Lupas (1683)
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Casablanca por Kafka, Wenders com Dostoiévski, Camus, dá pra notar elementos de tudo isso aí mesmo. Ótimo filme de 2018. A narrativa, além da trama engenhosa, ganha tons dessa literatura "marginal" com o bem sacado uso do narrador. Joaquim Phoenix francês na moda do cinema político contra o fascismo, belíssima fotografia, mas o destaque mesmo é a narrativa. Aliás, incrível como é parecida a arquitetura do centro de SP com essa cidade francesa, como do RJ, etc, nossos "centros velhos" se inspirar
Josiel Oliveira | Em 09 de Julho de 2021. -
Makavejev esculhamba o que se tornou a militância, o ideário de esquerda, comunista ou anarquista, nessa alegoria onde Marx chora ao final. A frase "Vamos pensar nessas coisas sempre, e jamais falar delas", citada, foi virada do avesso, hoje reina o açúcar, os militantes mostrados como bebês, e primitivos (aqui, por exemplo, há espaço uma interpretação positiva, a libertação sexual), e o fetichismo do capitalismo incorporou tudo. Não chega a ser só depreciativo, é dúbio, mas tira um bom sarro.
Josiel Oliveira | Em 22 de Junho de 2021. -
1o Akerman q vejo. Gostei... na medida do possível. Não é um filme nada fácil, longuíssimos planos mortos, longuíssimos períodos de silêncio, mas uma chatice argumentalmente justificada, onde tudo contribui pra catarse orgástica final. O final realmente é a grande força do filme, impressionante o grau de abertura íntima numa linda cena de sexo protagonizada p/diretora. O papo c/o caminhoneiro tb merece destaque, trazendo a sexualidade e fazendo uma crítica foda no conceito de família "normal".
Josiel Oliveira | Em 15 de Junho de 2021. -
Tenho o livro mas nunca li. O livro, mto premiado, deve ser + interessante, c/o narrador desbocado e + rico de reflexões sobre a sociedade indiana. Essa adaptação parece ok, a história em si já é interessante, c/seus momentos de tensão, aquele padrão Netflix de qualidade, A.Gourav vai mto bem em dar vida a Balram, e imagino q tenha sido competente em dar uma ideia das críticas, tanto da modelo tradicional de castas, quanto da "nova democracia", q o autor faz. Só achei q faltou dar + ritmo.
Josiel Oliveira | Em 07 de Junho de 2021. -
Puta filme político! Daqueles q aprofundam e nos fazem refletir sobre conjunturas nossas atuais, como a CPI da COVID. Não é só sobre especulação mobiliária, mas principalmente sobre articulações políticas nos bastidores do poder. E Rosi não trata a questão de forma maniqueísta ou panfletária, o próprio Nottola é uma figura simpática e q pode ser convincente em seus argumentos. Ao tratar de uma questão de sua cidade, fruto de notória pesquisa, Rosi constrói um argumento da política universal.
Josiel Oliveira | Em 05 de Junho de 2021. -
Qual o seu filme definitivo sobre velhice, Morangos Silvestres? Q me perdoe a frieza nórdica requintada de Bergman, mas eu fico c/ Chuvas de Verão. Ainda tem Pereio sensacional, c/a sua melhor parceira, a tb sensacional G.Freire, c/a qual protagoniza a sensacional sequência do discurso do brinde, além do velho palhaço e tantos personagens. Além de engraçado, mega brasileiro, trilha do Paulinho da Viola, é uma linda reflexão sobre o fim da vida, breve como uma chuva de verão.
Josiel Oliveira | Em 05 de Junho de 2021. -
É claro que é um exploitation concebido para chocar pelas cenas de tortura (famoso pela "sacada" de marketing que entregava um saco de vômito nos cinemas), e faz isso mto bem, as cenas são fortes, belas mulheres nuas e tal. Mas mesmo assim é um filme q trata com certa seriedade, e até com algum aprofundamento, a questão da inquisição, do abuso de poder, da sexualidade reprimida e como a sociedade via isso. "As fogueiras pelo menos são melhores que os sermões chatos", diz um cidadão.
Josiel Oliveira | Em 24 de Maio de 2021. -
O tema é super importante, super atual, e o filme explora bem a beleza e as dificuldades dessa opção de vida, bem como o contexto social e o drama dos idosos abandonados pelo Estado. Um filme com alto grau de naturalismo e bem pegada "flow of life" (q eu não sou tão chegado), e a estética às vezes me lembrou de vídeo de auto-ajuda do Whatsapp, tipo Filtro Solar, mas é de fato um filme bem relevante. E Frances McDormand, mesmo num papel mais retido, rouba a cena pra variar.
Josiel Oliveira | Em 24 de Maio de 2021. -
Um filme interessante ao tratar da reconstrução da vida de uma viúva, os preconceitos da sociedade, as fofocas, embora convenhamos, acho que isso já não era mais nenhum grande tabú na época. Barbara Stanwyck está em casa nesse tipo de papel que é a sua cara. Não ela considera seu filme favorito em que atuou, tanto que quando foi fazer 40 Guns, com Samuel Fuller, colocou o mesmo nome, Jessica Drummond, em seu personagem. É interessante e tal, mas o conservadorismo vence no final.
Josiel Oliveira | Em 11 de Maio de 2021. -
Visualmente um dos mais belos westerns de John Ford, o azul do uniforme e a yellow ribbon c/ as terras alaranjadas dos canyons americanos formam lindas imagens. Mas ao mesmo tempo é um dos mais direitistas de Ford, a fetichização do militarismo, o heroísmo dos "bandeirantes" do velho oeste, as canções, os valores conservadores, c/a figura de um John Wayne de cabelos brancos, e sempre c/a figura do cachaceiro pra coisa ficar simpática. "Não se desculpe, é sinal de fraqueza."
Josiel Oliveira | Em 11 de Maio de 2021. -
Começa como um filme maravilhoso. Levemente inspirado em fatos reais (embora o trem na real não tenha saído), filme de luta política classudo, choque de classe, o valor da arte em meio à luta, a trilha de Maurice Jarre, e Michel Simon gigante como o operário operador do trem. Depois q começa realmente a operação o filme muda e caminha p/cinema de gênero, onde perde um pouco a pegada (mas ainda é bom), Frankenheimer é um bom diretor de ação e tensão, e principalmente tem uma elegância muito rara.
Josiel Oliveira | Em 06 de Maio de 2021. -
Linda fábula de De Sica c/fortes raízes no Neorrealismo. A miséria do pós-Guerra vista pelos olhos inocentes e angelicais de Totò, o menino que "nasceu da horta", c/um forte humanismo e coadjuvantes autênticos e carismáticos carregados de alma "veramente" italiana. Uma obra que alterna de lindas metáforas, como o velhinho vendedor de balão q quase sai voando por falta de comida, a cenas engraçadíssimas, como o gago q não consegue terminar a propaganda do chocolate. Lazzaro Fellice mandou um abs.
Josiel Oliveira | Em 06 de Maio de 2021.