Nas palavras de Rodrigo Cunha: “Lógico que Scott não é Kubrick e muito menos Tarkovsky”.
Quanto ao filme muito tem se falado das questões filosóficas do mesmo. Mas infelizmente e como bem falaram este tema “deveria” ser o mote do filme, mas cai no descaso do roteiro em exploram este e tantos outros pontos. Ao final o que parece é que vemos uma quantidade imensa de informação mal explorada ou mal concebida.
Os personagens são bem pensados, quem não imaginaria em uma exploração a uma lua habitável ver antropólogos, geólogos e biólogos (estes últimos essenciais quando falamos de vida fora da Terra). De longe o personagem de Michael Fassbender é o mais importante e denso do filme e o personagem Elizabeth Shaw de Naomi Rapace (muito bem interpretada) funciona até determinado momento. Ela infelizmente não é Ripley e a disparidade de ações dela e dos outros personagens vai deteriorando a credibilidade do filme. Um exemplo disso é não sabemos qual sua profissão, se hora ela concorda em retirar as mascaras de ar (em um mundo desconhecido) e depois ela é referida como uma pessoa que só de olhar sabe diagnosticar uma infecção. Hora, se uma pessoa “sabe” isto como não falou nada quando retiraram as máscaras? Como ela sabia que não haveria nada contaminável?
– Outro exemplo é o geólogo do filme, que hora sabia perfeitamente a posição em que se encontrava hora se perde no meio dos túneis. Nenhum espeleólogo que se preze se perderia dessa maneira tendo a tecnologia disponível. Outro exemplo é a falta de atitude do biólogo frente a descoberta de um corpo alienígena – ele prefere ir embora? Como assim? Por medo? Acho que a próxima cena dele diz tudo.
Com relação à fotografia, trilha sonora, maquiagem e efeitos visuais nada pode ser dito contra, tudo está perfeito! O clima, a ambientação, as cores tudo está impecável. E isso é um dos melhores pontos do filme.
Mas retornando as “facilidades” e recursos visuais pífios:
- Durante a cena de pouso, eles aparentemente entram na atmosfera sem saber o relevo da lua, mas aleatoriamente pousam próximo ao local onde irão realizar as pesquisa. Em toda a lua, eles ao acaso pousaram justamente no local onde encontraram o que procuram? E eles não sabem nem o relevo do planeta.
- O tema do filme gira fortemente na questão prima de nossas vidas: porque estamos aqui? Se fomos criados? A despeito de ignorar (como citado pelo biólogo) todo o darwinismo a menção de que nossa espécie pode não ser “natural” é jogada de supetão no início do filme, mas isso não explica vida no universo, já que humanos não são a única espécie deste planeta (Terra). Questões religiosas são ótimas neste tipo de enredo: mas aparentemente Scott podou o desenvolvimento deste tema no filme. Recebemos na cara a ideia de que Shaw é católica, isso é marcado em 3 cenas no filme, todas simplesmente jogadas em nossa cara.
- A dinâmica das cenas é acelerada, no segundo ato, temos acontecimentos importantes ocorrendo um após o outro sem que a devida atenção seja dada a eles. A parte mais importante do filme é a cena da operação. É o ponto alto do filme, porém a “cama” costura o abdômen de Naomi, mas e o útero?
- O mais grosseiro erro de lógica é a corrida para salvação de Naomi e Theron: por que ambas não correram para o lado? Theron morre de forme pífia e deselegante, um desserviço para sua luta por sobrevivência acompanhados desde antes.
Quanto a questões biológicas, elas não podem ser deixadas de lado, em um filme de ficção científica, como Isaac Asimov mostrou em suas obras, a ciência deve manter uma certa instância. Mas o que vemos em tela é um festival de incongruências científicas básicas:
- Temos a revelação de que humanos e os engenheiros são a mesma espécie e que possuem 100 % do DNA compatível com o nosso. Isto faz com que chimpanzés que tem 98% de similaridade sejam o que? Criados por eles também ou o que? Isso faz a vida na Terra o que? Foi criada também?
- O filme trata de organismos não-humanoides, tais como vermes e infecções. Mas se esquecem de toda a microbiota que pode existir em um planeta destes. Não há preocupação alguma quanto à invasão de parasitas. Coisa que em todos os Aliens pelo menos o risco disso impedia esse desleixo.
- Se o Alien muda e altera-se conforme o hospedeiro, e se em humanos ele tem o formato clássico, e os engenheiros são “iguais” a humanos porque o pseudo-alien do filme é diferente dos originais, incluindo o ciclo?
É interessante que nós humanos olhamos apenas para nosso umbigo, gostamos desta idéia. Mas e eles foram criados por quem? Se fosse um filme com questões físicas universais teríamos uma espécie alienígena que costura o universo? Aposto que nenhum crítico daria liberdade científica para isto. Até porque quem fez a espécie alienígena?
Tem uma hora no filme que o par de Noomi fala se os "engenheiros" criaram a vida na Terra, quem os criou?