livro que é dividido em atos, novamente posso me remeter ao filme O Senhor dos Anéis; tendo isso em mente acho que deixei claro as dificuldades de avaliar esse filme, e vou levar tudo isso em conta na minha critica.

Mesmo sem ter lido o livro dá para perceber claramente que o filme/ livro tem por base uma nova abordagem sobre vampiros que vem sendo adotada recentemente , essa nova abordagem para mim tem uma forte influencia do cenário de RPG World of Darkness principalmente do livro/jogo de RPG Vampiro a máscara e Lobisomem o apocalipse, veja os pontos em comum:

Vampiros se sentem como monstros incapazes de ferir a raça humana à qual um dia eles pertenceram, isso fica claro no filme, e apesar de ter alguns vampiros que fogem a essa regra isso também é previsto no cenário de RPG que eu citei.

Vampiros e lobisomens são raças inimigas, apesar de eu não ter lido o livro dá para perceber de cara que o amigo de Isabella que mora na tal reserva é um lobisomem, e que a rixa entre vampiros e lobisomens invariavelmente vai aparecer nos futuros filmes

Certos poderes vampirescos como: Visão do futuro, Leitura de mentes, só aparecem nesse filmes com essa tal abordagem moderna, e que reforçam mais ainda a influencia do RPG que citei.

Não temer a cruz ou a alho, o temor a essas coisas é muito comum na mitologia vampiresca porém nessa nova abordagem isso é só lenda.

Esses são apenas alguns, dentre muitos, pontos em comum com os livros/jogos de RPG citados.

Levando essa nova abordagem em consideração, os fãs de Stoker não tem nada a reclamar, já que o filme não foi baseado na interpretação da mitologia vampiresca que Stoker fez e sim nessa nova abordagem da mitologia que eu expus, indo mais fundo ainda vemos que o filme não tem problemas estruturais em relação ao enredo já que a autora do livro faz sua própria interpretação da mitologia vampiresca.

E já que podemos avaliar a abordagem dramática do filme como “banal” e “rasa”, também não podemos esquecer que o filme terá mais quatro atos, e que provavelmente se aprofundara ao que se propôs.

Esse filme traz a tona uma das grandes dificuldades que críticos do mundo inteiro têm, a de avaliar um ato de uma trilogia sem levar em consideração a obra completa, e como eu disse no começo da minha avaliação, quais seriam as notas do senhor dos anéis aqui no cineplayers se só levássemos em consideração um de seus atos.

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Cupido é Moleque Teimoso

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Sempre que lia assuntos relacionados ao cinema e ao gênero comédia e se citavam obras pertencentes a tal, vezes várias me deparava com esse filme de Leo McCarey nomeado. Só o assisti agora (23/12/08), na madrugada, pela TV fechada. Não aprecio muito conhecer um filme através da tela pequena. Contudo, fazia pelo menos uns quinze anos que o pretendia assistir e nunca me deparei com ele em cartaz no circuito alternativo. Estava com tempo, estava sem sono e no dia seguinte estava de folga. Tudo se ajustou e finquei-me no sofá. O filme em si é difícil de comentar. Só o vi uma vez e me deu aquela sensação de que ficou aquém do esperado. Optei por só escrever agora, que o filme já se distanciou do impacto que senti naquela madrugada. Eis algumas das “impressões” causadas:

1 – Trata-se de um tema por demais filmado. Uma comédia sobre a reconciliação, quando a separação já se fazia iminente. Contudo esse déjà vu não deve ser considerado uma fraqueza da obra. Ao contrário, trata-se de entrar em contato com o original. O filme de MacCarey deve ser reconhecido com o primeiro e perfeito iniciador dos códigos e regras que seria copiados e utilizados até o esgotamento por seus seguidores.

2 – O filme se ancora sobre diálogos saborosos e inspirados. Os atores estão soltos e percebe-se que o improviso surgiu várias vezes: explorou-se aquilo que se chama comédia de situação. A graça não decorre somente do inspirado roteiro, nasce também do improviso e surge várias vezes de gestos e olhares próprios do cinema mudo.

3 – Um casal que se ama e se digladia como cão e gato até a reconciliação ou entrega ao sentimento que os afeta é tema recorrente. Poderíamos citar dezenas rapidamente. Cito apenas duas películas: “Aconteceu naquela noite” e “A garota do adeus”. Contudo credito a McCarey nesse filme uma das sequências mais inspiradas que já vi. Quando Jerry reencontra sua mulher numa danceteria, ela está acompanhada de um cavalheiro que ele já avistara (Dan Leeson – um ingênuo recém saído de Oklahoma que deve obediência a mamãe). Ele está acompanhado de uma dançarina com aspirações a cantora. Os casais dividem uma mesa e tanto ele (Jerry) quanto ela (Lucy) ao olharem para os novos parceiros, tem a certeza que nenhum dos dois podem se ombrear ao antigo. Só que dar o braço a torcer está fora de questão, além do que o filme ali se findaria. Assistiremos a um show, onde cada qual vê o novo escolhido se esboroar diante dos olhos satisfeito do outro (Curioso... é o segundo filme que vejo de Ralph Bellamy em sua juventude e o papel se assemelha. Dan Leeson parece-me uma cópia fiel de Bruce Baldwin de “Jejum de amor” (ou vice-versa).

4 – O filme parece crescer de ritmo, a medida em que as gags diminuem. De qualquer forma quase no seu final, surgem duas cenas que marcam visualmente. O casal que ganha uma carona dos policiais, nada mais cômico, não carece de nenhum diálogo que reforce o riso que nasce espontâneo ao assistirmos o ridículo da situação. A outra é que dará término ao filme. Trata-se de variações sobre uma mesma gag. Alguns dirão que tal não funciona mais. Será? Talvez seja longa demais, mas não seria justamente essa sensação de não término que faça com que estampemos um largo sorriso com a tomada final (o relógio)? Não descreverei o que ocorre, a fim de não estragar a surpresa para aquele que se dignar a conhecer a obra.

Décadas após seu surgimento nas telas, o filme ainda mostra um vigor e é ainda uma referência para os novos cineastas. Tal não é pouco e merece nossa admiração. Afinal estamos diante do “original”. E esse original foi bem realizado.

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Hellboy II - O Exército Dourado

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Um bom filme que supera em tudo o seu antecessor.

Eu sou sempre suspeito quando falo de filmes adaptados dos quadrinhos.Na maioria das vezes gosto,pelo menos razoavelmente deles,mesmo que não sejam obras-primas,ou que sejam sempre clichês.E pra este HELLBOY II:THE GOLDEN ARMY,tenho uma boa impressão,pois este supera e muito outros filmes do gênero em quase todos os aspectos.

Sua abertura é fantástica.Resumidamente de uma forma extremamente convincente vemos o Dr.Bloom contar uma história mitológica para seu achado,o ainda jovem menino demônio:Hellboy.Depois de contada a história do livro é quase que essencial para que todo o resto do filme se desenvolva.

Este HELLBOY II nos traz a mesma turma de antes(só que com um único personagem faltando:John Myer,interpretado por Rupert Evans no filme anterior).A história mesmo não sendo um mar de originalidade é simpática e nos convida direto para a trama sem se esforçar muito,como já dito no parágrafo anterior:a abertura é fantástica!Logo depois dessa aberturasinha em um tipo de curta metragem de animação,já somos tragos ao "mau",por assim dizer:O príncipe Nuala.E é justamente por causa dele que boa parte da trama se desenrola,pois ele quer trazer a paz de volta ao seu povo(elfos)que viveram a vida inteira em guerra com os humanos pela posse da "terra" ,e que depois de algum tempo acabaram entrando em desespero e mandaram um velho ferreiro ,que se dispoz a fabricar um exército inteiro de "super soldados",e sendo assim ordenado pelo rei dos elfos,o ferreiro o constrói.Depois disso uma trégua é estabelecida por muito tempo até que o "mau" tenta quebrá-la.

Pode parecer simples,mas por incrível que pareça a história ate que é um pouco complexa em meio a sua filosofia.Mas Guilhermo Del Toro desta vez está mais seguro,e conduz a trama muito bem,ainda tem seus defeitos aqui e aculá,mas o resultado final acaba sendo uma diversão de primeiríssima.

Os atores estão mais à-vontades para se abrir mais e se divertir mais com seus personagens.Detalhe a maquiagem de quase todos leva horas pra ficar pronta,se não ficar feliz com o papel a coisa fica feia.Não tem nenhum destaque em si,pois todos desta vez exerceram uma característica que ainda vinha sendo trabalhada no filme anterior.

O roteiro,como a maioria dos roteiros de adaptações comete muitos furos e erros,mas que desta vez são corrigidos pelos acertos,principalmente se tratando do enredo principal,ou um dos: o amor.E é basicamente nesse tema de pano de fundo em que o filme se baseia.E é com esse tema que temos muita diversão,e a cena mais engraçada de todo o filme.Traduzindo:os erros são superados pelos acertos.Um roteiro irregular,mas que se concerta com o tempo.

A direção está bem mais segura,ainda mais depois de ter varias indicações em seu trabalho anterior:O LABIRINTO DO FAUNO,Guilhermo Del Toro está melhor,mas nem por isso excelente.Cometes muitos erros de narrativa e alguns de condução simples ,mas ele tem um pequeno problema que um outro diretor muito famoso tem:faz filmes bons,só que na maioria das vezes estes são superados por seu aspectos técnicos.

Um desses aspectos técnicos é a fotografia.Simples mais sempre exata nos momentos certos.Em horas escuras está sempre muito boa,e em horas clara muito bem iluminada.Ótima.

Os figurinos estão,não consigo encontrar outra palavra,então vou entrar no clichê mesmo:estão simplesmente divinos,ou se preferir demoníacos.Evoluíram e muito do primeiro filme pra cá.Muita gente pode não perceber ,mas até o sobretudo sempre fiel do Hellboy está mudado e muito melhor do que antes.Uma melhora grande está por conta do figurino de Abe sapiens,A nova roupa,além de deixá-lo mas "estile",também proporciona melhor movimentação ao ator.A conquista dessa área fica por conta das roupas do reino dos Nuala e do mercado de trolls,incríveis roupas são constituídas a partir da excelente maquiagem.

A maquiagem.Que maquiagem, uma das melhores, se não for a melhor que já vi.Aviso já,que acho que ela merece o oscar.Cada detalhe, cada textura, cada cor, cada movimento, nossa, é de arrepiar, ainda mais depois de ver todos os atores sendo colocados "dentro "das maquiagens.Agora pra compor uma das melhores/maiores cenas já vistas no quesito "monstros",ou criaturas bizarras,só a melhor das maquiagens poderia conseguir isso,e ela consegue.O mercado de trols é magnífico,cada "criatura" é criada com um pouco de carinho e sendo assim,muito bem feita.Maravilhosa.Cada personagem está perfeito.

Um filme com ótimos momentos,destaque para as cenas do já citado e famoso mercado de trolls,e a minha preferida ,a cena do monstro de planta,a mais bela cena do filme na minha opinião,é sensato dizer que HELLBOY II :THE GOLDEN ARMY foi sim uma das melhores diversões desse ano.

Críticas

Reis da Rua, Os

0,0

Os Reis da Rua não traz um pingo de originalidade ao gênero policial, mas mesmo assim é uma boa experiência, que conseguiu me deixar várias vezes com os olhos grudados na tela, ansioso pelo desenrolar (previsível, é verdade) da história.

O roteiro foi escrito por 3 pessoas: Kurt Wimmer (responsável pelo excelente Equilibrium, mas também pelo péssimo Ultraviolet), Jamie Moss (que nunca ouvi falar) e James Ellroy. Opa, esse é conhecido. Ele contribuiu na criação de filmes como A Dália Negra, A Face Oculta da Lei, e é claro, Los Angeles - Cidade Proibida, uma obra-prima, diga-se de passagem. Eis o problema. Comparar esse Os Reis da Rua com L.A. - Cidade Proibida é de uma injustiça sem tamanho.

David Ayer ficou encarregado da direção e até fez um bom trabalho, principalmente nas cenas de perseguição e de tiroteios, só que ele raramente foge do padrão, realizando um trabalho burocrático na maior parte do tempo.

Bom, vamos ao enredo: Tom Ludlow (Keanu Reeves) é um detetive que passa por algum problema pessoal. Isso fica evidente com a boa sequência inicial, que mostra Tom iniciando o dia vomitando no banheiro e indo até uma loja comprar três pequenas garrafas de vodka. Ele segue uma pista e consegue sozinho solucionar um caso de sequestro envolvendo duas gêmeas. O problema é que ele resolve o sequestro de uma maneira nada usual, indo contra as regras de conduta da polícia e produzindo defuntos em excesso. Seu chefe, o capitão Jack Wander (Forest Whitaker, com uma atuação um tanto exagerada, mas competente ), não economiza esforços para abafar o caso, evitando que Tom receba punições por seus atos.

Ok, ficam evidentes os dois assuntos principais que o filme quer mostrar: O corporativismo de um departamento de polícia, que protege seus membros mesmo quando eles cometem crimes e também a corrupção que faz parte da vida de grande parte dos policiais. São assuntos interessantes, é verdade, mas que já foram trabalhados antes e de maneiras bem mais satisfatórias, como em L.A.- Cidade Proibida que já citei aqui. Pelo menos há um diálogo honesto que retrata muito bem esse clima: "Não importa o que acontece e sim o que está escrito". Quer dizer, se você tiver um bom contato no jornal da sua cidade, você não ficará com a imagem abalada após algum ato falho.

Tom faz parte de toda essa corja, mas o assassinato de um antigo parceiro o faz investigar as coisas de uma maneira mais profunda. Aí está um dos defeitos do filme. Em nenhum momento eu consegui aceitar essa rápida passagem de Tom do lado corrupto para o lado que quer fazer o bem. O bom é que essa investigação é sempre interessante, nos apresentando personagens verdadeiramente perigosos que podem fazer com que o detetive não chegue a uma conclusão. Um dos melhores momentos do filme se dá justamente durante investigação, quando Tom e o seu novo parceiro perseguem um suspeito a pé pelos guetos e becos da cidade, culminando com um fim um tanto peculiar para o suspeito.

O filme perde a força pois permite que o seu final seja adivinhado antecipadamente. Também faltou um pouco mais de desenvolvimento do personagem principal. O motivo das suas constantes bebedeiras é revelado, mas não explicado, o que é uma pena, já que havia potencial melhorar o enredo.

Enfim, Os Reis da Rua é bacana e consegue prender a atenção na maioria do tempo, mas não possui nada de especial que evite que em breve ele seja esquecido.

Críticas

Vídeo de Benny, O

0,0

A genialidade que perturba

A crítica social e a análise psicológica são os dois principais pilares de sustentação da obra de Michael Haneke. O primeiro está presente de forma poderosa em filmes como Código Desconhecido (2000) e O Tempo dos Lobos (2003). Já o segundo carrega títulos marcantes como A Professora de Piano (2001) e Caché (2005). Talvez o grande diferencial de uma produção anterior, O Vídeo de Benny (1992), a segunda de sua filmografia, seja a forma inteligente como o diretor soube unir esses dois elementos.

Aqui, narra-se a história de um adolescente (Arno Frisch) que mantém uma relação distante com os pais, interpretados por Angela Winkler e Ulrich Mühe, este em sua primeira parceria com Haneke – mais tarde, faria O Castelo (1997) e Violência Gratuita (1997). O jovem passa a maior parte do tempo sozinho em seu quarto escuro, alimentando o vício em televisão e vídeos, violentos em sua maioria. Em um final de semana em que os pais viajam, Benny leva para casa uma garota (Ingrid Stassner) que acaba de conhecer. Após mostrar a ela suas imagens favoritas, do abate de um porco, acaba matando-a com a mesma pistola de ar comprimido usada contra o animal.

A questão social está evidente. Fica claro que o comportamento agressivo do rapaz é diretamente influenciado pela espetacularização da violência na mídia, e pela negligência dos pais. Porém, ainda que visível, o problema aparece apenas por trás. O que o filme busca, em primeiro plano, é mergulhar fundo na mente de Benny. Por isso, a maior parte dele se dedica a seguir os passos do jovem.

Mais do que as cenas de violência, o que realmente espanta na exploração desse universo confuso é a frieza: no relacionamento da família, na postura de Benny após o assassinato, na reação dos pais quando descobrem o ocorrido, na atitude do garoto no desfecho final. A frieza é o ponto visceral, brilhantemente explorado pelo diretor, e o que faz desta uma produção forte e envolvente como poucas conseguem ser.

É comum se ouvir dizer que os filmes de Haneke são apenas “para quem tem estômago”. O Vídeo de Benny é a prova maior de que a sentença não é exagerada. Mas aqui, o incômodo não toma base em seqüências regadas a sangue ou pancadas e, sim, na inteligente análise crítica de uma personalidade e, acima de tudo, de uma sociedade.

Críticas

Violência Gratuita

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Nem mesmo a maior das regras

Que Michael Haneke prefere passar longe dos formatos usuais, todos já sabem. Mas a audácia do cineasta alemão em seu clássico Violência Gratuita (1997) extrapola qualquer limite. Haneke quebra a mais sagrada regra do cinema, e da dramaturgia de maneira geral; o primeiro de todos os conceitos trabalhados em livros especializados e salas de aula é aqui desprezado por ele. O que Haneke faz é nada mais nada menos do que derrubar o chamado “quarto muro”.O termo é utilizado para designar a distância que deve(ria) ser mantida entre o filme e o espectador.

Aqui, Haneke chama sua audiência para dentro da situação retratada na tela. Mais do que isso, apela para uma cumplicidade entre ela e dois personagens específicos. A experiência seria agradável não fosse o papel cumprido por eles: assassinos que mantem refém uma família que acaba de chegar para uma temporada em sua casa de campo, humilhando-a e agredindo-a, sem uma razão aparente.

Um deles, interpretado pelo grande Arno Fritsch – o mesmo de O Vídeo de Benny (1993) -, é responsável por estabelecer a ponte entre as duas partes. Em um primeiro momento, vira-se para a câmera e dá uma piscadela. Depois, em uma situação de indecisão sobre o que fazer com os reféns, põe-se novamente de frente e pergunta: “O que vocês acham?”. Mais tarde, quando o pedem que acabe com o sofrimento, ele diz: “Mas vocês ainda não querem que o filme acabe, certo?”.

Nem a seqüência de cenas agressivas é tão poderosa quanto essa quebra. Haneke põe o espectador ao lado dos vilões e, assim, este assume parte da culpa pelo sofrimento dos reféns. E em um determinado momento, acontece o inverso: os assassinos assumem o posto de observadores da situação e até se mostram capazes de interferir na história – com o uso de um controle remoto, voltam no tempo e corrigem uma reação de uma das vítimas (tão abstrato que chegamos a recuperar a crença no real e uma ponta de decepção surge no peito).

A ousadia do diretor também aparece de outras formas – como, por exemplo, no longo take de uma das reféns tentando libertar-se das fitas que a prendem. Mas a ruptura, de forma tão apelativa, da linha invisível que historicamente separou a audiência da imagem projetada, é o que sustenta a obra. Sem ela, o enredo se perderia no senso comum. Violência Gratuita é a prova de que Haneke sabe o que faz.

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