Já estou apaixonada nas obras de Naomi Kawase, depois do "Sabor da Vida", quero maratonar todos, pena não ter disponíveis, mantém se aqui o ar dramático, entretanto não é tão envolvente e cativante, ficou mais escuro e frio, mas a sensibilidade dela para temas complexos e sua retratação de forma convincente e necessária são magníficas, uma grande cineasta (direção e roteiro), rodeadas de ótimos profissionais, atores, produção, locações, lindo…
Kawase abandonou há algum tempo seu cinema pessoal e sua tentativa de buscar entender o espírito por trás de tudo que rodeia o homem, porém aqui ela trabalha com uma metelinguagem simples porém eficaz. O cinema como a fábrica da imaginação.
Cenas como a do pôr do sol na montanha, ressaltando então a temperatura das cores, as cores das temperaturas e do intocável. Filme sobre nosso lugar no mundo, leve como o vento e que por pouco não se torna grande como sua cineasta tentou fazê-lo ser.
A relação entre os dois protagonistas soa forçada, entremeando episódios de suas vidas que espelham uma variante sensível e bela da emoção através da linguagem, em todas as suas formas.
Kawase novamente se debruça sobre a efemeridade da vida, desta vez, dialogando com o poder da imagem, do som e da luz, os elementos basilares do cinema, que ela destrincha e reverencia, com os mais belos close-ups dos últimos tempos. Misaki encantadora.
Kawase mexe delicadamente com olhos e ouvidos - a vocação do cinema, afinal - e oferece passagens de genuína beleza, não simplesmente pela fotografia de tons solares, mas pelo que está subscrito aos gestos e olhares de seus protagonistas.
É um tema importante, trabalhado com muito cuidado por Kawase, mas que por vezes acaba caindo em diálogos fracos e passagens pouco inspiradas. Nem mesmo as belas composições visuais da diretora conseguem resgatar um roteiro tão deficiente.