Quando eu vi Dizem por aí... pela primeira vez, um ano atrás, me diverti muito, mesmo não tendo visto a obra que tinha inspirado o roteiro. Assim, assisti A Primeira noite de um Homem algumas semanas atrás e fiquei interessado em rever a comédia romântica clichê estrelada por Jennifer Aniston, pois poderia pegar todas as referências do filme de 1967. É uma pena que eu tenha tomado essa decisão. Apesar de Dizem por aí... ter um roteiro razoável, que tenta desenvolver bem sua excelente premissa e conta com um elenco dos mais eficientes possíveis, o filme insiste em destruir a memória que você tem do clássico dirigido por Mike Nichols, inventando situações que não existiam no longa original apenas para agradar um público maior, e é frustrante ver que até nisso o filme peca.
Sarah está num constante conflito psicológico com seu futuro: Mesmo estando noiva ela ainda acha que falta um ingrediente essencial em sua vida, e por isso, nunca esteve tão incerta sobre o que acontecerá á seguir. A surpresa vem durante o casamento de sua irmã mais nova, onda a moça descobre que uma antiga história de sua família de origem ao livro que inspirou A Primeira noite de um Homem. Fazendo as contas e seguindo uma lógica, Sarah percebe que Beau Burroughs (ou Benjamin Braddock) pode ser seu pai.
Trata-se de uma das ideias mais originais e criativas que eu me lembro realizada para uma comédia romântica, e por isso, você não pode esperar nem metade da profundidade vista na produção estrelada por Dustin Hoffman. Aqui a trama é relativamente simples, e continua desta forma até seus segundos finais, sem boas surpresas. Muito pelo contrário, todos os clichês do gênero estão presentes, desde a avó tarada e a briga com o noivo no início do terceiro ato. O frustrante mesmo, como já comentei, é ver que Dizem por aí... se sustenta muito mais como um filme independente, já que é uma experiência mais agradável para quem não viu A Primeira noite de um Homem. O que pode ser considerado um defeito e tanto, se levarmos em conta que o filme não tem nenhuma cena, ou nenhum elemento que o diferencie das tantas outras histórias românticas açucaradas que vemos toda semana.
O fato é que se você gosta de A Primeira noite de um Homem certamente se sentirá incomodado ao ver esta produção, principalmente, por ele destruir a ideia central tão interessante que vimos anteriormente. Aqui, Benjamin é o culpado de tudo, ele não é mais (nem nunca foi) um garoto indeciso e confuso, de acordo com o roteiro escrito por Ted Griffin, ele sempre foi um garanhão aproveitador estereotipado. E com isso, Kevin Costner acaba saindo prejudicado causando uma certa dose de antipatia, não por conta de sua personalidade – que até é interessante -, mas sim, pela mudança drástica que ocorreu nela. Outra mudança que também não é boa é a centralização da mãe da protagonista – mais conhecida como Elaine –, já que isso acaba formando uma série de inquietações estranhas já que Elaine era uma simples coadjuvante.
Por outro lado, Shirley MacLaine está excelente como Katharine, captando a acidez e ironia que fazia de Sra. Robinson uma personagem tão única. Porém, Jennifer Aniston repete a mesma personalidade e timing de Rachel (de FRIENDS), criando uma protagonista desinteressante mesmo que divertida e sua química desajustada com Mark Ruffalo não a ajuda nenhum pouco. Assim, Dizem por aí... falha no mais simples: Em fazer referências ao filme de 67. A fotografia é comum, a direção é extremamente falha (algo surpreendente se formos olhar o currículo de Rob Reiner), a trilha sonora é exageradamente ruim, falhando em quase todos os momentos (com exceção da cena em que ouvimos ‘Mrs. Robinson’).
Utilizando o artifício de ‘nem tudo que foi para o filme é verdadeiro’ para esconder os furos entre os dois filmes, Dizem por aí... é uma simples comédia romântica que tinha um potencial gigantesco, mas que foi desperdiçado por um roteiro falho, porém bem desenvolvido e moderadamente agradável. É bom? É! Mas poderia ser muito (M-U-I-T-O) melhor.
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