Lupas (39)

Um filme que apenas apequena a ameaça. Um projeto de uma estupidez incomensurável a fomentar pela inocuidade, o ressurgir dessa praga.

Grande surpresa! Mais uma obra prima p/coroar 2019 (s/nenhum exagero). Faltava uma obra como essa nesse ano, que satiriza o nazismo de forma a escancarar como é ridículo ser nazista. Essa mensagem é poderosíssima aqui, potencializada pela comédia ridicularizante e pelo olhar da inocência e da pureza de uma criança. Waitiki além de uma grande direção (meio Wes Anderson é vdd, mas mto melhor), entrega uma performance de peso, e mostra um grande carisma c/potencial popular e conteúdo de qualidade.

A comédia nem sempre funciona, e a transição de comédia pra drama na maioria das vezes não é boa. Roman Griffin Davis e Thomasin McKenzie estão ótimos. Scarlett Johansson por mais que na minha opinião não merecia a indicação, está bem. Roteiro e direção não chegam a ser ruins, mas poderiam ter sido melhores. Tecnicamente é bom, mas não há nada que se destaque. Jojo Rabbit é um bom filme, mas poderia ter sido bem melhor.

Um filme só tem a crescer com o tempo. Possui muitas camadas bem construídas e não tem medo de tocar em temas espinhosos ("beleza e terror", diria Rilke).

Não tão inofensivo quanto parece, esse tipo de cinema caminha entre o primoroso e o óbvio, numa deliciosa investida num sub-gênero da comédia que se não levado tão a sério funciona muito bem. Remete as obras do Wes Anderson, e só por isso já vale a conferida.

Gostei bastante do clima de sátira, da inocência das crianças e da desenvoltura do elenco inteiro. O roteiro mesmo sendo adaptado é um dos mais criativos do ano. Me incomodou apenas algumas cenas de humor muito pastelão e as vezes fora de tom.

Saindo da zona de conforto em momentos pontuais, é uma comédia inocente de humor bobinho cheia de carisma, reservando vários momentos para gags físicas e algumas piadas com subtexto bem sacado. A carga dramática é muito bem vinda e o elenco a vontade eleva a mensagem de busca de compaixão e esperança no horror e alienação.

"A primeira vítima da guerra é a inocência" Hiram Johnson.

O exagero presente em expor aquela velha ideologia nazista é o seu ponto de destaque! Waititi não só entrega uma direção assertórica trabalhando com os elementos terríveis da guerra transformados aqui em situações de humor, como também ajuda na pele de um caricato (e até carismático) Adolf a desconstruir essa ideia da mente do seu pequeno (e imaginário) amigo coelho. Afinal... ele é só uma garoto que teria adoração por suástica, como sugere sua musa e amiga judia. Bem autêntico!

Waititi obtém sucesso na sua proposta de contrastes, do humor ao drama, da generosidade a tragédia, da maldição da guerra a descoberta do amor. É exagerado em alguns momentos (demonstrando uma bondade pouco crível nos nazistas), mas diverte o suficiente pra manter o filme em um nível muito bom até o final.

De inicio achei de mal gosto, depois ficou de bom gosto. Me fazer ficar em dúvida sobre minha impressão foi a melhor coisa do filme.

Não chega a ser tão engraçado quanto se pretende (Wilderpeople bota no chinelo nesse quesito), mas não deixa de ser impressionante o tom preciso que Waititi encontra aqui, mesclando o humor com o peso dos temas que retrata, de cujo horror e tragédia ele não escapa.

É muito mais que moderno e importante, é permanente. Uma comédia que é para crianças também, sempre delicada; imaginativa; engraçada; mesmo sem nunca deixar de lado toda a importância do que pretende falar e chega muito além. Nos seus melhores momentos, que não são poucos, transcende cinema como obra, nos faz ter a noção mais bela de empatia e faz lembrar porque estamos aqui. Mesmo com toda a beleza e terror sempre podemos achar algum espaço para dançar. Melhor comédia dos últimos anos...

Ao optar por uma abordagem engraçada e colorida de um tema tão sombrio, Taika Waititi reconfigura pontos de vista e papéis sociais sem nunca deixar o horror desaparecer de vista. Consegue-se, assim, equilibrar caricatura, sarcasmo, beleza e denúncia, reconfigurando a dinâmica de controle do pensamento totalitário e como ele se infiltra de forma profunda e incisiva na cabeça de seus adeptos. Os momentos finais são muito comoventes e Scarlett Johansson está, mais uma vez, encantadora.

Quando assistirem, imaginem que ao invés dos uniformes nazistas, estão vestindo camisas da CBF. rs "Raça superior, hein? Nós fomos escolhidos por Deus, vocês foram escolhidos por um homenzinho patético"!

Realmente um pecado, uma vez que se baseia num humor que beira a estupidez, a tolice e a gratuidade durante toda a primeira metade e algumas partes de seu final. Não fosse esse tom de humor Zorra Total/Pastelão dos anos 80 poderia ser um bom filme uma vez que a estética muito apropriada do trabalho de Wes Anderson é agradável, os personagens são cativantes e a trama comovente.

Um filme extremamente simpático, que toma a visão de uma criança para uma leitura bastante descontraída de uma época profundamente cruel. Os personagens são completamente adoráveis, trazendo um frescor que acaba rendendo todo um pequeno encanto ao filme.

Com uma atuação muito carismática de RGD(Jojo), já vemos o conto se erguendo muito bem com o apoio de uma apaixonante Scarlett Johansson(Rosie), passando por um previsível mas bonitinho núcleo de Jojo com o Capitão(Sam Rockwell). Além de Rebel Wilson, Taika Waititi é a parte fraca do longa sendo Hitler, embora tenha sua importância para podermos entender a mente de Jojo. Elsa(McKenzie) tem um comportamento perspicaz com Jojo que agrega belos momentos. Belíssima fábula, que surpresa de Waititi.

Um filme muito engraçado e que não cai no mau gosto em nenhum momento pois ele distancia os nazistas do filme de qualquer semelhança com os nazistas reais. Os nazistas de Jojo Rabbit, além de exagerados, escandalosos e afetados, são obcecados com a guerra e acreditam que os judeus são seres demoníacos. Ressaltando esses absurdos, Jojo Rabbit faz a gente rir. E podemos rir com gosto sem ser culturalmente insensível ou politicamente incorreto. Filmaço!