Crítica: Branca de Neve e o Caçador (2012) - Sophia Mendonça
Contos de fadas são atemporais por retratarem, com delicadeza, os complexos sentimentos humanos. Desde que Tim Burton lançou o live-action de “Alice no País das Maravilhas” em 2010, essas histórias têm voltado à moda, com resultados muitas vezes bastante proveitosos. É o caso de “Malévola” (o melhor deles), mais puxado para os dramas e as nuances dos personagens; do cômico “Espelho, Espelho Meu” e do remake de “A Bela e a Fera”, que se encontra num meio termo entre esses dois filmes.
A sequência de “Branca de Neve e o Caçador”, intitulada “O Caçador e a Rainha do Gelo”, uniu-se em 2016 a este grupo de adaptações. A boa notícia é que o filme não embaraça seus realizadores, pois se trata de obra ‘certinha’ e bem realizada. A má é o que o longa-metragem carece de força e personalidade, elementos essenciais para transformá-lo num possível novo clássico.
Na trama, após a morte de seu bebê, Freya, irmã da Rainha Ravenna, fica arrasada e passa a odiar todo o amor e felicidade do mundo, se refugiando em seu castelo de gelo. Lá ela começa a treinar um exército para dominar todo o reino, mas não permite que ninguém se ame. Mesmo sabendo disso, Eric e Sara decidem se entregar à paixão, desafiando a ira da Rainha do Gelo.
A produção é visualmente suntuosa. Os cenários e outros elementos são muito bem confeccionados, desde os galhos das florestas até detalhes como os pequenos pássaros que aparecem no filme. Os efeitos visuais são responsáveis por alguns momentos que, isolados, revelam-se passagens deslumbrantes e muito mais interessantes que o próprio filme como um todo. Da mesma forma, a fotografia é eficiente ao transmitir uma mensagem de risco e paixão.
O grande revés de “O Caçador e a Rainha do Gelo” é o que cineasta Cedric Nicolas-Troyan parece excessivamente fascinado com o apuro visual e esquece-se de apresentar maior cuidado na condução da narrativa. Algumas sequencias se alongam demais e, apesar de ter todos os elementos para ser uma história empolgante, a impressão final é a de um filme frio e que fica devendo no sentimento mais importante relatado na história: a paixão.
O elenco, que conta com bons atores como Emily Blunt, Jessica Chastain, Chris Hemsworth e Charlize Theron, não precisa fazer muito esforço para imprimir presença e carisma na tela. Contudo, eles pecam na hora de conferir maior densidade aos dramas de seus personagens e parecem ligados no piloto automático. Além disso, a presença dos anões como alívio cômico não é eficaz.
Infelizmente, “O Caçador e a Rainha do Gelo” é um filme belo, mas vazio.
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