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Críticas

Kill Bill - Volume 1

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Uma salada de gêneros orquestrados por um diretor corajoso, que como ele mesmo aponta: "Kill Bill serve pra mostrar o quanto eu sou bom, serviu pra elevar ao máximo meu sentido enquanto diretor". Ao seu gosto, Tarantino cria seu própio universo, utilizando referências a filmes que marcaram sua formação enquanto diretor. Kill Bill acaba usando a "Violência real", sem exageros, em se tratando das referências a que se propõe dialogar. E mais, Tarantino mostra ser um diretor de talento não só em desenvolver sua mitologia, mais de compor toda uma particularidade de técnicas pra essa sua mitologia, sendo seu grande mérito não se perder nesse universo, ao contrário, Tarantino, como uma espécie de divino sob seu panteão mitológico ordena toda a situação com habilidade sobre-humana.

Kill Bill é uma história simples: uma mulher conhecida por "A Noiva" (Umma Thruman) tem futuro marido e amigos brutalmente assassinados no ensaio de seu casamento, ela mesma, fica em coma por longos quatro anos. Acordando, decide se vingar daquele que planejou tudo: Bill (David Carradine). Só que aí, pego uma fala de O-Ren Ishii (Lucy Liu): “Você não achou que ia ser tão fácil não é?". Diante disso, Tarantino vai jogando referências/influências como do filme japonês de 1973 "Lady Snowblood" no qual uma mulher mata a gangue que assassinou sua família; A Noiva Estava de Preto (1968), de François Truffaut; western spaghetti; blaxploitation; filmes de kung fu dos anos 60 e 70; o traje amarelo de Uma Thurman é uma réplica do usado por Bruce Lee, em Brucee Lee no Jogo da Morte; Jornada nas Estrelas, no provérbio: "A vingança é um prato que se come frio", que foi retirado do segundo filme A Ira De Khan (1982); filmes trash, vide a abundância de sangue jorrado (450 galões de sangue falso nos dois filmes) a até aqueles que dizem que a referências a Matrix, Tom & Jerry, Loucademia de Polícia, mas eu acho que são apenas semelhanças, não algo intencional.

O Roteiro foi desenvolvido por ele, Tarantino, e Umma, durante as gravações de Pulp Fiction.

Nessa primeira parte, já que a idéia era que o filme tivesse 4 horas de duração (Tarantino e a Miramax resolveram dividilo em dois - o grande erro do filme) temos bons momentos, boas lutas além de que o roteiro nos encaminha habilmente a esse universo tarantinesco. Passamos a nos contagiar com a história, desejamos a vingança da Noiva.

Nesse sentido, na primeira parte reveza boas atuações de alguns atores, com deslizes de outros. Enquanto Umma Thurmam segura a barra em todos os capítulos, nessa primeira parte temos como destaque negativo a presença de Lucy Liu (Chicago e As Panteras), apática como sempre a nova-iorquina reafirma sua incapacitação em demonstrar um pingo de noção de gestualização pra seu papel. Há também Julie Deyfrus, como membro da gangue de O-Ren Ishii, que serve apenas para compor um papel superficial e até desnecessário, como a sino-italiana Sofie Fatale. Por outro lado, nesse volume 1 o destaque fica por conta de Vivica A. Fox, como Vernita Green, personagem envolvida no massacre do casamento, e que protagonizará uma sangrenta luta com a noiva logo nas primeiras cenas.

No Vol. I, a parte técnica é exigida ao extremo, vemos os ângulos de que Tarantino simpatiza, além de belas tomadas por cima dos personagens; a Edição de Sally Menke (Editor dos filmes de Tarantino, Indicado ao Oscar por Pulp Fiction) é espetacular, precisos cortes nas cenas de luta trazem um ritmo mais frenético a elas. A Fotografia de Robert Richardson (indicado por Platoon, Nascido em 4 de Julho, Neve Sobre os Cedros e vencedor por JFK - A Pergunta que Não Quer Calar e O Aviador) abusa de cores fortes, sendo cheia de brilho na cena de luta em um quintal de casa japonesa.

Trilha sonora fantástica, eclética, utilizando de vários estilos em cenas imprevisíveis, fato que poucos teriam tanta coragem como Tarantino (o impacto de distorção e efeito é semelhante à Kubrick jogar música clássica para os confins do universo).

Enfim, a Mitologia (digo isso por mera referência ao que Tarantino sempre menciona, como sua Mitologia) tarantinesca pode parecer lixo cultural pra uns, você pode realmente não gostar do western spaghety ou não se empolgar com os filmes trash, ou com a pancadaria dos filmes de Kung Fu, mas com Tarantino, essas referências ganham um novo sentido, ousado. Se essas referências são “artes de baixa qualidade” não sei, mas o resultado de Tarantino é bem próximo de uma grande realização artística. Kill Bill teve um orçamento de US$ 55 milhões, os dois filmes, vacilam em certas partes da história que se tornam desinteressantes, isso fica bem presente na segunda parte, mais o brilho do roteiro de Tarantino, aliado à precisão técnica jamais igualada em seus outros filmes faz de Kill Bill - Volume 1 um bom começo.

Críticas

Crepúsculo

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Vi o filme sem ter lido o livro, porém ainda consigo relacioná-lo a outras histórias vampirescas que conheço e por isso vou tentar separar as diversas impressões que o filme me causou.

1º a de espectador sem nenhum conhecimento de mundo:

O filme não foi nada bom, o roteiro é medíocre, tudo parece sem sal, é um romancezinho bonitinho, com personagens e atores bonitinhos, onde nada acontece e o único momento de ação "propriamente dita" que podemos ver é a perseguição do tal vampiro rastreador à humana. Além disso os efeitos especiais não são especiais e parecem que foram tirados de algum seriado de baixo orçamento dos anos 90.

Resumindo, o filme é ruim porque eu não consegui entender a sutileza do filme, não consegui prever que ele terá uma continuação com mais 3 filmes, não tive a capacidade de saber realmente do que se tratava o livro que deu base para o filme, e ainda sim expresso minha opinião de como o filme foi medíocre.

2º a de espectador que não leu o livro, mas ainda sim tem conhecimento de mundo suficiente para relacionar o filme com esse conhecimento e assim dar sua opinião:

Bom, ver o filme sem ter lido o livro é péssimo porque geralmente as adaptações cortam algumas cenas de êxtases e sutilezas que acontecem nos livros e que nos permite entender melhor as personagens e suas motivações, imaginem quais seriam as notas aqui no cineplayers para O Senhor dos Anéis se ninguém da equipe tivesse lido o livro; além dessa dificuldade existe ainda a proeza de avaliar um filme baseado em um livro que é dividido em atos, novamente posso me remeter ao filme O Senhor dos Anéis; tendo isso em mente acho que deixei claro as dificuldades de avaliar esse filme, e vou levar tudo isso em conta na minha critica.

Mesmo sem ter lido o livro dá para perceber claramente que o filme/ livro tem por base uma nova abordagem sobre vampiros que vem sendo adotada recentemente , essa nova abordagem para mim tem uma forte influencia do cenário de RPG World of Darkness principalmente do livro/jogo de RPG Vampiro a máscara e Lobisomem o apocalipse, veja os pontos em comum:

Vampiros se sentem como monstros incapazes de ferir a raça humana à qual um dia eles pertenceram, isso fica claro no filme, e apesar de ter alguns vampiros que fogem a essa regra isso também é previsto no cenário de RPG que eu citei.

Vampiros e lobisomens são raças inimigas, apesar de eu não ter lido o livro dá para perceber de cara que o amigo de Isabella que mora na tal reserva é um lobisomem, e que a rixa entre vampiros e lobisomens invariavelmente vai aparecer nos futuros filmes

Certos poderes vampirescos como: Visão do futuro, Leitura de mentes, só aparecem nesse filmes com essa tal abordagem moderna, e que reforçam mais ainda a influencia do RPG que citei.

Não temer a cruz ou a alho, o temor a essas coisas é muito comum na mitologia vampiresca porém nessa nova abordagem isso é só lenda.

Esses são apenas alguns, dentre muitos, pontos em comum com os livros/jogos de RPG citados.

Levando essa nova abordagem em consideração, os fãs de Stoker não tem nada a reclamar, já que o filme não foi baseado na interpretação da mitologia vampiresca que Stoker fez e sim nessa nova abordagem da mitologia que eu expus, indo mais fundo ainda vemos que o filme não tem problemas estruturais em relação ao enredo já que a autora do livro faz sua própria interpretação da mitologia vampiresca.

E já que podemos avaliar a abordagem dramática do filme como “banal” e “rasa”, também não podemos esquecer que o filme terá mais quatro atos, e que provavelmente se aprofundara ao que se propôs.

Esse filme traz a tona uma das grandes dificuldades que críticos do mundo inteiro têm, a de avaliar um ato de uma trilogia sem levar em consideração a obra completa, e como eu disse no começo da minha avaliação, quais seriam as notas do senhor dos anéis aqui no cineplayers se só levássemos em consideração um de seus atos.

Críticas

Cupido é Moleque Teimoso

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Sempre que lia assuntos relacionados ao cinema e ao gênero comédia e se citavam obras pertencentes a tal, vezes várias me deparava com esse filme de Leo McCarey nomeado. Só o assisti agora (23/12/08), na madrugada, pela TV fechada. Não aprecio muito conhecer um filme através da tela pequena. Contudo, fazia pelo menos uns quinze anos que o pretendia assistir e nunca me deparei com ele em cartaz no circuito alternativo. Estava com tempo, estava sem sono e no dia seguinte estava de folga. Tudo se ajustou e finquei-me no sofá. O filme em si é difícil de comentar. Só o vi uma vez e me deu aquela sensação de que ficou aquém do esperado. Optei por só escrever agora, que o filme já se distanciou do impacto que senti naquela madrugada. Eis algumas das “impressões” causadas:

1 – Trata-se de um tema por demais filmado. Uma comédia sobre a reconciliação, quando a separação já se fazia iminente. Contudo esse déjà vu não deve ser considerado uma fraqueza da obra. Ao contrário, trata-se de entrar em contato com o original. O filme de MacCarey deve ser reconhecido com o primeiro e perfeito iniciador dos códigos e regras que seria copiados e utilizados até o esgotamento por seus seguidores.

2 – O filme se ancora sobre diálogos saborosos e inspirados. Os atores estão soltos e percebe-se que o improviso surgiu várias vezes: explorou-se aquilo que se chama comédia de situação. A graça não decorre somente do inspirado roteiro, nasce também do improviso e surge várias vezes de gestos e olhares próprios do cinema mudo.

3 – Um casal que se ama e se digladia como cão e gato até a reconciliação ou entrega ao sentimento que os afeta é tema recorrente. Poderíamos citar dezenas rapidamente. Cito apenas duas películas: “Aconteceu naquela noite” e “A garota do adeus”. Contudo credito a McCarey nesse filme uma das sequências mais inspiradas que já vi. Quando Jerry reencontra sua mulher numa danceteria, ela está acompanhada de um cavalheiro que ele já avistara (Dan Leeson – um ingênuo recém saído de Oklahoma que deve obediência a mamãe). Ele está acompanhado de uma dançarina com aspirações a cantora. Os casais dividem uma mesa e tanto ele (Jerry) quanto ela (Lucy) ao olharem para os novos parceiros, tem a certeza que nenhum dos dois podem se ombrear ao antigo. Só que dar o braço a torcer está fora de questão, além do que o filme ali se findaria. Assistiremos a um show, onde cada qual vê o novo escolhido se esboroar diante dos olhos satisfeito do outro (Curioso... é o segundo filme que vejo de Ralph Bellamy em sua juventude e o papel se assemelha. Dan Leeson parece-me uma cópia fiel de Bruce Baldwin de “Jejum de amor” (ou vice-versa).

4 – O filme parece crescer de ritmo, a medida em que as gags diminuem. De qualquer forma quase no seu final, surgem duas cenas que marcam visualmente. O casal que ganha uma carona dos policiais, nada mais cômico, não carece de nenhum diálogo que reforce o riso que nasce espontâneo ao assistirmos o ridículo da situação. A outra é que dará término ao filme. Trata-se de variações sobre uma mesma gag. Alguns dirão que tal não funciona mais. Será? Talvez seja longa demais, mas não seria justamente essa sensação de não término que faça com que estampemos um largo sorriso com a tomada final (o relógio)? Não descreverei o que ocorre, a fim de não estragar a surpresa para aquele que se dignar a conhecer a obra.

Décadas após seu surgimento nas telas, o filme ainda mostra um vigor e é ainda uma referência para os novos cineastas. Tal não é pouco e merece nossa admiração. Afinal estamos diante do “original”. E esse original foi bem realizado.

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Hellboy II - O Exército Dourado

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Um bom filme que supera em tudo o seu antecessor.

Eu sou sempre suspeito quando falo de filmes adaptados dos quadrinhos.Na maioria das vezes gosto,pelo menos razoavelmente deles,mesmo que não sejam obras-primas,ou que sejam sempre clichês.E pra este HELLBOY II:THE GOLDEN ARMY,tenho uma boa impressão,pois este supera e muito outros filmes do gênero em quase todos os aspectos.

Sua abertura é fantástica.Resumidamente de uma forma extremamente convincente vemos o Dr.Bloom contar uma história mitológica para seu achado,o ainda jovem menino demônio:Hellboy.Depois de contada a história do livro é quase que essencial para que todo o resto do filme se desenvolva.

Este HELLBOY II nos traz a mesma turma de antes(só que com um único personagem faltando:John Myer,interpretado por Rupert Evans no filme anterior).A história mesmo não sendo um mar de originalidade é simpática e nos convida direto para a trama sem se esforçar muito,como já dito no parágrafo anterior:a abertura é fantástica!Logo depois dessa aberturasinha em um tipo de curta metragem de animação,já somos tragos ao "mau",por assim dizer:O príncipe Nuala.E é justamente por causa dele que boa parte da trama se desenrola,pois ele quer trazer a paz de volta ao seu povo(elfos)que viveram a vida inteira em guerra com os humanos pela posse da "terra" ,e que depois de algum tempo acabaram entrando em desespero e mandaram um velho ferreiro ,que se dispoz a fabricar um exército inteiro de "super soldados",e sendo assim ordenado pelo rei dos elfos,o ferreiro o constrói.Depois disso uma trégua é estabelecida por muito tempo até que o "mau" tenta quebrá-la.

Pode parecer simples,mas por incrível que pareça a história ate que é um pouco complexa em meio a sua filosofia.Mas Guilhermo Del Toro desta vez está mais seguro,e conduz a trama muito bem,ainda tem seus defeitos aqui e aculá,mas o resultado final acaba sendo uma diversão de primeiríssima.

Os atores estão mais à-vontades para se abrir mais e se divertir mais com seus personagens.Detalhe a maquiagem de quase todos leva horas pra ficar pronta,se não ficar feliz com o papel a coisa fica feia.Não tem nenhum destaque em si,pois todos desta vez exerceram uma característica que ainda vinha sendo trabalhada no filme anterior.

O roteiro,como a maioria dos roteiros de adaptações comete muitos furos e erros,mas que desta vez são corrigidos pelos acertos,principalmente se tratando do enredo principal,ou um dos: o amor.E é basicamente nesse tema de pano de fundo em que o filme se baseia.E é com esse tema que temos muita diversão,e a cena mais engraçada de todo o filme.Traduzindo:os erros são superados pelos acertos.Um roteiro irregular,mas que se concerta com o tempo.

A direção está bem mais segura,ainda mais depois de ter varias indicações em seu trabalho anterior:O LABIRINTO DO FAUNO,Guilhermo Del Toro está melhor,mas nem por isso excelente.Cometes muitos erros de narrativa e alguns de condução simples ,mas ele tem um pequeno problema que um outro diretor muito famoso tem:faz filmes bons,só que na maioria das vezes estes são superados por seu aspectos técnicos.

Um desses aspectos técnicos é a fotografia.Simples mais sempre exata nos momentos certos.Em horas escuras está sempre muito boa,e em horas clara muito bem iluminada.Ótima.

Os figurinos estão,não consigo encontrar outra palavra,então vou entrar no clichê mesmo:estão simplesmente divinos,ou se preferir demoníacos.Evoluíram e muito do primeiro filme pra cá.Muita gente pode não perceber ,mas até o sobretudo sempre fiel do Hellboy está mudado e muito melhor do que antes.Uma melhora grande está por conta do figurino de Abe sapiens,A nova roupa,além de deixá-lo mas "estile",também proporciona melhor movimentação ao ator.A conquista dessa área fica por conta das roupas do reino dos Nuala e do mercado de trolls,incríveis roupas são constituídas a partir da excelente maquiagem.

A maquiagem.Que maquiagem, uma das melhores, se não for a melhor que já vi.Aviso já,que acho que ela merece o oscar.Cada detalhe, cada textura, cada cor, cada movimento, nossa, é de arrepiar, ainda mais depois de ver todos os atores sendo colocados "dentro "das maquiagens.Agora pra compor uma das melhores/maiores cenas já vistas no quesito "monstros",ou criaturas bizarras,só a melhor das maquiagens poderia conseguir isso,e ela consegue.O mercado de trols é magnífico,cada "criatura" é criada com um pouco de carinho e sendo assim,muito bem feita.Maravilhosa.Cada personagem está perfeito.

Um filme com ótimos momentos,destaque para as cenas do já citado e famoso mercado de trolls,e a minha preferida ,a cena do monstro de planta,a mais bela cena do filme na minha opinião,é sensato dizer que HELLBOY II :THE GOLDEN ARMY foi sim uma das melhores diversões desse ano.

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Reis da Rua, Os

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Os Reis da Rua não traz um pingo de originalidade ao gênero policial, mas mesmo assim é uma boa experiência, que conseguiu me deixar várias vezes com os olhos grudados na tela, ansioso pelo desenrolar (previsível, é verdade) da história.

O roteiro foi escrito por 3 pessoas: Kurt Wimmer (responsável pelo excelente Equilibrium, mas também pelo péssimo Ultraviolet), Jamie Moss (que nunca ouvi falar) e James Ellroy. Opa, esse é conhecido. Ele contribuiu na criação de filmes como A Dália Negra, A Face Oculta da Lei, e é claro, Los Angeles - Cidade Proibida, uma obra-prima, diga-se de passagem. Eis o problema. Comparar esse Os Reis da Rua com L.A. - Cidade Proibida é de uma injustiça sem tamanho.

David Ayer ficou encarregado da direção e até fez um bom trabalho, principalmente nas cenas de perseguição e de tiroteios, só que ele raramente foge do padrão, realizando um trabalho burocrático na maior parte do tempo.

Bom, vamos ao enredo: Tom Ludlow (Keanu Reeves) é um detetive que passa por algum problema pessoal. Isso fica evidente com a boa sequência inicial, que mostra Tom iniciando o dia vomitando no banheiro e indo até uma loja comprar três pequenas garrafas de vodka. Ele segue uma pista e consegue sozinho solucionar um caso de sequestro envolvendo duas gêmeas. O problema é que ele resolve o sequestro de uma maneira nada usual, indo contra as regras de conduta da polícia e produzindo defuntos em excesso. Seu chefe, o capitão Jack Wander (Forest Whitaker, com uma atuação um tanto exagerada, mas competente ), não economiza esforços para abafar o caso, evitando que Tom receba punições por seus atos.

Ok, ficam evidentes os dois assuntos principais que o filme quer mostrar: O corporativismo de um departamento de polícia, que protege seus membros mesmo quando eles cometem crimes e também a corrupção que faz parte da vida de grande parte dos policiais. São assuntos interessantes, é verdade, mas que já foram trabalhados antes e de maneiras bem mais satisfatórias, como em L.A.- Cidade Proibida que já citei aqui. Pelo menos há um diálogo honesto que retrata muito bem esse clima: "Não importa o que acontece e sim o que está escrito". Quer dizer, se você tiver um bom contato no jornal da sua cidade, você não ficará com a imagem abalada após algum ato falho.

Tom faz parte de toda essa corja, mas o assassinato de um antigo parceiro o faz investigar as coisas de uma maneira mais profunda. Aí está um dos defeitos do filme. Em nenhum momento eu consegui aceitar essa rápida passagem de Tom do lado corrupto para o lado que quer fazer o bem. O bom é que essa investigação é sempre interessante, nos apresentando personagens verdadeiramente perigosos que podem fazer com que o detetive não chegue a uma conclusão. Um dos melhores momentos do filme se dá justamente durante investigação, quando Tom e o seu novo parceiro perseguem um suspeito a pé pelos guetos e becos da cidade, culminando com um fim um tanto peculiar para o suspeito.

O filme perde a força pois permite que o seu final seja adivinhado antecipadamente. Também faltou um pouco mais de desenvolvimento do personagem principal. O motivo das suas constantes bebedeiras é revelado, mas não explicado, o que é uma pena, já que havia potencial melhorar o enredo.

Enfim, Os Reis da Rua é bacana e consegue prender a atenção na maioria do tempo, mas não possui nada de especial que evite que em breve ele seja esquecido.

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Vídeo de Benny, O

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A genialidade que perturba

A crítica social e a análise psicológica são os dois principais pilares de sustentação da obra de Michael Haneke. O primeiro está presente de forma poderosa em filmes como Código Desconhecido (2000) e O Tempo dos Lobos (2003). Já o segundo carrega títulos marcantes como A Professora de Piano (2001) e Caché (2005). Talvez o grande diferencial de uma produção anterior, O Vídeo de Benny (1992), a segunda de sua filmografia, seja a forma inteligente como o diretor soube unir esses dois elementos.

Aqui, narra-se a história de um adolescente (Arno Frisch) que mantém uma relação distante com os pais, interpretados por Angela Winkler e Ulrich Mühe, este em sua primeira parceria com Haneke – mais tarde, faria O Castelo (1997) e Violência Gratuita (1997). O jovem passa a maior parte do tempo sozinho em seu quarto escuro, alimentando o vício em televisão e vídeos, violentos em sua maioria. Em um final de semana em que os pais viajam, Benny leva para casa uma garota (Ingrid Stassner) que acaba de conhecer. Após mostrar a ela suas imagens favoritas, do abate de um porco, acaba matando-a com a mesma pistola de ar comprimido usada contra o animal.

A questão social está evidente. Fica claro que o comportamento agressivo do rapaz é diretamente influenciado pela espetacularização da violência na mídia, e pela negligência dos pais. Porém, ainda que visível, o problema aparece apenas por trás. O que o filme busca, em primeiro plano, é mergulhar fundo na mente de Benny. Por isso, a maior parte dele se dedica a seguir os passos do jovem.

Mais do que as cenas de violência, o que realmente espanta na exploração desse universo confuso é a frieza: no relacionamento da família, na postura de Benny após o assassinato, na reação dos pais quando descobrem o ocorrido, na atitude do garoto no desfecho final. A frieza é o ponto visceral, brilhantemente explorado pelo diretor, e o que faz desta uma produção forte e envolvente como poucas conseguem ser.

É comum se ouvir dizer que os filmes de Haneke são apenas “para quem tem estômago”. O Vídeo de Benny é a prova maior de que a sentença não é exagerada. Mas aqui, o incômodo não toma base em seqüências regadas a sangue ou pancadas e, sim, na inteligente análise crítica de uma personalidade e, acima de tudo, de uma sociedade.

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Violência Gratuita

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Nem mesmo a maior das regras

Que Michael Haneke prefere passar longe dos formatos usuais, todos já sabem. Mas a audácia do cineasta alemão em seu clássico Violência Gratuita (1997) extrapola qualquer limite. Haneke quebra a mais sagrada regra do cinema, e da dramaturgia de maneira geral; o primeiro de todos os conceitos trabalhados em livros especializados e salas de aula é aqui desprezado por ele. O que Haneke faz é nada mais nada menos do que derrubar o chamado “quarto muro”.O termo é utilizado para designar a distância que deve(ria) ser mantida entre o filme e o espectador.

Aqui, Haneke chama sua audiência para dentro da situação retratada na tela. Mais do que isso, apela para uma cumplicidade entre ela e dois personagens específicos. A experiência seria agradável não fosse o papel cumprido por eles: assassinos que mantem refém uma família que acaba de chegar para uma temporada em sua casa de campo, humilhando-a e agredindo-a, sem uma razão aparente.

Um deles, interpretado pelo grande Arno Fritsch – o mesmo de O Vídeo de Benny (1993) -, é responsável por estabelecer a ponte entre as duas partes. Em um primeiro momento, vira-se para a câmera e dá uma piscadela. Depois, em uma situação de indecisão sobre o que fazer com os reféns, põe-se novamente de frente e pergunta: “O que vocês acham?”. Mais tarde, quando o pedem que acabe com o sofrimento, ele diz: “Mas vocês ainda não querem que o filme acabe, certo?”.

Nem a seqüência de cenas agressivas é tão poderosa quanto essa quebra. Haneke põe o espectador ao lado dos vilões e, assim, este assume parte da culpa pelo sofrimento dos reféns. E em um determinado momento, acontece o inverso: os assassinos assumem o posto de observadores da situação e até se mostram capazes de interferir na história – com o uso de um controle remoto, voltam no tempo e corrigem uma reação de uma das vítimas (tão abstrato que chegamos a recuperar a crença no real e uma ponta de decepção surge no peito).

A ousadia do diretor também aparece de outras formas – como, por exemplo, no longo take de uma das reféns tentando libertar-se das fitas que a prendem. Mas a ruptura, de forma tão apelativa, da linha invisível que historicamente separou a audiência da imagem projetada, é o que sustenta a obra. Sem ela, o enredo se perderia no senso comum. Violência Gratuita é a prova de que Haneke sabe o que faz.

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Professora de Piano, A

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O choque e o vazio

Dizer que A Professora de Piano (2001) é um título chocante é pouco. Mais do que isso, o clássico de Michael Haneke enoja, confunde e machuca. Falamos de um filme que não hesita em invadir uma intimidade asquerosa e nos desafia a compreender um comportamento violento e perturbado.

A magnífica Isabelle Huppert aparece aqui como Erika, uma talentosa professora do Conservatório de Viena. Aos 40 anos, vive com a mãe (Annie Girardot) e mantém com ela um relacionamento instável. Secretos são os seus deleites pela automutilação e o voyeurismo. Sua vida é transformada quando conhece Walter (Benoit Magimel), um jovem que tenta conquistá-la a todo custo.

Acusações de pura apelação pela imagem impressionável contra qualquer outro filme de Michael Haneke seriam injustas. É verdade que o diretor alemão sempre foi talentosíssimo ao unir a perturbação com a crítica social e a estrutura inteligente. Isso não se aplica ao filme em questão.

Aqui, a seqüência de episódios indigestos vai nos distanciando da personagem a cada minuto até chegarmos ao ponto de querermos nos livrar daquele universo demente. Quando a história termina, ficamos sem entender a razão. Nada há por trás do retrato intimista provocante – a não ser, um conjunto de excelentes interpretações (não é à toa que o casal protagonista foi premiado em Cannes).

O valor da obra está justamente aí, dirão alguns. Até pode ser. Talvez a intenção tenha sido essa mesma. Mas a pergunta que inevitavelmente fica no ar, quando colocamos este ao lado de outras produções hanekianas, é por que? O fato é que depois do revertério, o que o filme nos deixa é um doloroso vazio.

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Eu, Robô

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Ficções científicas um dia já tiveram inteligência e conteúdo. Basta nos lembrarmos de clássicos como "Metrópolis" (1927) de Fritz Lange "Laranja Mecânica" (1971) de Stanley Kubric. Mas essa época se foi, há muito tempo. Prefiro não comentar "Matrix", que respeito como um marco da década de 90, mas que vejo como um filme de efeitos especiais e uma premissa mal explorada. Quanto a este "Eu, Robô" (2004), muito pouco pode se dizer porque não há muito o que falar.

Personagens ralos, estereotipados e sem personalidade, bons efeitos especiais e uma história mediana mas inundada de clichês. Isso é "Eu, Robô". Se antes ficções científicas futuristas traziam consigo qualquer crítica a sociedade moderna, ou qualquer material para reflexão. É apenas um filme de ação estrelado por Will Smith para atrair multidões aos cinemas. Smith tem um talento dramático, é verdade, o qual ele pode comprovar em filmes como "Ali", "À Procura da Felicidade" e o novo "Sete Vidas", que ainda não estreou. Mas, pelo que parece, o público o recebe melhor em filmes de comédia ou baboseira como "Hitch", "As Aventuras de James West" e "M.I.B.", este último uma ficção científica que, se tem pouco conteúdo, ao menos consegue divertir.

"Eu, Robô" nem isso consegue. É uma bobagem sem precedentes e totalmente previsível, tamanho é o uso de clichês. No futuro, robôs serão usados pelos humanos como auxílio no dia-a-dia. Inteligentes, fortes, racionais e leais. Mas o que não garante que um dia essas supermáquinas se rebelem, numa revolução à la "Exterminador do Futuro"? Simples: são as Três Leis da Robótica, implantadas em seu cérebro artificial através de um chip. Elas garantem que o robô protegerá a vida de um humano acima de sua própria. Graças a isso, esses auxiliares ganham o respeito, admiração e carinho de todos os homens, mulheres, crianças e idosos do mundo.

Mas não de Del Spooner (Smith), um policial que faz tudo do seu jeito, que tem aversão aos robôs e as "modernidades do mundo moderno" graças a um evento traumático, mas ele logo se revelará parecido com a criatura que odeia tanto (será um dejá vu ou simplesmente um personagem extremamente clichê sem conteúdo algum?). Mas que Spooner se segure! Um renomado cientista da empresa fabricante desses robôs, com uma ligação com Del no passado (clichê!) acabou de morrer num caso onde se leva a crer que ele foi assassinado. E o meliante seria Sonny, um protótipo da nova linha de robôs que será lançada em breve, mas que parece conseguir, de alguma forma, driblar as Três Leis, e assim conquistar o mundo, oprimir os seres humanos e coisa e tal. Alguém na empresa está envolvido nisso e, quanto mais Spooner investiga, mais atentados à sua vida acontece. Inovador, não? Acho que não.

Tudo acima descrito foi torturosamente copiado, resultando em um clichê irritante. Claro que ninguém acreditará em Spooner, claro que a trama terá um final bombástico (no pior sentido da palavra) e claro que o detetive terá um par romântico, tão chato e sem personalidade quanto ele (personagem de Bridget Moynahan, que é tão importante que nem lembro de seu nome, está ali só porque é bonitinha). Ainda mais, é claro que Spooner vai se tornar amiguinho de Sonny, o robô. Acredite, não estou entregando nada que importe ou que não seja óbvio logo nos primeiros minutos.

Se a história é ruinzinha, as atuações nem se fala. Com personagens tão ruins, não poderia se esperar alguma coisa disna de Oscar, mas não há nenhum esforço de nenhum lado. O único que convence e que ganha alguma simpatia do publico é, beja só, Sonny, o robô que almeja ter a alma e os sentimento de um humano. Ironicamente, o resto das atuações estão robotizadas, no piloto automático. O título "Eu, Robô" não seria mais apropriado!

Os efeitos especiais, esses sim estão muito bons. As cenas de ação são excelentes e as expressões dos robôs são magníficas. Fora isso, não há nada de bom no filme. Muitos relevam seus inúmeros erros pelo fato deste ser um filme-pipoca. Mas, para mim, seu roteiro ruim e a canastrice gritante nas atuações falam mais alto. Se quer só se divertir, pense em algo com mais qualidade tipo "M.I.B.", ou se quer algo mais sofisticado e inteligente, aposte em "Minority Report", mas é melhor passar longe, bem longe deste aqui.

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Magnólia

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O acaso é mais frequente do que imaginamos, ou ele pode servir para mostrar a interveção de algo divino? Grosso modo, Magnólia parece brincar com as duas possíbilidades. Só um Diretor com imensa capacidade, como o é P. T. Anderson para alçar voô tão alto desses "dilemas" sob conflitos do cotidiano da sociedade moderna (ou pós-moderna, pra quem preferir). Magnólia reafirma aquilo que já é praxe: A virada para o séc. XXI foi o período mais frutíferos em bons filmes da história de Hollywood.

Começando no prólogo, que serve mais como exemplo do narrador do que viria, três narrativas de mortes que envolveram coincidências bizarras, pra lá de tragi-cômicas e que são uma espécie de lendas urbanas, parecem apontar para um sentido de que os acasos no filme parece querer provar um paradoxo: as coincidências apontam uma espécie de predestinação. Sugerindo que por trás dessas coincidências existisse uma "força maior", uma ordem reguladora.

Em seguida, somos levados através de várias histórias onde as situações de seus personagens estão sempre se cruzando. Frank T. J. Mackey (Tom Cruise) é uma espécie de apresentador de programa de orientação sexual para homens em busca de um domínio sobre a mulherada. Frank é filho de Earl Partridge (Jason Robards), um velho produtor de programas de TV, com câncer e à beira da morte, cuidado por seu enfermeiro Phil Parma (Philip Seymour Hoffman). Linda Partridge (Julianne Morre) é a esposa de Earl, ela havia se casado com o coroa apenas pelo dinheiro deste, mas ao vê-lo em seu leito de morte se arrepende do que fez, enchendo-se de culpa por ter traído várias vezes o produtor com outros homens, ela chega a propôr ao advogado que cancele de alguma forma a sua parte da herança. Jimmy Gator (Philip Baker Hall) é um velho apresentador do programa "O que as crianças sabem", onde adualtos competiriam contra crianças. Stanley Spector(Jeremy Blackman) é o menino gênio que está há semanas no programa, sem errar uma, e a duas semanas de bater o recorde estabelecido por Donnie Smith (William H. Macy), que tornou-se um frustado ao crescer. Há ainda também a figura do polícial Jim Curring (John C. Reilly) que ao fazer uma vistoria a mando de vizinhos na casa de Claudia Melora Walters), filha de Jimmy Gator. Isso, o roteiro de Anderson vai trabalhando cada personalidade com extrema perspicácia, através de arrojadíssimos recursos de Montagem, Filmagem, incluondo sempre no decorrer do processo a fantástica Trilha Sonora, que é colocada ao mesmo tempo em que os personagens dialogam, detalhes que não deixam as mais de 3 horas de filme cansativos, recursos que entram em cena no momento necessário. Dizem que para escrever o Roteiro de Magnolia Anderson inspirou-se nas músicas de Aimee Mann, uma cantora amiga sua, para contar esse instigante dia de nove pessoas de Los Angeles.

Um filme cheio de tramas e personagens tão complexos exigiria muito do Diretor, algo que Anderson soube dominar com maestria, sem decepcionar ao conjunto de fãs do Diretor que já tinha demonstrado seu diferencial em 97 com Boogie Nights - Prazer sem Limites. Anderson além dos belos movimentos de câmera e dos abundantes closeups, utiliza muito das longas e complexas tomadas. Destaque-se uam semelhante as de Pulp Fiction, onde ele mantém sua câmera fixa no interior da cozinha de Claudia enquanto esta conversa com o policial Jim na sala, ou na hora em que o diretor acompanha vários personagens enquanto estes caminham pelos corredores da emissora de televisão - um brilhante uso de steadycam.

Dito isso, outro aspecto que eleva o nível de força de Magnolia são as interpretações. Todos estão impecáveis, o que prova que Anderson conseguiu explorar ao máximo a habilidade de seus atores. Diante de tão boas interpretações, o destaque fica mesmo por conta de Tom Cruise, que reafirma seu talento como ator, tanto na situação onde ele aparece como o apresentador machista arrogante, ou quando o vemos como o filho que pensava odiar seu pai. Hoffman faz um papel raso, mas está seguro, Julianne Moore, também está bem, mostrando todo o desespero que estava passando a sua personagem (houve até alguns que disseram que ela está chorando demais), os outros atores cumprem como já dito, com seguranças seus papéis.

Técnicamente a todo um estilo bem arrojado, tanto que esse estilo de Ediçao de cenas vem até ganhando a simpatias de algumas produções mais recentes, como prova o oscarizável Crash - No Limite e Babel.

Nesse sentido, a Trilha Sonora está belíssima, a música Save Me, Escrita e interpretada por Aimee Mann, a mencionada amiga de Anderson, concorreu ao Oscar de Melhor Canção Original.

Todos esses elementos já são componentes de um bom filme, todavia, o que eleva Magnolia ao patamar de Obra-Prima é a poéticidade presente nos últimos 30 minutos, me abstenho de entrar em maiores detalhes, mas cabe adiantar que nas entrelinhas desse filme de Anderson, o diretor mostra o quão gênio é, a cena dos sapos faz um paralelo com passagens do Antigo Testamento, passagens essas, que ajudam demais a explicitar grande parte das angústias dos personagens, é uma espécie de ritual, onde o autor sugere, provoca quem assiste e, ainda mais, Magnolia é um desses filmes em que temos de assistir mais de uma vez para reforçarmos ou entendermos seus significados, veremos que o Diretor foi deixando pistas que contêm toda uma relação com a cena final. Algo incrível, coisa de gênio.

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